29 Junho 2019
No inverno, pessoas acima de 65 anos são mais suscetíveis a contrair doenças que podem gerar complicações.
A reportagem é de Laura Alegre, publicada por Jornal da USP, e reproduzida por EcoDebate, 28-06-2019.
Com a chegada do inverno, a exposição a baixas temperaturas pode representar riscos inclusive a indivíduos saudáveis. Se não estiverem bem agasalhados, há chances de o organismo entrar em hipotermia, condição em que não se consegue manter o próprio corpo aquecido. Para quem tem aterosclerose ou hipertensão, o frio intenso aumenta ainda mais a probabilidade de ocorrerem eventos cardiovasculares, como infarto ou derrame, conhecido como AVC (Acidente Vascular Cerebral). Estima-se em mais de 50% o aumento do número de internações e de mortes por infarto agudo do miocárdio, durante o inverno, em comparação com o verão, sendo que pessoas com mais de 65 anos são as mais afetadas.
O doutor Luiz Antônio Machado César, diretor da Unidade de Coronariopatias Crônicas do Instituto do Coração (InCor) do Hospital das Clínicas (HC) da Faculdade de Medicina (FM) da USP, contou ao Jornal da USP no Ar os motivos pelos quais os riscos são maiores para idosos. “Nesse período, ocorre a mudança do perfil das substâncias que são produzidas no tecido respiratório pela traqueia e pelos brônquios pulmonares, que reduzem nossa capacidade de combater infecções. Com isso, é no inverno que ocorrem mais casos de resfriados, viroses e gripe, que é o maior problema: o vírus influenza desencadeia um processo de inflamação do organismo como reação à infecção e, se a pessoa tiver placas de aterosclerose, essa inflamação pode fazer com que essas placas se rompam e culminem num infarto. Além disso, com o frio, o fígado passa a produzir substâncias do sangue que aumentam os riscos de coagulação”, conta.
Algo que contribui com os fatores apresentados pelo especialista é a qualidade do ar, que tende a piorar nessa estação, o que faz com que pessoas com problemas respiratórios sejam mais suscetíveis. “Um detalhe que se percebe ao olhar o céu é a inversão térmica. Nos dias frios, a concentração de poluentes na nossa atmosfera é muito maior porque eles não são dissipados, principalmente em metrópoles e cidades industriais. Esses poluentes favorecem não só a infecção respiratória, como reduzem a concentração de oxigênio no nosso sangue”, explica.
Mesmo sendo mais comum em idosos, infartos e derrames também podem ocorrer em outras faixas etárias. Os principais sintomas são caracterizados por mal-estar súbito, perda de consciência e dificuldades em pronunciar as palavras e mexer pernas ou braços. O doutor alerta que “mesmo que esses sintomas tenham sido passageiros, durando apenas alguns minutos, eles ainda indicam que algo está acontecendo em algum vaso cerebral da pessoa. É algo que começa de forma súbita e passa a aumentar de intensidade, como um desconforto no tórax, indo para a região chamada vulgarmente de ‘boca do estômago’ e irradiando para os braços – isso pode indicar o início de um infarto do miocárdio.”
Segundo o médico, é preciso se agasalhar bem durante os dias frios, protegendo principalmente o rosto. No entanto, isso não é tão efetivo, já que a principal prevenção que pode resguardar uma pessoa é tomar a vacina da gripe. “Em temperaturas frias, você só consegue combater ficando em ambientes aquecidos, mas a maior proteção conhecida na atualidade é se vacinar contra a gripe, principalmente a população de mais de 65 anos. Com isso, a incidência de infarto é reduzida, pois impede a concentração e desenvolvimento do vírus influenza“, alerta.
Para ouvir a entrevista completa clique aqui.
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Poluição e Saúde: Má qualidade do ar aumenta risco de infartos e AVCs no inverno - Instituto Humanitas Unisinos - IHU