01 Mai 2018
Assim como muitos colégios jesuítas e faculdades católicas dos EUA, a Universidade de Fairfield, em Connecticut, hoje conta com um forte sistema de apoio para alunos e funcionários LGBTQ+ no campus. Há uma organização dos estudantes de graduação, a Fairfield Alliance, toda uma panóplia de recursos para inclusão das minorias sexuais e de gênero, o Programa de Espaço Seguro (Safe Space Program) e a Rede Ally (Ally Network), uma área comum de gênero, sexo e sexualidade e um ministério acadêmico inclusivo. Os estudantes da universidade participaram de uma conferência anual chamada IgnatianQ, um encontro de estudantes LGBTQ de faculdades e universidades jesuítas de todo o país.
A reportagem é de Francis DeBernardo, publicada por New Ways Ministry, 27-04-2018. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
Portanto, vale lembrar que um ambiente maravilhoso de apoio como esse não surgiu do nada, mas sim por causa de pioneiros corajosos. Em 27 de abril de 1989, o jornal diocesano The Long Island Catholic apresentou uma notícia da Associated Press intitulada "Faculdade jesuíta debate sobre coalizão de homossexuais". A notícia começava assim:
"Uma nova organização para estudantes gays e lésbicas na Universidade de Fairfield agitou a faculdade jesuíta e recebeu a bênção cautelosa de alguns”.
"A chamada Gay-Lesbian-Straight Coalition [coalizão entre heterossexuais, gays e lésbicas] foi criada há cerca de um mês para apoiar os homossexuais e proporcionar um fórum semanal aos alunos da Universidade Católica para discutir questões que dizem respeito a homossexuais e heterossexuais”.
"Um dos organizadores do grupo, Peter Bolger, descreveu o grupo como 'uma coalizão para uma humanidade melhor'”. Ele considerou a comunidade acadêmica 'bastante... fechada e homofóbica'”.
Talvez como um sinal da controversa formação do grupo na época, um porta-voz da universidade se recusou a comentar a respeito. No entanto, um funcionário da faculdade teceu alguns comentários:
"Pe. Vincent Burns, professor de ética e moralidade, disse que se a formação da organização estivesse alinhada com a 'proteção ou promoção de direitos civis', seria bem-vinda na universidade”.
"Mas se for formada para promover a ideia de que a atividade homossexual é algo 'bom e normal... sou contra. Vai contra a longa tradição da Igreja'".
Entre as reações dos estudantes reportadas, as questões de financiamento, identidade católica e diversidade foram cruciais:
" 'Se querem formar um grupo, o problema é deles', disse o calouro Rob Stevenson. 'Eu não acho que deve ser permitido aqui. Eles precisam de um grupo de apoio... mas eu não acho que devam receber qualquer financiamento da universidade'”.
“Stevenson disse que o financiamento deveria ir para organizações acadêmicas de estudantes com interesses em comum, não com preferências sexuais em comum”.
"'É uma escola católica', disse a aluna do segundo ano Margaret Smith, que alegou estar dividida a respeito do grupo, 'mas sinto que eles devem ter o direito de se encontrar e conversar'”.
"Ela e vários outros estudantes disseram que achavam que o próprio grupo deveria levantar fundos”.
"Diane Anderson, aluna do primeiro ano, disse que achava que a ideia do grupo era 'excelente'”.
"'Faz parte de uma educação liberal aprender sobre os diferentes pontos de vista', afirmou.
"'É fabuloso', disse Jaime Fuertes, um estudante de pós-graduação que disse que o grupo traria diversidade para o campus".
É incrível ver onde os alunos, funcionários e faculdades católicas chegaram nos últimos 20 anos.. Por um lado, grande parte das faculdades católicas, com exceção das mais conservadoras, não veem os estudantes LGBTQ prioritariamente a partir de sua atividade sexual. Muitas faculdades católicas passaram a ver os estudantes LGBTQ como uma população única, com dons e perspectivas a oferecer à comunidade acadêmica, com algumas necessidades particulares que a comunidade está disposta a atender.
Os dois primeiros alunos citados no trecho acima parecem ser solidários, ainda que com certa relutância e de forma limitada. Atualmente, não seria assim. Hoje, estudantes universitários católicos e muitas administrações apoiam os estudantes LGBTQ mais abertamente, muitas vezes utilizando princípios católicos para defender suas posições.
Universidades e faculdades católicas estão na vanguarda da demonstração de uma forma de a Igreja mais ampla tratar seus membros LGBTQ com justiça e igualdade. Já andamos um longo caminho!
Para saber mais sobre as muitas formas como as faculdades católicas estão tomando a frente nessa questão, confira os posts "Campus Chronicles" (Crônicas do Campus), no nosso blogue.
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EUA. Universidade jesuíta debate sobre coalizão de homossexuais - Instituto Humanitas Unisinos - IHU