28 Junho 2019
Mídia estrangeira destaca caso de sargento da FAB detido na Espanha ao levar 39 quilos de cocaína em avião que integrava comitiva de Bolsonaro ao G20. Francês "Le Monde" chama episódio de "Aerococa".
A reportagem é publicada por Deutsche Welle, 27-06-2019.
O presidente Jair Bolsonaro havia prometido perseguir os traficantes de drogas sem misericórdia. Então ele foi fortemente pressionado a explicar como um avião presidencial acabou carregando 39 quilos de cocaína sobre o Atlântico durante uma viagem oficial.
[...] A apreensão de cocaína, por si só, já foi ruim o suficiente, mas se tornou um constrangimento extraordinário para Bolsonaro, que costuma exaltar a integridade e profissionalismo dos militares brasileiros.
[...] Autoridades da Espanha disseram que interceptaram a cocaína quando o sargento Manoel Silva Rodrigues fez uma escala na cidade de Sevilha, juntamente com uma equipe avançada de apoio à viagem de Bolsonaro.
Bolsonaro viajou em outro avião que fez escala em Lisboa a caminho de Osaka, onde os líderes do G20 se reúnem.
O sargento Rodrigues saiu do avião carregando uma sacola de roupas e uma bagagem de mão, afirmaram as autoridades espanholas ao jornal El País. Quando a segurança do aeroporto inspecionou a mala, encontrou 37 pacotes de cocaína e nada mais dentro dela, segundo a reportagem.
O Brasil está entre os maiores mercados para o consumo de cocaína e é um ponto vital no trajeto das drogas rumo à Europa e à África. Bolsonaro recentemente apoiou um projeto de lei que endurece as sentenças para os crimes relacionados ao tráfico de drogas e disse que a polícia deveria ter mais liberdade para abrir fogo contra suspeitos de crimes.
Foi apenas uma parada técnica, uma breve escala do avião de reserva, antes da aeronave oficial do presidente brasileiro Jair Bolsonaro iniciar sua viagem até Osaka, onde ocorre a cúpula do G20. Mas nada ocorreu como planejado.
Nesta quarta-feira, em Sevilha, a Guarda Civil descobriu durante uma checagem usual de bagagens no aeroporto San Pablo uma mala com 39 quilos de cocaína, embalada em 37 pacotes... seu suposto dono, um dos vinte e poucos militares da Força Aérea Brasileira que viajavam no avião, sequer tomou o cuidado de esconder os tijolos de pó sob as roupas.
Em Sevilha, as autoridades podem até estar acostumadas às "mulas" que carregam drogas vindas do Brasil, mas certamente não esperavam por uma apreensão desse tipo. E, menos ainda, na bagagem de um tripulante em viagem oficial.
Constrangido, o presidente brasileiro, ex-membro da brigada paraquedista do Rio de Janeiro, tentou salvar a imagem suja das Forças Armadas falando de uma potencial "ovelha negra" na corporação.
[...] O sargento não estava em sua primeira viagem presidencial. O suspeito de estar a serviço dos barões da droga já havia acompanhado o chefe de Estado em outras ocasiões. Mas isso já bastou para que os anti-Bolsonaro desencadeassem ligações entre o presidente, eleito por suas promessas de honestidade, e o submundo.
No Twitter um dos memes mais populares foi um poster da série Narcos, que conta a história do traficante Pablo Escobar, rebatizada de "BolsoNarcos" e estrelada por Jair Bolsonaro.
Ao seguirmos a hashtag #Aerococa, encontramos também um falso anúncio da "Milícia Airlines", que faz referência às controversas amizades do senador Flávio Bolsonaro, filho do presidente, com membros das milícias do Rio e mostra o avião presidencial: "Boa viagem com a Milícia Airlines, limite de bagagem: 39 quilos."
Um militar da delegação do presidente Jair Bolsonaro foi pego com drogas a caminho do G20. O sargento tinha 39 quilos de cocaína em sua bagagem, segundo o jornal El País. Ele foi apanhado durante uma escala em Sevilha. A prisão foi confirmada por Bolsonaro através do Twitter.
As drogas foram encontradas durante uma verificação de rotina. Cada um dos 37 pacotes continha mais de um quilo de cocaína, que sequer estavam escondidos debaixo de roupas. O militar viajava em um avião reserva. Bolsonaro estava a bordo de outra aeronave.
Um porta-voz da Guarda Civil [espanhola] disse que o homem foi preso na terça-feira após seu avião pousar no aeroporto andaluz. "O soldado viajava em um avião militar que chegou do Brasil e fez escala no aeroporto de Sevilha, rumo a Tóquio", afirmou.
"O soldado foi descoberto com cocaína em sua bagagem de mão, que pesava um total de 39 quilos. Ele foi preso por suspeita de tráfico de drogas e está sob custódia em nossa central em Sevilha, esperando ser ouvido por um juiz." O avião transportava uma delegação militar incumbida de proteger o presidente brasileiro, Jair Bolsonaro, durante a cúpula no Japão.
No início do mês, Bolsonaro ratificou uma política antidrogas projetada para impor punições mais duras e que exige que os usuários sejam submetidos a reabilitação em centros privados ou religiosos. As novas regras aumentam o tempo mínimo da pena de prisão para os traficantes que lideram organizações criminosas de cinco para oito anos, além de reforçar o papel das comunidades terapêuticas.
Especialistas argumentam que a legislação deixa o Brasil na contramão de muitos outros países que visam tratar a dependência de drogas como uma questão de saúde. Anteriormente, os usuários tinham que concordar com a admissão em hospitais, mas, a partir de agora, a lei permite a reabilitação involuntária sob a recomendação de um parente ou de autoridades de saúde pública.
Fontes da Guarda Civil detalharam que a apreensão da droga e a posterior prisão do militar ocorreram quando cerca de vinte militares que integram a tripulação, juntamente com seus equipamentos, passaram pelo controle aduaneiro após sua chegada ao aeroporto de Sevilha.
O agora detido suboficial de 38 anos [...] havia desembarcado do avião com uma sacola de roupas e uma bagagem de mão. Quando os agentes verificaram a última destas, descobriram que continha 37 pacotes de pouco mais de um quilo cada, cujo conteúdo resultou ser cocaína. "Nem ao menos estavam camuflados entre as roupas" disseram as fontes da instituição.
Esta não é a primeira vez que membros da Força Aérea do Brasil utilizam sua condição de militar para traficar entorpecentes. Em abril passado, o Tribunal Superior Militar brasileiro decretou a expulsão de um tenente-coronel por seu envolvimento no transporte de 33 quilos de cocaína em 1999.
A aeronave em questão tinha uma escala no aeroporto de Las Palmas rumo à França, seu destino final. Outros dois acusados já haviam perdido sua condição de militar nesse mesmo caso. O tenente-coronel foi condenado a 16 anos de prisão por integrar uma "rede especializada no tráfico internacional de cocaína", que utilizava os aviões da Força Aérea.
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Imprensa internacional repercute prisão de militar brasileiro - Instituto Humanitas Unisinos - IHU