21 Janeiro 2016
Pesquisadores do Instituto Mamirauá monitoraram o nascimento de 1.348 filhotes de quelônios aquáticos na Reserva de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá, no final de 2015. Os dados compõem a série histórica da instituição e contribuem para o entendimento da ecologia das espécies estudadas.
A reportagem é de Amanda Lelis, publicada por Instituto Mamirauá, 20-01-2016.
A expedição aconteceu entre os meses de novembro e dezembro, com o monitoramento de três praias do rio Solimões no setor Horizonte, localizado na Reserva Mamirauá. Dos filhotes registrados, 80% eram de tartaruga-da-Amazônia (Podocnemis expansa), 12% de iaçá (Podocnemis sextuberculata) e 7% de tracajá (Podocnemis unifilis). O monitoramento da temporada reprodutiva dessas três espécies é feito desde 1998 pelos pesquisadores do Instituto Mamirauá, unidade de pesquisa do Ministério da Ciência, Tecnologia e Inovação. A atividade é realizada no período da seca, quando as praias se formam na região.
De acordo com Vanielle Medeiros, pesquisadora do Instituto Mamirauá, o monitoramento em campo contempla desde a desova até a eclosão. “Podemos ter uma base de quantos ninhos aquela praia está produzindo e mais ou menos quantos filhotes podem nascer dependendo disso. Por serem animais de vida longa, é importante fazer um acompanhamento ao longo do tempo para ter uma série histórica de dados que nos permite estudar a ecologia desses animais”, afirmou.
O trabalho foi iniciado em outubro, quando a equipe realizou a primeira expedição de campo para identificar os ninhos e a desova das fêmeas. Na ocasião, também foram mapeados 750 metros da praia, visando testar o grau de vulnerabilidade dos ninhos à probabilidade de inundação. Durante esse período, os ninhos encontrados foram marcados por GPS, e também foi feita a medição e pesagem dos ovos.
Em novembro e dezembro, a equipe retornou às praias de desova para acompanhar a eclosão e emergência dos filhotes. Após o nascimento, os animais também têm seus dados individuais coletados e a equipe faz uma marcação nos filhotes, possibilitando acompanhar o desenvolvimento deles em longo prazo, em posteriores recapturas.
Os dados coletados na última expedição ainda serão analisados. “Eles servem para comparar como está sendo a produção das praias monitoradas, saber qual o sucesso de eclosão dos ninhos, e também para ver se existe relação entre o tamanho da fêmea e o tamanho dos filhotes”, ressaltou a pesquisadora.
Vanielle também comentou sobre o esforço da equipe para avançar nos estudos com os quelônios fluviais amazônicos, monitorando essas espécies não só durante o período de seca, geralmente entre os meses de setembro e novembro. “Queremos saber quais são as áreas que eles estão na cheia. Geralmente os animais migram para outras áreas para alimentação e crescimento. É importante acompanhar essas outras áreas que também são usadas por essas espécies, mas talvez não sejam tão protegidas quanto as praias de desova”, disse.
Os pesquisadores contam com uma ajuda importante para a conservação dessas espécies: os comunitários que vivem na região. Na Reserva Mamirauá, os moradores das comunidades ribeirinhas organizam uma escala de vigilância para monitorar e proteger as praias de desova. São formadas equipes que acampam nas praias e se revezam para evitar possíveis invasões ou coleta de fêmeas ou ovos das espécies, que são apreciadas para consumo na região.
O projeto também conta com recursos do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq) e do Prêmio IGUi Ambiental.
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Instituto Mamirauá acompanha nascimento de mais de mil filhotes de quelônios na Amazônia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU