13 Abril 2018
O empresário distribuiu cerveja grátis pela prisão de Lula e expôs mulher nua em frente ao Bahamas. No fundo, fotos de Sérgio Moro e Cármem Lúcia.
Movimentos de profissionais do sexo lançaram notas de repúdio a Oscar Maroni, um dos maiores empresários de prostituição do País e dono da boate Bahamas Club. Na noite da sexta-feira 6, Maroni ofereceu cerveja gratuita para cerca de três mil pessoas em comemoração ao decreto de prisão de Lula.
Vestido de presidiário, o empresário expôs uma mulher nua em frente ao Bahamas e, ao fundo, numa espécie de altar, aparecem fotos do juiz Sergio Moro e da ministra do Supremo Tribunal Federal (STF), Cármem Lúcia. A foto do cenário montado por Maroni viralizou nas redes sociais e foi alvo de críticas. Um vídeo também mostra Maroni apalpando os seios de uma mulher diante de uma multidão masculina.
A reportagem é publicada por CartaCapital, 12-04-2018.
Em vídeo que circula pela internet Maroni diz: “Se o Lula for preso, a cerveja é de graça até a meia noite. Agora, se matarem ele na prisão, a cerveja vai ser de graça durante o mês inteiro”. “E se for sofrida a morte?”, pergunta um homem. “Aí eu dou o rabo”, responde.
O Movimento Brasileiro de Prostitutas emitiu nota em repúdio à “humilhação de mulheres por empresários sem escrúpulos”. “Nós, prostitutas organizadas do Brasil, repudiamos a associação de nossas imagens e a de nossos locais de trabalho com corruptos e todos os demais personagens que perpetram o golpe atuando na política, no Judiciário, no Executivo e na ‘grande’ imprensa”.
Na nota, apontam “como o retrato mais bem acabado do golpe brasileiro a atitude grotesca do empresário paulistano Oscar Maroni, golpeando e humilhando uma prostituta, sob aplausos dos que comemoravam a prisão de Lula e à luz das fotografias de duas peças-chave do desastre brasileiro: Sérgio Moro e Carmen Lúcia. O recado dado por esse empresário não poderia ser mais explícito: exploração sem receios garantida pelo judiciário corrompido”.
A Associação Mulheres Guerreiras de Campinas também lançou uma carta de repúdio à agressão sofrida pela mulher e profissional do sexo cometida por Maroni, na qual reforçam a luta pela garantia de seus corpos e declaram apoio a Lula.
Nas imagens e vídeos, diz o texto “a profissional tem a sua boca tapada e é segurada com gestos grosseiros e agressivos pelo empresário, numa clara atitude machista, oferecendo a mulher como presa aos “homens de bem”, defensores da moral e dos bons costumes que comemoravam a prisão do ex-presidente Lula em frente ao seu estabelecimento”.
Na nota, afirmam: “Nós, profissionais do sexo, somos trabalhadoras e trabalhadores sérios, exigimos respeito no exercício do nosso trabalho e não aceitamos ser tratadas e tratados como objetos. Lutamos diariamente pela garantia de nossos direitos e por dignidade. Nós temos lado nessa luta e o nosso lado é contrário a esse machismo que violenta, machuca e mata corpos e mentes diariamente".
Em outro trecho, as profissionais dizem: "Diante da atitude covarde e insana desse empresário golpista, repudiamos veementes seus atos machistas, misóginos e criminosos. Lamentamos profundamente que a Lei que “que deve ser para todos”, infelizmente, ainda não alcançou isso. Em tempo, nos solidarizamos com a mulher trabalhadora e profissional do sexo pela violência sofrida e reafirmamos que a nossa luta não vai parar, pois existe um Lula em cada uma e em cada um de nós e as suas ideias e seus sonhos seguirão conosco eternamente".
Maroni também afirmou que será candidato a deputado federal pelo Partido Republicano da Ordem Social (PROS) nas eleições de 2018: "Aos 67 anos eu quero mudar o Brasil. Vou me candidatar a deputado porque quero ir pra Brasília para mudar o Brasil. Sou um empresário bem sucedido e não preciso disso, mas agora eu tenho esperança de que podemos fazer mudança. O símbolo da minha candidatura será uma granada sem pino e os exemplos que eu seguirei serão o do juiz Sérgio Moro e da ministra Cármen Lúcia", disse em entrevista ao portal de notícias IG.
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Profissionais do sexo repudiam Oscar Maroni - Instituto Humanitas Unisinos - IHU