05 Outubro 2021
A guerra santa é feita de dez partes: uma parte consiste em lutar contra o inimigo, as outras nove estão na guerra contra si mesmos.
O comentário é do cardeal italiano Gianfranco Ravasi, prefeito do Pontifício Conselho para a Cultura, em artigo publicado por Il Sole 24 Ore, 03-10-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
O termo árabe gihad, usado para designar a "guerra santa", na verdade tem uma gênese "ascética": denota, de fato, em primeiro lugar a luta contra si mesmos. Isso é o que nos ensina com esse aforismo Sufyan ibn 'Unaynah, mestre muçulmano que viveu em Meca, onde morreu em 814. Narra-se sobre ele que aos quatro anos de idade sabia o Alcorão de cor e que vivia apenas com um pão de cevada por dia. Propomos esse seu lema porque bem se adequa à substância de toda espiritualidade, permitindo-nos também descobrir a genuína religiosidade do Islã, muitas vezes deformada pelos clichés ocidentais e por comportamentos insensatos de alguns dos seus adeptos fundamentalistas.
Fazemos isso, além, às vésperas do dia dedicado a São Francisco, testemunha do diálogo inter-religioso.
Aos fanáticos, por outro lado, (mas não só) outra frase do místico muçulmano poderia ser aplicada:
"Uma época em que as pessoas precisam de pessoas como aquelas, é uma época ruim!" Mas voltemos à advertência, sempre verdadeira e necessária, sobre o controle de si, sobre o domínio das paixões, sobre a vitória sobre os vícios. Sêneca já havia declarado que “comandar a si mesmo é a forma suprema de comando”. A ascese tem aqui o seu cerne e é um empenho muitas vezes desatendido, por acreditar que os deveres primários da espiritualidade sejam outros. "Vencer a si mesmos é a mais bela vitória", dizia-se também na antiguidade pagã. É a vitória sobre o orgulho e o egoísmo.
FECHAR
Comunique à redação erros de português, de informação ou técnicos encontrados nesta página:
#a guerra santa. Artigo de Gianfranco Ravasi - Instituto Humanitas Unisinos - IHU