01 Agosto 2017
De acordo com o parecer do especialista da Igreja moscovita, Roman Lunkin, o patriarca ortodoxo russo Kirill não é muito favorável que o Papa cumpra em breve uma viagem para a Rússia. O motivo seria o ciúme que a popularidade de Francisco vem angariando na Rússia. Roman Lunkin é diretor do Centro de Estudos Religiosos do Instituto Europeu da Academia de Ciências. Em um comunicado à agência KNA alemã, reiterou: "O Patriarca Kirill não sente necessidade alguma de uma visita do papa a Moscou".
A reportagem é de Antonio Dall'Osto, publicada por Settimana News, 26-07-2017. A tradução é de Luisa Rabolini.
Na Rússia, ressaltou Lunkin, através dos meios de comunicação social, o papa alcança uma grande quantidade de pessoas e é "muito popular porque ele se comporta de uma forma mais aberta, sincera e acessível do que Kirill, com aquela sua patética imagem carregada de mensagens políticas". Por esta razão, o patriarca "poderia sentir ciúmes se realmente Francisco viesse a Moscou". No entanto, para Kirill, no que diz respeito à Ucrânia, as relações com a Igreja Católica são 'muito importantes'.
Sempre de acordo com Lunkin, após o primeiro encontro histórico entre Francisco e Kirill na capital cubana de Havana, em fevereiro de 2016, o papa é considerado "um aliado da Igreja Ortodoxa Russa na Ucrânia". E isso tem uma enorme importância frente ao perigo de que aquela Igreja Ortodoxa se separe do Patriarcado de Moscou. Kirill encontra apoio na afirmação de Francisco de que a única Igreja canônica é a Ortodoxa Russa. O patriarca também deseja, juntamente com o Papa, proteger os cristãos do Oriente Médio, e também fazer uso das universidades católicas para a formação de novos sacerdotes.
No que se refere a Putin, segundo Lunkin, os interesses são, ao contrário, distintos: "Putin quer que o Papa Francisco apoie espiritualmente a sua política para dizer ao mundo que ele e seu país defendem a identidade e os valores tradicionais, e que a democracia não é assim tão importante". O Vaticano e o Kremlin, inclusive, concordaram em combater a discriminação contra os cristãos.
Uma grande importância é, portanto, atribuída ao encontro entre número dois do Vaticano, o cardeal secretário de Estado Pietro Parolin, com Kirill e Putin, previsto para a segunda metade de agosto, em Moscou. "Será uma visita histórica - afirmou Lunkin - no sentido de que, após a reunião de Havana, continua a colaboração no campo da cultura, da formação e do compromisso com o Médio Oriente". Além disso, "a viagem de Parolin também pode ser considerada uma preparação para um novo encontro entre os líderes da Igreja e para uma viagem do Papa à Rússia".
A visita de Parolin foi a primeira ida à Rússia de um cardeal secretário de Estado desde 1888, e a do mais alto grau possível de um funcionário do Vaticano. Após o fim do comunismo, a Santa Sé abriu novamente uma representação em Moscou. Com Bento XVI (2005-2013) a Rússia e a Santa Sé, no final de 2009, haviam retomado plenamente as relações diplomáticas e, em 2010, instituíram oficialmente embaixadores.
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Kirill, o Papa e o Vaticano. "Não é necessário uma viagem do Papa a Moscou", segundo o Patriarca - Instituto Humanitas Unisinos - IHU