30 Mai 2022
No dia 9 de maio, o patriarcado de Constantinopla abre a comunhão com a Igreja Ortodoxa da Macedônia do Norte. Em 16 de maio, o Sínodo da Igreja Ortodoxa Sérvia anuncia a solução para o cisma que colocou Belgrado contra Skopje e o Patriarca Porfírio da Sérvia acolhe calorosamente o metropolita macedônio Estevão. No dia 24 de maio os dois hierarcas concelebraram juntos na catedral de Skopje.
A reportagem é de Lorenzo Prezzi, publicada por Settimana News, 27-05-2022. A tradução é de Luisa Rabolini.
Aqui é anunciada a concessão de autocefalia à Igreja da Macedônia do Norte. Porfírio liricamente convida a assembleia litúrgica a se alegrar: “Nós nos alegramos no Senhor porque um milagre está acontecendo diante de nossos olhos, e nós somos uma parte indigna, mas partícipe. O Senhor nos permitiu consertar o que foi separado em 1967”.
E acrescentou: “Vou transmitir a vocês uma boa notícia. A Igreja Ortodoxa Sérvia respondeu unanimemente aos pedidos da Igreja Ortodoxa Macedônia, arquidiocese de Ohrid. A assembleia dos bispos da nossa Igreja abençoa, aprova, aceita e reconhece a autocefalia. Ao mesmo tempo, a assembleia dos bispos encarregou o Santo Sínodo e o Patriarca, juntamente com o arcebispo Estevão e seu sínodo, de elaborar todos os detalhes técnicos e organizacionais."
"Após esse trabalho acontecerá a proclamação solene por meio de um ato oficial. Posteriormente, de acordo com a ordem canônica, todas as Igrejas Ortodoxas locais serão informadas, pedindo-lhes que reconheçam o status autocéfalo da Igreja Ortodoxa Macedônia, arquidiocese de Ohrid. Estamos certos de que todas as Igrejas Ortodoxas acolherão a mensagem com alegria, regozijando-se para que o Senhor possa crescer com e na sua Igreja."
O arcebispo Estevão acrescentou: "Tomado por sentimentos sublimes, neste evento solene reconheço a beleza da Igreja e compreendo profundamente as palavras do apóstolo aos gentios, que tem a inspiração de dizer que Cristo é a cabeça do corpo, isto é, da Igreja, e nós somos membros do seu corpo”. Relendo o milagre do enfermo no tanque de Betesda e identificando com ele sua Igreja, ele afirma ter esperado não 38, mas 55 anos sem encontrar ninguém que o imergisse nas águas até hoje. O pedido de autocefalia, formulado algumas décadas antes do cisma, "não visava e não visa nos separar do corpo de Cristo, mas permitir-nos, como para as outras nações ortodoxas, desempenhar livremente nossa missão entre nosso povo, aqui em nossa pátria e no mundo, onde quer que estejam os nossos fiéis.”
Enquanto Porfírio se cala sobre o papel de Constantinopla, Estêvão reconhece a iniciativa materna de Bartolomeu e anuncia a celebração com ele do Pentecostes no qual aguarda a confirmação da autocefalia.
A relação entre Belgrado e Constantinopla não conhece as arestas presentes entre Moscou e o Fanar, mas ainda assim comporta algumas divergências. Como a pretensão de Bartolomeu de ter a última palavra para o reconhecimento da autocefalia.
Mas poderia surgir um novo conflito, aquele com a Igreja Ortodoxa Grega, que não compartilha a qualificação de Igreja "macedônia". Bartolomeu, de fato, pede que a Igreja seja qualificada como Igreja da Macedônia do Norte, arquidiocese de Ohrid, não Igreja "macedônia". Um jogo nacional é jogado em relação à denominação. A área da antiga Macedônia se estende em uma parte da Grécia que pretendeu do país vizinho a denominação oficial da Macedônia do Norte e não de Macedônia.
O metropolita Macário da área macedônia na Grécia já alertou os macedônios para não reabrir as reivindicações irredentistas e não envolver a população grega de origem macedônia. Na opinião dos gregos, a nova Igreja deverá utilizar o título de arquidiocese de Ohrid. Um título que, por sua vez, preocupa uma parte da Igreja búlgara: alguns de seus territórios se reportavam à antiga sede de Ohrid.
No complexo tabuleiro de xadrez dos Balcãs do Sul, a solução positiva do cisma necessitará de algum tempo para acertar seus resultados.
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Macedônia do Norte: autocefalia para a Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU