08 Março 2018
A criação do Conselho para o setor econômico, a aprovação de um regulamento administrativo, que "forneça diretrizes operacionais no plano carismático e nas operações econômicas", além da criação de comissões e grupos de trabalho sobre "questões ou eventos de natureza jurídica e econômica específica". Sem esquecer a identificação de "formas eficazes de coordenação entre o Ecônomo Geral, os ecônomos provinciais e os responsáveis pelas obras". Essas são algumas das indicações contidas na Economia a serviço do carisma e da missão, que apresenta um conjunto de orientações para a gestão dos bens econômicos por parte dos institutos de vida consagrada e das sociedades de vida apostólica. Foram comentadas na terça-feira, 6 de março, na Pontifícia Universidade Antonianum, pelo cardeal prefeito do dicastério João Braz de Aviz e pelo Arcebispo Secretário José Rodríguez Carballo, durante a apresentação do texto publicado pela Libreria Editrice Vaticana.
A informação é publicada por L'Osservatore Romano, 06/07-03-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
As orientações enfatizam a necessidade de "adquirir uma mentalidade de planejamento e solicitam" a "assumir em primeiro lugar uma metodologia e instrumentos para antecipar, delinear e guiar a mudança e o crescimento no trabalho diário". Tudo isso com o objetivo de oferecer às pessoas, às comunidades e às obras "a capacidade de olhar além, de interpretar o mundo e as necessidades atuais".
À luz do plano carismático, D. Rodríguez Carballo declarou que “as decisões operacionais sobre os bens poderão ser assumidas pelo superior geral e seu conselho dentro de um quadro de referência compartilhado” e, razoavelmente, “fora de uma lógica emergencial e longe de escolhas autorreferenciais". Sempre para garantir que as escolhas "estejam em conformidade com o carisma do instituto, com sua missão e dentro dos ditames da pobreza", o capítulo geral é convidado a elaborar e aprovar "à luz da experiência adquirida ao longo do tempo, um guia econômico ou outro texto semelhante".
Em especial, as diretrizes operacionais pedem "para iniciar ou melhorar programas de formação para a área econômica tanto em uma perspectiva ampla em relação à doutrina social da Igreja, como com específicas atenções às questões econômicas e administrativas". Também pedem "para promover, em colaboração com outras instituições, momentos compartilhados de formação e de estudo", que combinem "a competência técnica", com "a consciência da especificidade da vida consagrada". Sem dúvida deve ser dispensada uma atenção especial à formação de ecônomos e outros membros das instituições com encargos de responsabilidade em matéria econômica. Os superiores, por seu lado, são incentivados a adquirir "os elementos necessários para avaliar as temáticas submetidas à sua atenção," sem descuidar da formação dos leigos chamados a colaborar.
O tema dos pobres, como ressaltou o arcebispo, perpassa todo o documento. E "não pode ser de outra forma: a gestão dos bens das instituições e das sociedades só pode ser entendida dentro do discipulado de Cristo pobre". É a escolha de seguir Cristo pobre que "leva à opção pelos pobres". Nessa perspectiva, cada instituição e cada sociedade devem fazer "um verdadeiro encontro com os pobres", propiciando "um compartilhamento que se torne um estilo de vida". Tudo isso "exige não só a pobreza pessoal, mas também uma compatível pobreza comunitária", porque "qualquer comunidade da Igreja, na medida em que pretenda ficar tranquila sem lidar de forma criativa e cooperar eficientemente para que os pobres possam viver com dignidade e para a inclusão de todos, também corre o risco de dissolução".
Para as comunidades de vida consagrada foi solicitado "não se limitar a identificar as categorias dos pobres", mas encontrar "os caminhos para ir ao encontro delas". A parábola do Bom Samaritano é "um convite para se tornar o próximo". Na verdade, o desejo de "responder ao Senhor, oferecendo a nossa vida pelo próximo não pode contentar-se com ideias", mas deve se traduzir "em uma mentalidade capaz de projetar para mudar o mundo, para iniciar processos". Talvez sem resultados imediatos e às vezes "de forma velada e simples, mas em condições de se inserir na história e desencadear desenvolvimentos imprevistos". Os carismas, de fato, não se destinam a "ocupar espaços de poder", mas nascem como resposta às necessidades dos menores e mais frágeis. Viver a Providência que "permanece a nossa primeira forma de financiamento - lembrou o prelado - é saber aceitar o que Deus envia para as nossas vidas e abrir as mãos para restituí-lo aos pobres".
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Um caminho para ir ao encontro dos pobres. Texto do Vaticano apresenta as orientações para a gestão econômica das congregações religiosas - Instituto Humanitas Unisinos - IHU