01 Dezembro 2017
Um novo escândalo atinge as finanças do Vaticano enquanto o Papa Bergoglio está a milhares de quilômetros de distância, em Mianmar. Depois do rumoroso afastamento de alguns meses atrás do auditor Libero Milone, por supostas investigações não autorizadas (mas negadas por ele) nos ministérios da Santa Sé, sai de cena com uma súbita demissão também o subdiretor "adjunto" do Instituto para as obras de Religião, Giulio Mattietti, nomeado por Francisco em novembro de 2015 juntamente com o atual diretor, Gian Franco Mammì. O Vaticano não fornece detalhes sobre as razões que levaram a tomar essa medida que, de qualquer forma, parece ter razões importantes embora não consideradas de âmbito criminal.
A reportagem é de Paolo Rodari, publicada por Repubblica, 30-11-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
O passo em falso de Mattietti, contudo, deve ter sido significativo, visto a drástica medida tomada. As versões sobre a forma com que Mattietti deixou o Vaticano também são discordantes: alguns dizem que foi escoltado até a porta de Santa Ana pela gendarmaria vaticana e outros que simplesmente foi acompanhado por funcionários da instituição que queriam se despedir. Apesar da transparência tantas vezes repetida pelos colaboradores do Papa, a imagem das finanças do Vaticano permanecer opaca.
Na última quinta-feira, a vice-diretora da Sala de Imprensa, Paloma García Ovejero, apenas confirmou a notícia, divulgada durante a tarde pela ANSA, dizendo que Mattietti "encerrou a sua função na segunda-feira, 27 de novembro". Enquanto nos últimos dias teria tido medida similar relativa a outro funcionário do IOR, mas continua difícil entender se os dois casos estejam ligados ou não.
O que é certo é que tanto Mattietti como Milone faziam parte do plano de renovação das finanças do Vaticano posto em movimento por Francisco. Um plano que, evidentemente, ainda luta para decolar, talvez até mesmo para um conflito de interesses entre a Secretaria de Estado do Vaticano e a Secretaria para a economia dirigida pelo cardeal australiano George Pell, confinado na Austrália para responder por acusações de pedofilia. Enquanto isso, muitos estão dispostos a apostar que o próximo a deixar a função será Jean-Baptiste de Franssu, o atual presidente do IOR, já há tempo balançando no cargo. Mattietti trabalhou durante anos no IOR como responsável por um setor muito delicado, o da Information Technology. A sua nomeação indicava o desejo de promover, em conjunto com a de Mammì no lugar de Rolando Marranci, os recursos profissionais internos do Instituto. No IOR, durante meses, trabalhou a empresa de consultoria estadunidense Promontory que possibilitou o fechamento de centenas de contas externas, dando o impulso para uma nova temporada que, no entanto, hoje não parece absolutamente decolar.
O nome de Mattietti foi lançado em 2013. O Fatto Quotidiano publicou algumas declarações feitas pelo então diretor-geral do IOR, Ernst von Freyberg, diante do Conselho Geral: "Em agosto de 2013 - disse ele - a direção geral do IOR foi informado pelo Dr. Giulio Mattietti, responsável pelo setor de TI do IOR, sobre algumas operações - desprovidas de documentação de apoio suficiente e, anteriormente, nunca apresentadas - pela Empresa Imola Informatica Srl por um montante de Euros 779.366". De acordo com Von Freyberg, portanto, o responsável pelo serviço de informática teria descoberto faturas desconhecidas. "Eu não entendo a surpresa", explicou ao Fatto Quotidiano o administrador da Imola Informatica, Claudio Bergamini, "trabalhamos com o IOR há muitos anos como resulta de uma auditoria publicada pela empresa de consultoria For- rester Research em 2012".
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Novo escândalo no Banco do Vaticano: demitido subdiretor - Instituto Humanitas Unisinos - IHU