04 Mai 2020
Na quarta-feira passada, Maria Teresa Baruffi, que mora na cidade italiana de Caravaggio, no norte da Itália, com sua família, recebeu um telefonema surpreendente enquanto estava na fila do supermercado: era o Papa Francisco, pedindo para falar com o filho dela, Andrea.
A reportagem é de Elise Ann Allen, publicada em Crux, 02-05-2020. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Vários dias antes, Andrea, 18 anos e autista, enviou uma carta ao Papa Francisco para “corrigi-lo”, porque, durante o tempo do coronavírus, ele convida os presentes dentro da capela, em missas diárias transmitidas ao vivo, a darem o Sinal da Paz, tipicamente manifestado com um aperto de mão ou um beijo.
Segundo Francisco, o jovem disse a ele: “O senhor diz: ‘A paz esteja convosco’, mas o senhor não pode dizer isso, porque, na pandemia, não podemos nos tocar”.
Durante o seu telefonema para Baruffi, no dia 29 de abril, Francisco explicou que queria dar uma resposta a Andrea. No entanto, como Andrea não estava com a sua mãe no supermercado, o papa disse que ligaria de volta quando ela estivesse em casa, e ele telefonou.
Desta vez, Andrea e seu pai estavam lá com ela para atender a ligação, que foi colocada no viva-voz. O momento foi gravado em vídeo por outro membro da família e publicado na internet.
Durante a ligação, o papa Francisco afirmou ter dito a Andrea: “Estou feliz que você me escreveu” e disse que enviaria a Andrea um papalino, o solidéu branco usado pelo papa, que Andrea havia pedido na carta.
Depois de receber um beijo de Andrea por telefone, Francisco disse ao adolescente que, durante as suas missas na Casa Santa Marta do Vaticano, onde ele mora, “eu digo às pessoas para que se deem a paz, mas elas não se tocam. Elas se saúdam com a cabeça. Assim, tudo vai bem”. Foi uma resposta que fez Andrea sorrir.
Baruffi explicou ao papa que Andrea é um seguidor fiel das suas missas matinais e tem um fascínio pelas vestes litúrgicas.
“Todos os nossos padres o conhecem porque, ele é extremamente religioso”, disse ela, chamando o filho de “uma bênção do céu”.
O papa Francisco perguntou, então, quantos são na família, e Baruffi disse que são quatro – seu marido, dois filhos e ela. Ela também pediu orações pela sua mãe idosa, que tem Alzheimer, e disse que os padres da sua paróquia, depois de ouvirem que ele ligaria novamente, também enviaram suas saudações e expressaram seu desejo de vê-lo em Roma.
“Muito bom. Mas quando as coisas voltarem ao normal, não?”, disse o papa, referindo-se ao confinamento do coronavírus, porque, “agora, não se pode viajar entre as regiões”.
O papa Francisco terminou a ligação oferecendo a sua bênção à família e pedindo orações, mas não antes de fazer uma pequena piada com Baruffi, que lhe disse: “Rezamos muito pelo senhor, mas o senhor não precisa, já é um santo”.
Brincando, ele riu e disse: “Quem sabe, talvez nos vejamos no inferno?”, ao que Baruffi disse: “Acho que o senhor não, mas talvez nós. Estamos todos um pouco irritados nesta situação”.
Depois de dar mais algumas risadas e receber outro beijo de Andrea por telefone, a ligação terminou.
Francisco falou de Andrea e da sua carta durante a sua missa diária no dia 29 de abril, contando novamente a “correção” que Andrea quis fazer, acrescentando: “As cartas dos adolescentes, das crianças, são belíssimas, por causa da sua concretude”.
Foi também em Caravaggio que, no dia 1º de maio, os bispos italianos confiaram a nação a Maria, pedindo que ela proteja o país durante a sua recuperação do coronavírus.
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Papa telefona para adolescente autista que o “corrigiu” sobre o Sinal da Paz - Instituto Humanitas Unisinos - IHU