26 Abril 2019
Como frear a destruição da natureza? Governos e cientistas se reunirão na próxima semana, em Paris, para alertar sobre o estado dos ecossistemas do planeta, golpeados pela ação do homem.
A reportagem é publicada por Clarín, 25-04-2019. A tradução é do Cepat.
Esta avaliação mundial é a primeira em quase 15 anos: 150 especialistas de 50 países trabalharam durante três anos, reunindo milhares de estudos sobre biodiversidade.
Seu relatório, de 1.800 páginas, será submetido, a partir de segunda-feira, aos 130 Estados membros da Plataforma Intergovernamental Científico-normativa sobre Biodiversidade e Serviços dos Ecossistemas (IPBES), que discutirão ponto por ponto.
“O patrimônio ambiental mundial – a terra, os oceanos, a atmosfera e a biosfera -, da qual depende a humanidade, está sendo alterado em um nível sem precedentes, com impactos em cascata sobre os ecossistemas locais e regionais”, aponta o rascunho do resumo do relatório, que poderá ser modificado, segundo informou a agência AFP.
Água potável, ar, insetos polinizadores, matas que absorvem CO2..., a constatação sobre estes recursos é tão alarmante como o último relatório do Painel Intergovernamental de Especialistas sobre a Mudança Climática (IPCC), que no ano passado destacou a lacuna crescente entre as emissões de gases do efeito estufa e o objetivo de limitar a mudança climática.
Segundo o texto, os dois fenômenos – perda de biodiversidade e aquecimento global – estão acentuados pelos mesmos fatores, entre eles, as práticas agrícolas e o desmatamento, responsáveis por cerca de um quarto das emissões de CO2.
Por sua vez, a exploração de terras e recursos (pesca, caça) é a maior causa da perda de biodiversidade, seguida pela mudança climática, poluição e espécies invasivas.
O resultado é “uma aceleração rápida, iminente, do nível de extinção de espécies”, segundo aponta o rascunho do relatório. Das 8 milhões de espécies no planeta (das quais 5,5 milhões são de insetos), “entre meio milhão e um milhão estarão ameaçadas de extinção, muitas delas nas próximas décadas”, destaca o texto.
Estas projeções correspondem às advertências de muitos cientistas que estimam que a Terra está começando a “6ª extinção massiva”.
No entanto, várias fontes do setor lamentaram que o projeto da ONU não fosse tão claro, ao não mencionar esta extinção em massa.
“Não há dúvida que nos dirigimos à sexta extinção em massa, e a primeira causada pelo homem”, declarou à AFP o presidente do IPBES, Robert Watson. “Contudo, não é algo que o público consiga ver facilmente”.
Para que haja uma tomada de consciência, “é preciso dizer que estamos perdendo insetos, matas, espécies carismáticas”. Também “os governos e o setor privado devem começar a levar a sério a biodiversidade, tanto como o aquecimento”, insistiu este cientista.
Um ano antes da aguardada reunião dos Estados-membros do Convênio da ONU sobre Diversidade Biológica (COP15), na China, muitos especialistas esperam que o relatório do IPBES signifique uma etapa crucial para um acordo de envergadura como o assinado em Paris, em 2015, contra a mudança climática, ou seja, que se fixem “objetivos de alto nível”.
“Se queremos um planeta sustentável em 2050, devemos contar com uma meta muito agressiva para 2030”, apontou Rebecca Shaw, cientista-chefe da ONG. “Assim como em relação ao clima, devemos mudar de trajetória nos próximos 10 anos”.
No entanto, dado que os “remédios” contra o aquecimento global relacionados às mudanças no sistema produtivo e de consumo suscitam, já, grandes resistências, os especialistas se perguntam o que acontecerá com a biodiversidade...
“Será ainda mais difícil porque as pessoas são menos conscientes dos problemas da biodiversidade”, afirmou Jean-François Silvain, presidente da Fundação francesa para a Investigação sobre a Biodiversidade. “Precisarão ser lúcidos”, concluiu.
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Sexta extinção em massa na Terra ameaça mais de meio milhão de espécies - Instituto Humanitas Unisinos - IHU