29 Março 2021
“Se valores como o amor, a amizade, o cuidado ou a responsabilidade são vividos nas relações homossexuais, isso merece respeito e uma resposta positiva de parte da Igreja. É difícil acreditar que a Igreja não permita nenhum acompanhamento ritual”.
Este é um dos principais trechos da declaração emitida ontem pelo presidente da Conferência Episcopal austríaca, Dom Franz Lackner, após o responsum de 15 de março pela Congregação para a Doutrina da Fé que encerrava a possibilidade de casais homossexuais receberem uma bênção da Igreja. A posição assumida pelo antigo Santo Ofício tem causado polêmica especialmente no mundo alemão. O Caminho Sinodal da Igreja da Alemanha, por exemplo, há muito pede passos à frente nesse tema.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por Repubblica, 28-03-2021. A tradução é de Luisa Rabolini.
Lackner falou depois que, nos últimos dias, também o cardeal arcebispo de Viena Christoph Schönborn disse não estar satisfeito com a declaração da Doutrina da Fé. Por um simples motivo: “A mensagem que passou pela mídia em todo o mundo foi apenas um 'não'. Um 'não' à bênção; e isso é algo que fere profundamente muitas pessoas, como se percebessem e dissessem: Mãe, você não tem nenhuma bênção para mim? Eu também sou seu filho”.
Durante anos, disse Lackner, “tem havido uma discussão acalorada para entender se e como a Igreja Católica deva abençoar as uniões de pessoas do mesmo sexo. A Comissão Teológica da Conferência Episcopal Austríaca também está discutindo intensamente o tema e de forma controversa. Durante minha última visita a Roma, falei sobre os desejos e as necessidades dos casais do mesmo sexo. O princípio fundamental da minha luta teológica foi e é: a Igreja deve encontrar as pessoas de hoje tanto quanto possível”.
Para Lackner, deve ser permitido a uma comunidade religiosa "ver uma forma de convivência entre duas pessoas como um ideal". E ainda: “Para a Igreja Católica este é o matrimônio entre homem e mulher, lugar onde se dá a transmissão da vida. Nas uniões do mesmo sexo, algumas, mas não todas as dimensões do casamento podem ser vividas. Sempre foi importante para mim deixar bem claro essa diferença”.
O chefe dos bispos austríacos explicou então que o pronunciamento do antigo Santo Ofício "não era previsível para mim neste momento". Disse que compartilha e apoia a preocupação fundamental da Congregação, que é "proteger o que há de especial no matrimônio sacramental entre um homem e uma mulher". Junto, porém, pediu a "todos os agentes pastorais que falem aos casais atingidos pela decepção que esta decisão lhes causou". Como Igreja, ele continuou "não devemos deixar os casais homossexuais sozinhos agora".
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O presidente dos bispos austríacos e os casais homossexuais: “É difícil acreditar que a Igreja não permita nenhum acompanhamento ritual” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU