01 Dezembro 2021
"Tópicos como a onipotência divina, a existência do mal, a compreensão de Deus em outras religiões, o Jesus apresentado pelos evangelistas, a relação entre humano e divino presentes em Jesus Cristo, sua morte e ressurreição, além de aspectos mais significativos da teologia sobre o Espírito Santo, são explicados, aprofundados e ensinados de uma maneira clara e simples, numa perspectiva bíblica, dogmática, pastoral, ecumênica e ecológica", escreve Eliseu Wisniewski, presbítero da Congregação da Missão (padres vicentinos) Província do Sul e mestre em Teologia pela Pontifícia Universidade Católica do Paraná (PUC-PR), ao comentar o livro Creio na Trindade: a fé trinitária explicada aos catequistas, de João Batista Libânio (São Paulo: Paulus, 2021, 160 p. ISBN 9786555621747) Coleção Teologia para catequistas].
Foto: Divulgação
Creio na Trindade: a fé trinitária explicada aos catequistas (Paulus, 2021, 160 p.), é um subsídio de formação teológico-pastoral voltado para a formação dos catequistas. Foi escrito por um dos maiores e mais referenciados autores de teologia na América Latina: João Batista Libânio. O teólogo, falecido em janeiro de 2014, foi testemunha ocular do Vaticano II (1962-1965), e tendo na realidade presente umas das mediações de sua produção teológica, escreveu 36 obras e inúmeros artigos veiculados em revistas nacionais e internacionais. Deixou um verdadeiro testamento de seu pensamento marcado pela capacidade de analisar o presente, apontando perspectivas eclesiais para o futuro.
A referida obra está estruturada em três partes:
1) Creio em Deus Pai (p. 9-54);
2) Creio em Jesus Cristo (p. 55-99);
3) Creio no Espírito Santo (p. 101-148).
Através de perguntas e respostas, João Batista Libanio nos apresenta os aspectos principais do ponto mais importante da Teologia Sistemática: a Santíssima Trindade. Sendo assim, o Pai, o Filho e o Espírito Santo são explicados a partir da experiência mais fundamental que todo cristão católico tem em sua vida de fé: o credo.
Tópicos como a onipotência divina, a existência do mal, a compreensão de Deus em outras religiões, o Jesus apresentado pelos evangelistas, a relação entre humano e divino presentes em Jesus Cristo, sua morte e ressurreição, além de aspectos mais significativos da teologia sobre o Espírito Santo, são explicados, aprofundados e ensinados de uma maneira clara e simples, numa perspectiva bíblica, dogmática, pastoral, ecumênica e ecológica.
Uma leitura proveitosa e agradável. Um convite à meditação. Em suma, Libanio destaca o que é importante reter:
a) da profissão em Deus Pai: “no princípio de tudo, está Deus que é Pai e Mãe. Ser que é puro amor. Em tudo que acontece, ele se mostra fiel ao amor que tem a toda a humanidade e a cada um de nós. É a certeza das certezas. É a fonte última da esperança. É a rocha inabalável sobre a qual construímos, tenda que nos alberga, montanha que nos atrai, luz que ilumina, calor que nos aquece, refrigério que nos alivia. E se nos encontrarmos em situação terrível de sofrimento, ele se faz próximo e presente para animar-nos. Não fará milagres sensacionais, substituindo-nos a liberdade. Pelo contrário, sofre conosco na espera de que se realize com cada ser humano o que aconteceu com o Filho. A cruz terminou na aurora da ressurreição e no abraço infinito de amor do Pai. Para lá caminhamos” (p. 54).
b) Da fé em Jesus Cristo retemos de fundamental: “a fé em Jesus tem como fulcro a obra de redenção, da salvação universal. Em linguagem da América Latina traduzimo-la por libertação. Tudo o que Jesus Cristo é e fez visa à salvação, que se inicia na história e se prolonga para dentro da eternidade de Deus. A salvação de toda a humanidade é a obra de amor de Deus Pai que nos entrega o Filho Jesus. Ele assume livremente realizá-la também só por amor. E o Espírito Santo interioriza-a em cada cristão, na Igreja e na humanidade. Resumo dos resumos: se Deus (Pai) é amor, Jesus (o Filho) e o Espírito Santo também o são. Portanto, todo o mistério de Deus trino se concentra nessa única palavra: amor” (p. 97).
c) Do Espírito Santo retemos estes elementos fundamentais da fé: “o Espírito Santo interioriza em nós o mistério de Deus. Nosso acesso ao Pai e ao Filho se faz nele. O Filho é o mediador na história em relação ao Pai. O Espírito é o mediador do coração para que creiamos e vivamos da fé. Quanto maior a intimidade com o Espírito Santo, mais penetraremos o mistério de Deus e dele viveremos. Na vida interna da Trindade, ele é o elo do amor. Na história da salvação, ele atualiza na Igreja e em cada fiel o projeto salvador de Deus. E na ressurreição final, transformará nosso corpo em corpo glorioso e dará um toque de glória a todo o cosmos. A ele se vinculam os carismas. Em contrabalanço à tendência da instituição eclesial firmar-se no jurídico, visível e normativo, ele se faz presente na Igreja e no fiel, suscitando-lhe o espírito de criatividade, de liberdade, numa palavra, a abundância de carismas. A presença do Espírito na vida de Jesus, no batismo, significou o início de tempos novos. (...) Esse é o tempo do Espírito inaugurado por Jesus. Com Pentecostes é a vez de que os discípulos, depois da morte e glorificação de Jesus, inaugurem o novo tempo da Igreja por obra do Espírito. E nos ritos de iniciação cada cristão enceta a trajetória nova por ação do mesmo Espírito. Nascemos pela água e pelo Espírito, vivemos no Espírito e seremos transformados gloriosamente pelo Espírito” (p. 148).
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A formação do catequista contém diversas dimensões:
a) ser e saber ser com: maturidade humana, cristã e consciência missionária;
b) saber: formação bíblico-teológica e conhecimento da pessoa humana e do contexto social;
c) saber fazer: formação pedagógica e metodológica. Esta obra: Creio na Trindade: a fé trinitária explicada os catequistas ilumina a dimensão do saber, tendo-se em conta que na formação do catequista há espaço ao aprofundamento e ao estudo da mensagem a ser transmitida mediante a intimidade e familiaridade com a Trindade.
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Creio na Trindade: a fé trinitária explicada aos catequistas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU