Por: Rafael Francisco Hiller | 07 Mai 2019
A edição 141° do Cadernos de Teologia Pública descreve "uma paisagem de um tempo da história para perscrutar um modo de pensar, e prever algumas ressonâncias a partir de um evento ocorrido em março de 2017, na Cidade do Vaticano, sob os auspícios da Cúria Romana. O referido evento, intitulado: O Congresso Música e Igreja: culto e cultura aos 50 anos da Musicam Sacram, concentrou seu interesse na temática da música sacra. Não se tratou de um evento com consequências generalizantes. De modo subliminar, esteve em jogo um processo de consolidação de base, que é, ao mesmo tempo, fronteira para discursos mais refinados e projeto de continuidade”.
O congresso enquanto um evento comemorativo, segundo Márcio Antônio de Almeida, cumpriu os seus objetivos. “A memória dos 50 anos da Instrução fez-se necessária para levantar da poeira as potencialidades da norma e as suas possibilidades de implementação e revigoramento. Musicam Sacram não foi superada por nenhum outro documento”.
Segundo Almeida, com a exceção do discurso do Papa, o congresso não se mostrou efetivo no que diz respeito ao fomento das discussões em torno do aspecto prático da música litúrgica. “Os participantes foram brindados com conferências bem conduzidas, mas, ao mesmo tempo, “blindados”, isto é, não houve espaços para comentários, interferências ou questionamentos.
Para Almeida, “a ausência do Brasil no painel das discussões do Congresso, se por um lado causou estranheza, por outro desafiou uma parcela dos participantes brasileiros a assumir com maior seriedade e método o trabalho em prol do desenvolvimento da música litúrgica, inclusive com produções teóricas e formação competente neste campo. Que tenha servido de lição, sobretudo, para quem se arrisca a pensar que o seu trabalho se basta entre as cercas de um ofício mínimo. Além do estudo metódico, há que se buscar parcerias efetivas com áreas afins para dar solidez aos argumentos”.
Podemos afirmar que o canto e a música que comporão as festividades litúrgicas realizadas durante o Congresso desvelaram “um modelo operativo em configuração romana que, apesar de ser considerado modelar para a igreja universal, pautou-se pela “nobre simplicidade”, mas também por formas cristalizadas”.
Segundo o autor do presente caderno, “Francisco não canta solo algum, de fato. Seu limite! Observa-se nele, enquanto preside, um esforço para juntar-se ao coro do povo de Deus, sem destaque. Mas, como Igreja, tem exercido um ofício fascinante de acordar-nos para o adormecido e de provocar-nos aos ‘olhos de ver’ e às entrelinhas".
1. Introdução
2. O congresso musica e chiesa: retrospectos e
confluências
3. O discurso do papa: citações e posicionamentos
4. Presença/ausência brasileira: algumas
considerações
5. Considerações finais
Márcio Antônio de Almeida é doutor em Música pelo Instituto de Artes da UNESP, membro da presidência do International Study Group for Liturgical Music, do Centro de Liturgia Dom Clemente Isnard, da Equipe de Reflexão de Música Litúrgica da CNBB. Atua como professor de pós-graduação lato sensu e no ensino básico. Regente do Coral do Hospital Santa Catarina e do Coral da Associação de Advogados de São Paulo.
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Franciscus non cantat: um discurso, alguns percursos e ressonâncias acerca da música litúrgica pós-conciliar - Instituto Humanitas Unisinos - IHU