22 Janeiro 2020
O padre jesuíta James Martin é provavelmente o padre mais famoso dos EUA. Nos últimos anos ele tem sido motivo de manchetes por seu trabalho social junto à comunidade LGBT. No entanto, este seu ministério remonta a várias décadas, desde quando apresentou, pela primeira vez, homens e mulheres santos a milhares de leitores, com o seu livro “My Life with the Saints”.
No novo livro, intitulado “James Martin, S.J.: In the Company of Jesus”, o estudioso da religião Jon Sweeney explora o porquê Martin se tornou um dos padres mais requisitados nos EUA – mas também um dos padres mais controversos.
O livro será lançado em Nova York no mês que vem.
A entrevista é de Christopher White, publicada por Crux, 20-01-2020. A tradução é de Isaque Gomes Correa.
James Martin é considerado o padre mais famoso dos Estados Unidos. Trabalhando para este livro, o que você aprendeu sobre este religioso que o surpreendeu?
Antes de começar a minha pesquisa eu já conhecia muito bem o Pe. Martin. Eu mandei para ele alguns artigos nos vários anos em que ele trabalhou como editor da revista America. Almoçamos e jantamos juntos algumas vezes em Nova York. Nos encontramos em seu gabinete em algumas ocasiões para discutir projetos e assuntos pessoais. Eu gosto dele. Inclusive lembro que ele me ajudou uma vez, meio que às pressas, no saguão de um hotel em Anaheim, quando precisei de uma importante orientação espiritual. Eu não percebia o escopo de suas experiências e de seu conhecimento, no entanto, até que comecei a me aprofundar na pesquisa para esta biografia. Ele já passou por muita coisa nesta vida. Fiquei impressionado com o que descobri. E ele só tem 60 anos, completados este ano. Vai ser preciso uma outra edição dessa biografia, com certeza, dentro de uma década.
Quanto ao status de celebridade dele nos círculos católicos: em sua opinião, por que ele se tornou tão conhecido?
Acho que ele compartilha uma qualidade com Thomas Merton, que é um dos seus heróis: Martin é um idealista que quer fazer a vontade de Deus.
Aprendi a partir da vivência com outros escritores e lideranças católicos famosos que, ironicamente, um objetivo como esse irrita algumas pessoas. Dentro de seu idealismo genuíno, Martin se dispõe a ir em frente das câmeras, quando é chamado. E quando vai, ele se comunica bem. Isso também tira da zona de conforto outras tantas pessoas.
Martin gosta de falar em nome dos marginalizados, mesmo se isto signifique ser acusado pelos críticos. Mas ele sabe que está sendo fiel. Um verdadeiro homem de oração e orientação espiritual, Martin sabe onde se encontra em meio às críticas. Isto também incomoda alguns ao seu redor. Por isso é que acho que ele incendeia os debates em alguns círculos católicos, mas também é adorado por tantas pessoas.
Ele é uma figura divisora, como vimos em seu ministério com os católicos LGBTs. Como você lida com estas polêmicas no livro?
Eu acompanhei o Pe. Martin em pessoa (falo desta experiência no último capítulo do livro) e on-line, o que é fácil de fazer. Assisti a centenas de vídeos postados por amigos e inimigos dele. Também entrevistei inúmeras pessoas. Tentei contar tudo o que há de polêmico em torno dele e do trabalho que realiza (trabalho do qual sou muito fã, como os leitores poderão perceber), principalmente na construção de pontes para a superação da lacuna entre as pessoas LGBTs e a Igreja Católica.
O que você gostaria que os críticos do Pe. Martin aprendessem com a leitura do livro?
Quero que vejam Martin como uma pessoa. Muitas vezes as pessoas veem só aquilo que acham que ele faz. Quero que enxerguem a pessoa. Francamente, quero que todos nós, em todos os lados dos temas que nos dividem na Igreja, vejamos uns aos outros como pessoa. Não temos sido muito bons nisso!
Finalmente, em sua opinião, qual o melhor livro que o Pe. Martin escreveu?
Eu gosto de “My Life with the Saints” (Minha vida com os santos). É uma mistura calorosa entre memória e ensino – exatamente o melhor tipo de livro que um padre pode escrever.
Eis uma parte importante do talento de Martin: a sua honestidade ao escrever sobre si mesmo e suas lutas, de um modo que as pessoas entendam. É uma mostra de idealismo e honestidade. O leitor pode perceber estas coisas. E isso não é normal nos escritores desse gênero.
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Novo livro busca mostrar Pe. James Martin ‘como uma pessoa’ aos seus críticos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU