30 Agosto 2019
Uma universidade jesuíta dos EUA lançou uma nova política que permitirá que os estudantes usem o seu “nome preferencial” em muitas circunstâncias no campus. Uma autoridade da instituição também rejeitou a ideia de que disputas trabalhistas relacionadas a questões LGBTQ possam ocorrer na universidade.
O comentário é de Robert Shine, publicado em New Ways Ministry, 29-08-2019. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
O jornal estudantil da Loyola University Chicago, The Phoenix, noticiou:
“Os estudantes podem agora acrescentar um nome preferencial no LOCUS – o portal online de matrículas e registros da Loyola –, na pasta ‘Nomes’ em ‘Portfólio Pessoal’. Os nomes preferenciais dos estudantes aparecerão, então, no LOCUS, nas listas de turmas e notas, no sistema de e-mail do Outlook e no Sakai, o recurso online de sala de aula da Loyola. A lista será expandida no futuro, disse Will Rodriguez, decano dos estudantes da Loyola e vice-reitor assistente.
“Exceto quando o nome legal de um indivíduo é exigido por lei, por norma ou por necessidades empresariais, os empregados e estudantes atuais podem optar por serem identificados em alguns sistemas universitários pelo nome preferido que eles designaram de acordo com essa norma. (...)
“Uma solicitação separada deve ser preenchida a fim de alterar o nome de um estudante em seu diploma, e um nome preferencial não pode ser usado nos casos em que é necessário um nome legal, como em documentos de ajuda financeira, formulários de imposto, contracheques, extratos de cobrança, histórico universitário e outros, de acordo com a norma.”
Will Rodriguez, decano dos estudantes e vice-reitor assistente, explicou que a nova norma é um trabalho em andamento, mas, ao longo do tempo, a opção do “nome preferencial” estará presente em mais sistemas universitários.
Tudo começou antes da data de lançamento originalmente prevista para 2020. Anteriormente, os estudantes tinham que mudar seu nome legal a fim de que os registros do campus fossem modificados.
A nova norma resultou da iniciativa de estudantes trans e de grupos universitários, como a Gender Exploration Understanding Support Society. O jornal The Phoenix relatou as reações dos estudantes transgênero:
“Rory Btzer, um estudante transgênero de 19 anos da Loyola, disse estar empolgado em saber da nova norma da Loyola sobre os nomes preferenciais. O estudante do segundo ano disse que, em sua experiência na Loyola, os professores estão entendendo como usar um nome diferente do que está na chamada, mas disse que a situação é ‘embaraçosa’ e ‘frustrante’ para explicar. (...)
“‘Eu tinha expectativas muito baixas, honestamente, então fiquei um pouco surpreso, mas é completamente incrível’, disse Btzer. ‘Definitivamente, isso me faz sentir mais à vontade.’”
Em notícias relacionadas às questões LGBTQ, a porta-voz da universidade, Evangeline Politis, disse ao The Phoenix que uma disputa trabalhista semelhante à que aconteceu com a Escola Preparatória Jesuíta Brebeuf, em Indianápolis, que perdeu a sua designação católica depois de recusar o pedido do arcebispo de demitir um professor gay, “não aconteceria aqui”.
Winifred Williams, diretor-chefe de Inclusão da Diversidade, destacou que a Política de Igualdade de Oportunidades, Ação Afirmativa e Não Discriminação da Loyola inclui a orientação sexual e o estado civil como categorias protegidas nas questões trabalhistas.
O Pe. Jim Prehn, SJ, reitor da comunidade jesuíta da Loyola, também comentou sobre a situação da Brebeuf:
“[O arcebispo Charles Thompson] simplesmente disse que [a Brebeuf] não pode se chamar de católica, mas, em virtude de ser um colégio jesuíta, eles são católicos. (...) Eu acho que as ações do bispo criaram esse estranho sistema no qual há um colégio promovido por uma ordem religiosa católica romana, mas ele não a chamará de católica. (...)
“‘Parece-me que foi uma decisão muito míope do arcebispo de Indianápolis, que não pensou nas consequências.’”
Tanto para a vida estudantil quanto para a justiça do trabalhador, a administração da Loyola University Chicago modela as possibilidades da educação católica a fim de apoiar os membros da comunidade de todas as identidades sexuais e de gênero.
Essa nova política sobre os “nomes preferenciais” pode ter um efeito cascata no Ensino Superior católico. Segundo o The Phoenix, duas outras instituições jesuítas, a Universidade de Georgetown e a Universidade de San Francisco, já possuem políticas semelhantes.
O decano dos estudantes Will Rodriguez espera que esse número aumente. Quanto ao campus da Loyola, com um novo ano escolar começando, os estudantes estão explorando novas questões, como a implementação de opções de moradia neutras em termos de gênero e a expansão de banheiros neutros em termos de gênero.
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Universidade jesuíta de Chicago lança norma sobre ''nome preferencial'' para estudantes trans - Instituto Humanitas Unisinos - IHU