03 Julho 2021
Francisco se une à jornada especial de celebração que a Unesco dedica ao filósofo e sociólogo francês, com quem se encontrou no Vaticano em 2019, com palavras de agradecimento e estima. Uma homenagem à obra e ao pensamento de Morin, atento aos valores da cooperação, da democracia e da acolhida.
A reportagem é de Gabriella Ceraso, publicada por Vatican News, 02-07-2021. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Felicitações por “uma longa vida rica em acontecimentos e encontros” e por uma obra intelectual incansável e “difícil de conter em poucas palavras”. Francisco se faz presente na mesa redonda que a Unesco dedicou nessa sexta-feira, 2, ao filósofo e sociólogo francês Edgar Morin, pseudônimo de Edgar Nahoum, nascido em Paris de uma família judia sefardita, protagonista e observador de um século de história que ele viveu nas suas reviravoltas cruciais.
Com essa iniciativa, assim como com outras no panorama cultural global, prepara-se o aniversário, no próximo dia 8 de julho, desse intelectual, escritor, cientista, estudioso complexo que leva no coração o destino da humanidade, da qual sempre exaltou o senso de responsabilidade e os impulsos vitais, embora sem esconder os seus limites.
Papa Francisco recebe Edgar Morin em audiência privada em 2019 (Foto: Vatican News)
A mensagem do papa, assinada pelo cardeal secretário de Estado, Pietro Parolin, foi lida por Dom Francesco Follo, observador permanente da Santa Sé junto ao órgão das Nações Unidas dedicado à cultura.
O filósofo francês – cujo entusiasmo o papa recorda bem do encontro ocorrido no Vaticano no dia 27 de junho de 2019 – se destaca nas palavras de Francisco não apenas como uma “testemunha privilegiada de profundas e rápidas mudanças” sociais, mas também como um atento analista que, com o discernimento, nesse caminho dos tempos, despertou “esperanças” e alertou contra os possíveis riscos para a humanidade.
Em particular, o pontífice destaca o papel de Morin ao chamar a atenção – por exemplo com o conceito de “ciência com consciência” – para o progresso moral e intelectual, para que prossigam juntos no avanço da ciência e da tecnologia para evitar catástrofes.
A consciência do frágil destino da humanidade também comprometeu – recorda o papa – o estudioso francês a promover a necessidade de uma “política de civilização”, tendo o ser humano no centro, e não o dinheiro.
Mas, sobretudo, junto com muitos outros intelectuais eminentes, Morin trabalhou – reconhece o papa – pela “cooperação entre os povos”, pela “construção de uma sociedade mais justa e mais humana”, pela “renovação da democracia”, sublinhando como são “necessários laços de solidariedade e convivialidade” que favorecem “abertura e acolhida”.
Edgar Morin e Papa Francisco no Vaticano em 2019 (Foto: Vatican News)
Uma nota pessoal encerra a mensagem de saudação e de agradecimento do papa. A recordação vívida retorna ao encontro com Morin, ocorrido no Vaticano, em junho de dois anos atrás. Uma recordação feliz – afirma o texto assinado pelo cardeal Parolin – tanto pelos evidentes e inúmeros pontos de contato entre o pensamento do francês e o ensino social do papa, quanto pelo entusiasmo e a generosa participação oferecida por Morin ao “Pacto Educativo Global”.
De fato, Morin compartilhou e aprofundou o desafio crucial que o papa lançou no ano passado para o futuro, especialmente abordando, nos últimos anos, entre outras coisas, a questão da reforma dos saberes escolares e dos modos de transmissão desses mesmos saberes, e desenvolvendo aquela que alguns definiram como uma grande pedagogia para o novo cidadão planetário.
Por fim, a recordação do papa se une na mensagem ao agradecimento “pelos esforços de uma vida a serviço de um mundo melhor” e aos votos de que o Senhor continue iluminando o caminho que ainda falta percorrer.
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Papa sobre Edgar Morin: “Uma vida a serviço de um mundo melhor” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU