Judeus e católicos: não às conversões e à teologia da substituição

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14 Dezembro 2015

"Os católicos não devem tentar converter os judeus." Como era fácil de se esperar – dada a história dolorosa e as incompreensões do passado em relação a esse ponto específico –, a parte dedicada ao "mandato evangelizador da Igreja em relação ao judaísmo" é a seção mais retomada nas primeiras reações judaicas ao novo documento vaticano.

A reportagem é de Giorgio Bernardelli, publicada no jornal Avvenire, 11-12-2015. A tradução é de Moisés Sbardelotto.

O site do Yedioth Ahronoth – um dos jornais israelenses mais populares –, no artigo que relata o documento, fala de uma "primeira vez em que a Igreja repudia de maneira oficial as tentativas de converter os judeus".

Uma grande atenção ao texto também foi dada pelo Arutz Sheva, site de informação próximo do mundo dos ultraortodoxos, muitas vezes também fortemente crítico da Igreja Católica. O artigo, intitulado "O Vaticano: os judeus não precisam de Cristo para se salvar", lembra como Bento XVI, em 2011, no livro-entrevista com Peter Seewald, já tinha se expressado em termos semelhantes.

O Arutz Sheva acrescenta que o novo documento "confirma a afirmação segundo a qual é só através da morte e da ressurreição de Cristo que todos os povos têm salvação, mas aceita que os judeus podem se beneficiar sem crer nele. Os próprios autores – comenta o site judaico – parecem reconhecer que se trata de uma quadratura do círculo teológica".

Fora de Israel, são positivos os comentários do American Jewish Committee, que salienta a importância do convite dirigido ao rabino David Rosen e ao professor Edward Kessler para estarem presentes na apresentação, no Vaticano. Relançando as palavras de Rosen, o AJC observa que "a nova reflexão repudia de maneira muito clara a teologia da substituição e reconhece o papel da Torá na vida do povo de Israel". No entanto, expressa o seu lamento pelo fato de ainda não ter sido reconhecida "a centralidade revestida pela Terra de Israel na história e na vida presente do povo judeu".

Na Itália, uma síntese do documento foi proposta pelo Moked, o site da União das Comunidades Hebraicas (Ucei, na sigla em italiano), que retoma a frase do cardeal Kurt Koch, segundo o qual, "entre cristianismo e judaísmo, pode-se falar de um vínculo de parentesco muito estreito e imprescindível".

Ao lado do documento vaticano, o Moked também apresenta outro documento, apresentada por 25 rabinos modernos ortodoxos por ocasião dos 50 anos da Nostra aetate e citado também na coletiva de imprensa da última quinta-feira no Vaticano.

Um texto sobre o modo pelo qual, hoje, se pode olhar o cristianismo como judeus, que está gerando discussão no mundo judaico por causa de uma afirmação forte: "O cristianismo – escrevem os signatários – não é nem um incidente nem um erro, mas um fruto da vontade divina e um dom para as nações".

Palavras acolhidas com frieza pelo site da Ucei, que define o texto como "um documento extremamente divisivo, que parece encontrar pouco consenso dentro dos ambientes ortodoxos e que leva a imaginar uma ruptura por parte de alguns rabinos decisivamente aberturistas e modernistas".