13 Junho 2017
A pesquisa conduzida pela Fundação Lemann indica que os problemas apontados no estudo também podem contribuir para a manutenção da desigualdade nas comunidades escolares mais carentes. Especialistas da área de educação corroboram a avaliação.
A reportagem é de Isabela Palhares e Luiz Fernando Toledo, publicada por O Estado de S. Paulo, 12-06-2017.
“Esses dados mostram que quanto menor o nível socioeconômico da escola, mais há um processo de ‘evitação’ das escolas pelos educadores”, diz o coordenador de desenvolvimento e pesquisa do Centro de Estudos e Pesquisas em Educação, Cultura e Ação Comunitária (Cenpec), Antonio Augusto Gomes Batista. Para ele, não se trata de preconceito. “Há muitas dificuldades nessas escolas. Elas ficam em regiões vulneráveis, mais afastadas do centro, em lugares que não têm equipamentos públicos e onde faltam saúde, segurança e cultura.”
Outro problema, aponta, é a grande quantidade de alunos de nível socioeconômico mais baixo, diferentemente de outras escolas que têm mais heterogeneidade no perfil de alunos. “Há um efeito de pares. Um conjunto de pessoas parecidas em um grupo acaba influenciando o conjunto e fica mais difícil para a escola transmitir os seus valores.”
Para o pesquisador e gerente de projetos da Fundação Lemann, Ernesto Faria, é necessário pensar em políticas que redirecionem mais recursos para essas escolas de baixa renda. “O que existe hoje são programas que garantem o mínimo, mas não um recurso e apoio a mais do que outras escolas”, diz ele. “Muitas vezes essas escolas que atendem o aluno de baixa renda não conseguem articular nem as demandas mais básicas.” Faria aponta ainda a necessidade de políticas de estímulo para que professores com melhor formação escolham escolas com maiores dificuldades, como acontece na Bélgica e na Finlândia.
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Para especialistas, problemas em escolas levam a mais desigualdade - Instituto Humanitas Unisinos - IHU