03 Mai 2019
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo João 21,1-19 que corresponde ao Quarto Domingo de Páscoa ciclo C, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
No epílogo do Evangelho de João, recolhe-se um relato do encontro do Jesus ressuscitado com os seus discípulos nas margens do lago da Galileia. Quando se escreve, os cristãos estão a viver momentos difíceis de provação e perseguição: alguns renegam a sua fé. O narrador quer reavivar a fé dos seus leitores.
A noite aproxima-se e os discípulos saem a pescar. Não estão os Doze. O grupo se dividiu ao ser crucificado seu Mestre. Estão de volta com as barcas e as redes que tinham deixado para seguir Jesus. Tudo acabou. De novo estão sós.
A pesca é um fracasso completo. O narrador enfatiza com força: «Saíram, embarcaram e naquela noite não pescaram nada». Voltam com as redes vazias. Não é essa a experiência de muitas comunidades cristãs que veem como se debilitam as suas forças e a sua capacidade de evangelização?
Muitas vezes, os nossos esforços no meio de uma sociedade indiferente dificilmente conseguem resultados. Também nós constatamos que as nossas redes estão vazias. É fácil a tentação do desânimo e do desespero. Como sustentar e reacender a nossa fé?
Nesse contexto de fracasso, o relato diz que «estava amanhecendo quando Jesus se apresentou na margem». No entanto, os discípulos não o reconheceram desde o barco. Talvez a distância, talvez a bruma do amanhecer e, sobretudo, seu coração entristecido que os impede de vê-lo. Jesus fala com eles, mas «não sabiam que era Jesus».
Não é este um dos efeitos mais perniciosos da crise religiosa que estamos sofrendo? Preocupados em sobreviver, vendo cada vez mais a nossa debilidade, não nos resulta fácil reconhecer entre nós a presença do Jesus ressuscitado, que nos fala do Evangelho e nos alimenta na celebração da ceia eucarística.
É o discípulo mais querido de Jesus o primeiro que o reconhece: «É o Senhor!». Não estão sós. Tudo pode começar de novo. Tudo pode ser diferente. Com humildade, mas com fé, Pedro reconhecerá o seu pecado e confessará o seu amor sincero a Jesus: «Senhor, Tu sabes que Te amo». Os outros discípulos não podem sentir mais nada.
Nos nossos grupos e comunidades cristãs, necessitamos de testemunhas de Jesus. Crentes que, com a sua vida e a sua palavra, nos ajudem a descobrir nestes momentos a presença viva de Jesus no meio de nossa experiência de fracasso e fragilidade. Os cristãos, sairemos desta crise aumentando a nossa confiança em Jesus. Às vezes, não somos capazes de suspeitar da Sua força para nos tirar do desânimo e do desespero.
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Como reavivar nossa fé? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU