Atentado no Paquistão. Mais muçulmanos mortos que cristãos

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Por: Jonas | 01 Abril 2016

“No massacre do dia da Páscoa não morreram também mulheres e crianças muçulmanas, ao contrário, morreram principalmente mulheres e crianças muçulmanas”. É o que recorda Giorgio Bernardelli, em “Mondo e Missione”, onde publicou os números oficiais sobre as vítimas do terrível atentado suicida que levou a vida de muitos meninos e meninas. O saldo mais atualizado fala em 74 mortos. Segundo o líder da polícia de Lahore, entre as vítimas identificadas, há 14 cristãos e 54 muçulmanos. Um dado que não surpreende, pois em um grande parque de uma grande cidade paquistanesa, em um dia de folga, era improvável atacar só e especificamente os cristãos. Mesmo tendo sido o dia da Páscoa e mesmo com a proximidade de duas igrejas cristãs pentecostais da Assembleia de Deus.

A reportagem é de Andrea Tornielli, publicada por Vatican Insider, 31-03-2016. A tradução é do Cepat.

No calor da notícia, em razão das celebrações pascais e da proximidade de duas igrejas (e, sobretudo, por causa da reivindicação do grupo terrorista talibã, que afirmou ter tido como alvo justamente os cristãos), difundiu-se a notícia de que as vítimas eram principalmente cristãs. Porém, poucas horas depois, quando se tornaram conhecidos os primeiros dados sobre o ocorrido, começou a aparecer outra realidade.

Dados que falavam de um atentado no qual morreram, misturando seu sangue, cristãos e muçulmanos, mas estes últimos pagaram o preço mais alto. O atentado de Lahore não foi um massacre de cristãos, mas um massacre de muçulmanos e cristãos.

Não há dúvida que é necessário manter elevado o nível de alerta e não deixar passar em silêncio a perseguição contra os cristãos no mundo. Contudo, também não se deve cometer o erro de ver segundo esta ótica tudo o que está acontecendo. Os atentados que nos últimos anos devastaram o Paquistão não tiveram como alvo só os cristãos, mas também os muçulmanos xiitas, ahmadis, sunitas moderados e sufis. E também foram atacados objetivos do governo.

O mesmo está acontecendo na Síria e no Iraque com o autoproclamado Estado Islâmico. Os que acabaram na mira dos desoladores fundamentalistas islâmicos não foram só cristãos ou yazidis, mas também muitos muçulmanos sunitas moderados e xiitas. O que está acontecendo, para além de slogans e da hábil propaganda antiocidental do Estado Islâmico, é antes que tudo uma guerra dentro do próprio Islã.