31 Mai 2022
Promoções inesperadas, exclusões direcionadas, superação do limite do quórum de cento e vinte não acima dos oitenta anos com direito a entrar no conclave. Essa poderia ser a fotografia do próximo consistório anunciado ontem, no qual o Papa Francisco elevará à púrpura dezesseis "votantes" e cinco acima dos oitenta anos.
A reportagem é de Luigi Sandri, publicada por L'Adige, 30-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
As normas estabelecidas por Paulo VI, e substancialmente confirmadas por seus sucessores, estabelecem, de fato, que o "plenário" dos cardeais votantes no conclave é de cento e vinte, e que aos oitenta anos um cardeal não entra mais na Capela Sistina para escolher o bispo de Roma. Os novos dezesseis "eleitores" vêm da Itália (2), Brasil (2), Índia (2), França, Estados Unidos, Gana, Nigéria, Paraguai, Cingapura, Coréia do Sul, Inglaterra, Timor Leste e Espanha.
As "novidades" para a Itália são duas: a púrpura para o bispo de Ulan Baator, na Mongólia, que, no entanto, é italiano; e ao bispo de Como, Oscar Cantoni. Essa promoção, enquanto é ignorado o arcebispo de Milão, Mario Delpini, torna estridente a ausência do arcebispo ambrosiano no pequeno círculo dos que elegem o sumo pontífice.
Para a França, o arcebispo de Marselha recebe a púrpura, excluindo, no entanto aquele de Reims, Eric de Moulins-Beaufort, o presidente da conferência episcopal que ousou confiar a uma comissão independente a apuração de casos de pedofilia do clero em seu país nos últimos 70 anos (uma escolha que a Conferência Episcopal Italiana teve todo o cuidado de não adotar).
Há também uma surpresa para os Estados Unidos da América: de fato, o presidente da Conferência Episcopal, José Gomez, não foi "premiado", talvez porque em Roma ele não seja considerado em total sintonia com Bergoglio; o novo cardeal estadunidense será o arcebispo de San Diego, Walter McElroi.
Mas, fora os candidatos escolhidos ou excluídos, o aspecto mais interessante do novo consistório - que será realizado no final de agosto durante uma plenária de todos os cardeais, votantes e não votantes (mais de 200 pessoas) para refletirem juntos sobre a reforma da Cúria Romana, aprontada há dois meses pelo pontífice - é o fato de o papa ter ultrapassado decididamente o limiar de 120 eleitores.
Por trás desta decisão está um debate em curso na Cúria Romana sobre a manutenção ou não do quórum de 120 eleitores. De muitos quadrantes pede-se que seja aumentado para 150, a fim de favorecer a entrada de representantes de diferentes nações no conclave. Outros, no entanto, acreditam que o limite atual seja suficiente.
Francisco "mediou" definindo os cardeais votantes em 133 (até hoje eram 117), ou seja, com menos de 80 anos.
Com as novas nomeações, é claro, foram reviradas todas as previsões que eram feitas, no âmbito eclesial e também no laico, até sábado, tendo em vista o conclave - quando for - para a eleição do sucessor de Jorge Mario Bergoglio.
No entanto, o fortalecimento, de parte de Francisco, de prelados africanos e asiáticos no "sagrado colégio" abre novas hipóteses sobre o futuro do papado e da Igreja Católica Romana.
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Novo consistório em vista do conclave - Instituto Humanitas Unisinos - IHU