06 Outubro 2021
O mais importante diplomata vaticano afirma que o ambiente é uma questão que ajuda no diálogo entre a Santa Sé e a República Popular da China.
A reportagem é de Charles Collins, publicada em Crux, 04-10-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
No dia 4 de outubro, o Vaticano sediou um encontro de líderes religiosos mundiais que lançou um apelo para a comunidade internacional se comprometer a alcançar as emissões de carbono zero o mais rápido possível durante a próxima cúpula ambiental da ONU programada para ocorrer no mês que vem em Glasgow.
Entre as tradições religiosas envolvidas no encontro, estava o confucionismo, o principal sistema religioso-filosófico associado ao povo chinês.
Em declarações à BBC Radio 4 no domingo, o arcebispo Paul Gallagher disse que o ambiente é um tema que o Vaticano vê como uma oportunidade para dialogar com a China.
“Estamos empenhados em falar e em dialogar com qualquer pessoa que estiver disposta a falar conosco”, disse Gallagher, que atua como secretário para as Relações com os Estados do Vaticano, respondendo a uma pergunta específica sobre as relações entre o Vaticano e a China.
“De certa forma, esta é uma oportunidade para compartilhar algo que, se você quiser, não é uma teologia explicitamente pura sobre a qual podemos discordar muito, mas um desafio comum à humanidade, que podemos abordar de uma forma religiosa e teológica, mas o que temos em comum possivelmente é muito maior do que as coisas que nos dividem”, disse.
Durante seu pontificado, o Papa Francisco tem cortejado a China continental, principalmente ao assinar um acordo provisório com Pequim sobre a nomeação de bispos em 2018.
No entanto, o regime comunista recentemente reprimiu as pessoas religiosas no país e seguiu uma política de “sinicização religiosa” a fim de tornar as comunidades religiosas mais “chinesas”.
Apesar desses desafios, várias autoridades vaticanas disseram que negociar com Pequim é mais produtivo em longo prazo do que o confronto.
Gallagher também falou à BBC sobre o tema mais amplo do papel das comunidades de fé na proteção do mundo natural.
“O fato é que a natureza, o mundo, o ambiente é um dom para nós. Não é algo que devemos destruir ou dominar de forma negativa”, disse ele.
“A nossa casa comum, como o Papa Francisco a chama, é algo que nos é dado para o nosso enriquecimento – e para nos sustentar, sim –, um ambiente no qual possamos crescer espiritual e humanamente, mas não é algo que devemos abusar. É algo que devemos valorizar e cuidar”, disse o arcebispo.
“É algo do qual você não pode fugir, que vem de dentro da sua alma. Acho que é aí – com base na fé e na convicção – que as pessoas encontrarão a força e a coragem para fazer as mudanças nas suas próprias vidas, nas vidas das nossas sociedades e países, desde os pequeninos que dizem: ‘O que posso fazer?’ até às pessoas que obviamente estão contribuindo muito para a poluição ou cujas atividades estão destruindo os oceanos”, acrescentou.
Finalmente, quando pressionado sobre a viagem papal, há muito comentada mas não confirmada, a Glasgow para participar da cúpula da COP-26, Gallagher hesitou em afirmar se Francisco efetivamente comparecerá.
“Isso está muito acima da minha alçada, infelizmente. Há uma possibilidade, mas não foi feito nenhum anúncio oficial.”
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Principal diplomata vaticano afirma que questões ambientais oferecem oportunidade de diálogo com a China - Instituto Humanitas Unisinos - IHU