19 Abril 2020
Há algumas semanas, o Papa alertou que as pessoas não podiam se confessar devido à pandemia. Naquele dia, um documento do Vaticano colocou confissão espiritual no debate. Hoje, em Santa Marta, Francisco chamou a atenção para um grande risco: “Atenção, não viralize a Igreja, não viralize os sacramentos, não viralize o povo de Deus”.
A reportagem é publicada por Religión Digital, 17-04-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
“Um bom bispo, um corajoso bispo, me fez refletir sobre o perigo que estamos enfrentando nessa pandemia, que nos fez todos nos comunicar, mesmo religiosamente, através da mídia. Mesmo nesta missa, estamos espiritualmente juntos, mas a cidade é pequena. Há um povo unido: estamos juntos, mas não estamos juntos”, refletiu durante sua homilia hoje.
“Vocês receberão a Eucaristia”, disse ele aos poucos presentes na capela, “mas há pessoas que estão ligadas a nós e só farão comunhão espiritualmente". “Esta não é a igreja. É a Igreja em uma situação difícil, mas o ideal da Igreja é estar unido, o povo com os sacramentos”, afirmou Francisco.
Antes da Páscoa, quando soube que ia celebrar a Páscoa em uma basílica vazia, aquele bispo “chamou minha atenção. Como é possível? Por que eles não colocam cerca de trinta pessoas para vê-lo”? O papa pensou: “Existe um perigo, e o que ele tem em mente para me dizer isso? Mas como ele é um bom bispo, muito próximo do povo, ele me perguntou o que queria me dizer. Então eu entendi: ele estava me dizendo. Atenção: não viralize a Igreja, não viralize os sacramentos, não viralize o povo de Deus. A igreja, os sacramentos, o povo de Deus agora temos que fazer assim, mas sair desse túnel...”. “Não vamos viralizar a fé ou a Igreja. Familiaridade concreta com o povo, com o Senhor, na vida cotidiana, no meio do povo de Deus”.
A reflexão papal - antes de um anúncio? - chegou ao fim de uma homilia de uma missa que Francisco queria dedicar “as mulheres grávidas e que serão mães, e que estão inquietas com o mundo em que vão trazer seus filhos”. "Vamos orar por eles, para que o Senhor lhes dê coragem para levar seus filhos adiante, com a confiança de que certamente será um mundo diferente, um mundo que o Senhor amará muito”.
O resto da homilia foi dedicado a comparar as duas pescas milagrosas. Uma, com Jesus ainda não crucificado. O outro, com o Ressuscitado. “Nesta segunda pesca, fala-se de uma certa naturalidade. Há progresso, um caminho de intimidade com o Senhor. Eu direi a palavra exata: familiaridade com o Senhor”.
“Ninguém perguntou nada porque sabia que era o Senhor. A familiaridade dos apóstolos com o Senhor havia crescido”, explicou Bergoglio, que destacou que “nós, cristãos, no nosso modo de vida, também estamos em um estado de caminhar, de progredir, com a familiaridade do Senhor”.
Em uma “familiaridade diária”, porque “a familiaridade dos cristãos com o Senhor é sempre comunitária, íntima, pessoal e em comunidade”. E é que “uma familiaridade sem comunidade, sem pão, uma familiaridade sem a Igreja, sem o povo, sem os sacramentos, é perigosa”, enfatizou, para depois refletir sobre a situação atual e os riscos de “viralizar a Igreja”.
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O grito do papa Francisco: 'Atenção, não viralizar a Igreja, não viralizar os sacramentos, não viralizar o Povo de Deus' - Instituto Humanitas Unisinos - IHU