17 Setembro 2019
A irmã estadunidense, Dorothy Stang, de 73 anos, conhecida por dedicar grande parte de sua vida a lutar para salvar a floresta amazônica e melhorar a qualidade de vida das pessoas pobres que viviam nas zonas rurais, foi assassinada em 2005 no norte do Brasil por um homem armado que foi contratado por um grupo de pecuaristas da região.
A reportagem é publicada por Europa Press, 15-09-2019. A tradução é de Wagner Fernandes de Azevedo.
O assassinato de Dorothy, que recebeu seis tiros no peito, costas e cabeça, comoveu o mundo. Quinze anos depois, seus companheiros denunciam que na cidade de Anapu no estado do Pará, a área segue sendo tão perigosa como sempre.
“O povo aqui está desejando plantar árvores, preservar a floresta, mantendo em pé e defendendo-a, inclusive com as suas vidas”, detalhou a irmã Jane Dwyer, enquanto segurava uma foto de Dorothy. “Porque aqui há pessoas que fugiram de homens armados e de ameaças”, acrescentou.
Dwyer e outras irmãs registraram 18 mortes de agricultores locais na região desde 2015 e denunciaram que ao menos 40 pessoas fugiram depois de terem sido ameaçadas.
Os incêndios na Amazônia provocaram que o presidente do Brasil, Jair Bolsonaro, foi criticado pela sua gestão na hora de proteger um dos baluartes chave contra a mudança climática a nível mundial.
Bolsonaro que assumiu o cargo no mês de janeiro prometendo levar progresso à Amazônia criticou por muito tempo as reservas indígenas e as multas ambientais, ao considerar que são um freio para o desenvolvimento.
O mandatário brasileiro também menosprezou as ONGs que trabalham na Amazônia e chegou a acusá-las, inclusive, de provocarem os incêndios. Esse enfoque o levou a enfrentar o papa Francisco que afirmou que “o rápido desmatamento não deveria ser tratado como um problema local, já que ameaçava o futuro do planeta”.
No próximo mês, o Vaticano organizará um Sínodo com bispos e outros representantes, inclusive povos indígenas de toda América do Sul, no qual o tema da proteção da Amazônia provavelmente terá grande importância.
No profundo da selva tropical, proteger a Amazônia é uma tarefa solitária e cada vez mais perigosa, segundo explicaram os que estão à frente.
Em Anapu, o governo federal rescindiu um contrato no mês passado por falta de fundos com uma empresa de segurança local que foi criada para dar proteção aos residentes e à floresta contra os invasores, detalharam os moradores.
Vinicius da Silva, 37 anos, que lidera uma sociedade de conservação ambiental em uma reserva local, assegurou que teve que fazer frente a uma série de ameaças por parte dos madeireiros e denunciou a falta de apoio. “Não temos proteção”, lamentou.
“Estamos assustados. Não sabemos quem entra na reserva e o que farão dentro dela. Sabemos que estão fazendo coisas más ali, porém quando pedimos ajuda ao Governo, vieram olhar o dano ambiental e dizem que nós o provocamos”, afirmou.
Bolsonaro afirmou que o Brasil, que enfrenta um forte déficit orçamentário por vários anos de recessão, não tem os recursos suficientes para vigiar o grande território da Amazônia. Ainda assim, o padre Amaro Lopes de Souza, que assim como Stang lutou pelos direitos da terra e da preservação do meio ambiente na região, criticou que o presidente não tenha feito o suficiente para proteger as pessoas ou a vegetação.
“Os que estão destruindo a Amazônia são os grandes fazendeiros, e são esses grandes agricultores os que votaram em Bolsonaro e o fizeram presidente. Agora, acreditam que podem desmatar, queimar e destruir tudo”, concluiu.
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Um grupo de ativistas denuncia o risco que correm aqueles que defendem a Amazônia no Brasil - Instituto Humanitas Unisinos - IHU