25 Mai 2021
Jane Goodall é um consenso mundial. Seu trabalho dispensa apresentações. A cientista, primatóloga e antropóloga britânica, de 87 anos, dedicou sua vida ao estudo dos chimpanzés, à proteção da natureza e também, nas últimas décadas, a promover o acesso da educação aos jovens. Por toda sua linda e admirável trajetória, ela foi escolhida para receber o Templeton Prize 2021.
A reportagem é de Suzana Camargo, publicada por Conexão Planeta, 21-05-2021.
A premiação, concedida pela Fundação John Templeton, homenageia “indivíduos cujas realizações abraçam o poder das ciências para explorar as questões mais profundas do universo e do lugar e propósito da humanidade nele”.
Em 1960, aos 26 anos, munida de binóculos e um caderno de anotações, Jane Goodall deixou a Inglaterra e seguiu para a Tanzânia para estudar o universo dos chimpanzés.
Seis décadas depois, ela é considerada a maior especialista internacional nessa espécie e uma das mais importantes e respeitadas vozes quando o assunto é preservação ambiental.
Além do trabalho em seu Jane Goodall Institute, a ativista e Embaixadora das Nações Unidas pela Paz viaja o mundo dando palestras e fazendo alertas sobre a crise climática e a extinção em massa da fauna e da flora do planeta. Em 1991, ela também fundou o Jane Goodall Institute’s Roots & Shoots, um programa para inspirar jovens a serem agentes de mudanças em suas comunidades. Atualmente o projeto está presente em 65 países.
Ao anunciar Jane Goodall como a recebedora do Templeton Prize deste ano, Heather Templeton Dill, neta do fundador da organização e sua atual CEO, lembrou que seu avô criou esse reconhecimento para celebrar aqueles que perseguem a curiosidade científica e espiritual para responder às perguntas mais profundas sobre o universo.
“Suas descobertas alteraram profundamente a visão de mundo da inteligência animal e enriqueceram nossa compreensão da humanidade de uma forma que é tanto humilde quanto exaltante. Em última análise, seu trabalho exemplifica o tipo de humildade, curiosidade espiritual e descoberta que meu avô, John Templeton, escreveu e falou durante sua vida”, afirmou Heather.
Por causa da pandemia, desde o ano passado Jane está reclusa em sua casa. Mas isso não a fez parar. Pelo contrário. Tem usado as redes sociais ativamente e participado de palestras, encontros virtuais e podcasts. E descobriu que desta maneira, com a ajuda da tecnologia, consegue atingir ainda mais pessoas ao redor do mundo. Foi assim, pela internet, que gravou um vídeo para falar sobre sua trajetória e como ela enxerga mágica na natureza.
“Quando estou na floresta sinto esse poder e força espiritual muito fortes e que está presente em todos os seres ao seu redor. Para mim essa força espiritual é o que chamamos de alma ou espírito e se nós a temos, as outras criaturas também a têm”, acredita. “Espero que consigamos aprender a ter um novo tipo de relação com o mundo natural, do qual nós somos parte e dependemos para a nossa própria existência”.
Jane contou que desde pequena era muito curiosa. Que quando tinha quatro ou cinco anos ficou horas acompanhando uma galinha para descobrir como ela botava ovos. E desde então, soube que seu lugar era ao lado da natureza.
“Aprendi mais sobre os dois lados da natureza humana e estou convencida de que existem mais pessoas boas do que más. Há tantos enfrentando tarefas aparentemente impossíveis e tendo sucesso. Somente quando a cabeça e o coração trabalham em harmonia podemos atingir nosso verdadeiro potencial humano”, diz a primatóloga.
Ao ser perguntada por Heather qual seria das suas descobertas qual a deixa mais orgulhosa, ela respondeu. “Descobrir que animais são seres sencientes, que têm sentimentos. Acho que nasci sabendo disso porque sempre amei animais”, revelou.
Jane é a primeira etóloga (especialidade da biologia que estuda o comportamento animal) e a quarta mulher a receber o Templeton Prize desde seu início em 1972. O prêmio, de cerca de U$ 1,5 mihão, já foi concedido a outras inesquecíveis personalidades da história mundial como Dalai Lama, Madre Teresa e o reverendo Desmond Tutu.
Em 2019, o físico brasileiro Marcelo Gleiser se tornou o primeiro latinoamericano a ser homenageado com o Templeton.
No vídeo abaixo, em inglês, Jane Goodall fala sobre sua vida, sua emoção em estar perto da natureza e como ela acredita que tudo no planeta está interligado, por isso mesmo, é essencial a proteção de cada espécie que habita a Terra:
E logo a seguir, assista ao vídeo em que Jane recebe, virtualmente, o Templeton Prize:
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Jane Goodall recebe o Templeton Prize, prêmio internacional por trabalho que alia ciência e espiritualidade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU