26 Março 2020
“Nesse momento de prova devemos tratar de deter o contágio sem deter a nossa oração, pelo contrário, multiplicando-a”. O arcebispo Arthur Roche, secretário da Congregação para o Culto Divino e a Disciplina dos Sacramentos, explica o novo decreto para as Celebrações da Páscoa em tempos de Pandemia, publicado por este Dicastério.
A entrevista é publicada por Vatican News, 25-03-2020. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O documento oferece indicações para a celebração do Tríduo Pascal uma semana depois da difusão, no site do Dicastério, de um texto inicial. Quais são as razões dessa atualização?
É evidente para todos que vivemos em tempos de emergência, com situações que mudam rapidamente. As crises dessa magnitude às vezes requerem novos desenvolvimentos e atualizações. O primeiro texto data de vários dias atrás. As atualizações, inclusive as significativas, tornaram-se indispensáveis e, sobretudo, consideramos os episcopados dos países mais afetados pela pandemia. Tratamos de considerar as observações que nos chegaram.
Em primeiro lugar, a data da Páscoa não foi adiada, como alguns imaginaram, dada a situação dos países afetados pela Covid-19. Por quê?
A data da Páscoa não pode ser adiada. Será celebrada depois da preparação desse tempo especial de Quaresma, tão marcado pela dor, medo e incerteza. Há algumas semanas recebemos as cinzas em nossas frontes, que nos recordou que somos pó e em pó nos converteremos. Porém somos pó amado por Deus, redimido por Deus. Jesus sofreu na cruz, porém superou a morte e cremos na ressurreição dos corpos, na vida eterna. A Páscoa é a festa dessa vitória sobre a morte. Nos países afetados pela doença, onde existem restrições estabelecidas pelas autoridades civis para evitar as reuniões e movimentos massivos de pessoas, os bispos e padres celebrarão os ritos da Semana Santa sem o povo e em um lugar adequado, evitando a concelebração e omitindo o abraço da paz.
Impacta essa Páscoa celebrada sem a presença dos fiéis, sem o povo de Deus...
É muito dolorido. No entanto, estamos vendo nessa época de isolamento como se multiplicou a criatividade dos padres, que encontram maneiras de estar próximo do povo com todos os meios disponíveis hoje em dia. Muita gente acompanha a missa do Santo Padre diariamente desde a capela Santa Marta, e seguem outras celebrações através das redes sociais. Muitos fiéis rezam o rosário conectando-se através da rádio, da televisão ou da web. Vivemos um momento excepcional. Não esqueçamos que Jesus fala da oração pessoal convidando-nos a rezá-la em nossas casas. Sabemos que por sua natureza a fé cristã é relação e comunidade: a oração comum e a participação comum na mesa eucarística é fundamental. Porém, nesse momento de prova, devemos tratar de deter o contágio, sem deter nossa oração, pelo contrário, multiplicando-a. É importante que os fiéis sejam advertidos do momento em que começam as celebrações, para que possam se unir à oração em seus lares e segui-las ao vivo, participando desta maneira.
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Vaticano proíbe as missas com fiéis durante Semana Santa nos países afetados pela pandemia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU