19 Agosto 2021
Aguardada a Augusta a embarcação ResQ, após indicação das autoridades marítimas a pedido do navio. Ainda parada ao largo a Geo Barents, com 322 pessoas a bordo, na costa de Lampedusa. Na Calábria, novo desembarque.
A reportagem é de Fulvio Fulvi, publicada por Avvenire, 18-08-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Primeiras respostas aos alarmes lançados pelas ONGs sobre refugiados no mar. Para 166 deles, aqueles que embarcaram no navio ResQ nos últimos dias, o drama parece ter terminado. “Nos deixem desembarcar, precisamos descer, e rápido!” foi o grito desesperado por cinco longos dias de navegação dos migrantes amontoados no convés, na área de contêineres e nas cabines do “ResQ People”, em ansiosa espera, até ontem à noite, quando, por volta das 19 horas, chegou a resposta das autoridades marítimas: “Atraquem no porto de Augusta”. E assim, felizmente, aconteceu. O navio, aguardado ontem à noite em seu destino, foi forçado pelo forte vento e pelas ondas a se abrigar em águas mais calmas a 15 milhas da costa entre Siracusa e a cidade de Iblea, onde finalmente atracou. "Quando o socorro vai chegar?" se perguntavam os migrantes nas longas horas de espera e angústia.
Por outro lado, o impasse continua para os 322 resgatados em duas intervenções diferentes no Mediterrâneo pelo “Geo Barents” da “Médicos sem Fronteiras”, parado ao largo da costa de Lampedusa, em águas internacionais, ainda sem saber onde e quando vão terminar as operações. Na principal ilha das Pelágicas, entretanto, nos últimos três dias, seguiram-se um após o outro os desembarques de "barcaças do mar": sete da meia-noite de segunda-feira. No hotspot do distrito de Imbriacola encontram-se atualmente 633 pessoas, contra uma capacidade de 250 lugares. A situação está ficando cada vez mais complicada. E ontem, mais 110 refugiados foram transferidos de Lampedusa de balsa para o Porto Empedocle, na região de Agrigento.
Enquanto isso, outro navio, transportando 12 pessoas (entre as quais três crianças pequenas), lançou o SOS ao Alarm Phone enquanto estava à deriva nas águas Sar (Search and Rescue) perto de Malta, em uma condição de dificuldade devido ao mar agitado. “Eles não podem continuar e o tempo só está piorando. As autoridades - escreveram os ativistas do Alarm Phone em um tweet das 17h34 - foram informadas, mas não confirmaram o início de qualquer operação de resgate". "Não nos deixem morrer!" é o dramático apelo.
Na "ResQ People", uma embarcação de resgate da organização não governamental "ResQ-People Saving People", as 12 crianças (algumas com menos de 5 anos) até o momento do desembarque ficaram desenhando, as mães, já exaustas, deram banho nos pequenos em bacias (havia também um bebê de nove meses), os garotos mais velhos conversaram ou ouviram música para se distrair.
Outros, vencidos pelo cansaço, adormeceram. Cecilia Strada, filha do fundador da Emergency, Gino, falecido sexta-feira passada, conta isso em seu diário de bordo. Foi ela, em nome da tripulação, que repetidamente pediu às autoridades que designassem um porto. Os adultos eram os mais preocupados no navio, explicam da ONG, cientes dos graves perigos que tiveram que enfrentar com suas famílias. “Hora após hora, responder às suas perguntas tem sido cada vez mais complicado - declararam os membros da equipe da Emergency - e são pessoas que já sofreram bastante, na vida, no deserto e no meio do mar”.
Enquanto isso, ao mesmo tempo que os três barcos humanitários estavam bloqueados no coração do Mediterrâneo, um barco de pesca de cerca de 20 metros de comprimento com 140 migrantes de origem do Oriente Médio foi interceptado pelos barcos patrulha das Finanças a poucos quilômetros de Bova Marina e seus ocupantes (todos homens, alguns dos quais menores) foram levados para o porto de Reggio Calabria e postos a salvo. Do porto, os refugiados foram acompanhados até ao ginásio “Scatolone”, na zona sul da cidade, para a identificação, controles sanitários e as operações de acolhimento. Não muito longe daqui, em Roccella Ionica, desembarcaram no sábado passado 76 migrantes de várias nacionalidades: viajavam em uma pequena embarcação a vela, uma espécie de caiaque. Foram transferidos para vários centros, inclusive em outras províncias, com base no plano de distribuição elaborado pelo Ministério do Interior. E um cidadão egípcio de 50 anos foi detido pelos homens das Chamas Amarelas por ser considerado o contrabandista daquele "veleiro da morte", do qual, no entanto, foram salvos todos os desesperados viajantes.
Mapa destacando Bova Marina, o porto de Reggio Calabria e Roccella Ionica, na Itália. (Foto: Google Maps)
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Os 166 resgatados no Mediterrâneo têm, enfim, um porto - Instituto Humanitas Unisinos - IHU