A América terá um instituto inter-religioso que contará com a bênção do Papa Francisco

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Por: André | 20 Julho 2016

Justamente no momento em que a Europa faz as contas com o terror pelos atentados de matriz islâmica, na América prepara-se um instituto de diálogo inter-religioso que contará com a bênção do Papa e busca lançar uma mensagem de convivência possível.

A reportagem é publicada por Terra, 18-07-2016. A tradução é de André Langer.

O organismo, cujo lançamento está previsto para os primeiros dias de setembro no Vaticano, será criado no seio da Organização de Estados Americanos (OEA) e é uma iniciativa de Omar Abboud, líder islâmico argentino e amigo de longa data de Francisco.

“Entendemos há muito tempo que o diálogo inter-religioso é uma boa parte da solução para os conflitos do mundo”, explicou Abboud em entrevista ao Notimex.

Todos se lembram dele como um dos amigos que o Papa abraçou na frente do muro das lamentações, em maio de 2014. O outro foi o rabino argentinho Abraham Skorka. Aquele foi um gesto premonitório.

“Acreditamos que Francisco é a única autoridade espiritual do mundo moderno, é quem expressa a objeção de consciência ao poder temporal. O único que ocupa esse espaço hoje é Bergoglio e não outro. Claro, com sua devida independência”, disse.

Dessa consideração derivou a ideia do Instituto para o Diálogo Inter-Religioso das Américas, que se inspira em um organismo similar nascido em Buenos Aires quando o arcebispo era Jorge Mario Bergoglio e que Abboud dirigia junto com o rabino Daniel Goldman e o padre católico Guillermo Marcó.

“Na Argentina a convivência superou a ideia de tolerância e gerou âmbitos particulares de colaboração”, destacou Abboud. Um verdadeiro “laboratório de convivência”, disse o Papa muitas vezes.

O novo instituto quer aproveitar essa experiência, além da juventude do continente americano, para lançar mensagens que sirvam como sinais de esperança.

O congresso vaticano durará dois dias e no final dos trabalhos será divulgada uma declaração. O secretário-geral da OEA, Luis Almagro, já deu total apoio à iniciativa.

Mas o instituto aspira a obter a maior autonomia possível, congregando delegados dos diversos países para formar uma estrutura de assembleia independente. Busca estabelecer rapidamente um cronograma de atividades concretas, enfocadas especialmente na educação.

“Pode-se educar para o diálogo, assim como também se pode educar para o fundamentalismo. Devemos ver como podemos reverter a tendência, e a América é um grande lugar para se fazer isto, pois ali existe uma espiritualidade presente”, disse Abboud.

“Falar de diálogo é muito sensível e é uma proposta política interessantíssima, porém dialogar é outra coisa completamente diferente”, precisou.

Disse que em muitas partes do mundo o diálogo inter-religioso “não passa de um chá e cortesia”, mas esclareceu que “deixamos isso para a diplomacia”. A proposta do novo instituto é promover valores comuns na prática, sem entrar em debates teológicos.

“O mundo, neste século em particular, terá que definir de que lado está. A religião é um ato de libertação, porém em mãos erradas e com más interpretações é o pior dos venenos. Quem ensina um homem a dialogar é como se tivesse dialogando com toda a humanidade”, assegurou.