22 Janeiro 2021
O discurso de posse do presidente Joe Biden, na quarta-feira (20), confirmou mudanças de peso na política ambiental americana. Biden mencionou “o clima em crise” entre os maiores desafios à frente dos EUA, juntamente com a pandemia e o racismo estrutural, e deve anunciar nas próximas horas o retorno do país ao Acordo do Clima de Paris.
A reportagem é de Solange A. Barreira, publicada por EcoDebate, 21-01-2021.
Mas é urgente ir do discurso à prática, já que os EUA, atualmente segundo maior emissor mundial de gases de efeito estufa, possuem uma dívida ambiental histórica com o planeta — que se agravou ao longo dos últimos quatro anos do governo Trump.
Mesmo com maioria no Congresso, Biden deve enfrentar resistência de importantes setores da economia americana para cumprir com a extensa agenda ambiental planejada, que inclui um investimento de US$ 2 trilhões em iniciativas para alcançar o crescimento econômico com redução de emissões.
“Os Estados Unidos viraram a página do negacionismo e do populismo. Os novos rumos da política americana são um sopro de esperança e precisam se transformar em ações o quanto antes. Já os governos negacionistas, como o de Jair Bolsonaro, ficarão cada vez mais pressionados e devem ser responsabilizados pelo desastre que provocam à humanidade”, diz Marcio Astrini, secretário-executivo do Observatório do Clima.
Com a pior taxa de desmatamento dos últimos 12 anos e metas menos ambiciosas para o Acordo do Clima, Jair Bolsonaro perdeu a referência do trumpismo e caminha para acastelar cada vez mais o Brasil devido a sua política antiambiental, sob o risco de sofrer sanções das grandes economias mundiais e perder acordos importantes, além de investimentos essenciais para a recuperação econômica pós-pandemia.
“Sob Bolsonaro, o Brasil é visto hoje como um exemplo negativo dentro das discussões de clima. Lamentavelmente, viramos o problema de uma agenda que deveríamos liderar”, afirma Astrini.
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