15 Novembro 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 13,24-32 que corresponde ao 33° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
O melhor conhecimento da linguagem apocalíptica, construído de imagens e recursos simbólicos para falar do fim do mundo, permite-nos hoje escutar a mensagem de esperança de Jesus sem cair na tentação de semear angústia e terror nas consciências.
Um dia, a história apaixonante do ser humano sobre a terra chegará ao seu final. Esta é a convicção firme de Jesus. Esta é também a previsão da ciência atual. O mundo não é eterno. Esta vida acabará. Que será de nossas lutas e trabalhos, de nossos esforços e aspirações?
Jesus fala com sobriedade. Não quer alimentar nenhuma curiosidade mórbida. Corta qualquer tentativa de especular com cálculos, datas ou prazos. «Ninguém sabe o dia ou a hora..., só o Pai». Nada de psicose diante do final. O mundo está em boas mãos. Não caminhamos para o caos. Podemos confiar em Deus, nosso Criador e Pai.
A partir desta confiança total, Jesus expõe sua esperança: a criação atual terminará, mas será para abrir a passagem a uma nova criação, que terá por centro a Cristo ressuscitado. É possível acreditar numa coisa tão grandiosa? É possível falar assim antes que alguma coisa tenha acontecido?
Jesus recorre a imagens que todos podem entender. Um dia o sol e a lua que hoje iluminam a terra e tornam possível a vida irão apagar-se. O mundo ficará às escuras. Se apagará também a história da humanidade? Terminarão assim nossas esperanças?
Segundo a versão de Marcos, no meio dessa noite será possível ver o «Filho do homem», ou seja, a Cristo Ressuscitado, que virá «com grande poder e glória». Sua luz salvadora iluminará tudo. Ele será o centro de um mundo novo, o princípio de uma humanidade renovada para sempre.
Jesus sabe que não é fácil crer em suas palavras. Como pode provar que as coisas acontecerão assim?
Com uma simplicidade surpreendente convida a viver esta vida como uma primavera. Todos conhecem a experiência: a vida que parecia morta durante o inverno começa a despertar; nas ramas da figueira brotam de novo pequenas folhas. Todos sabem que o verão está perto.
Esta vida que agora conhecemos é como a primavera. Todavia não é possível colher. Não podemos obter realizações definitivas. Mas há pequenos sinais da vida que está em gestação. Nossos esforços por um mundo melhor não se perderão. Ninguém sabe o dia, mas Jesus virá. Com a sua vinda irá revelar-se o mistério último da realidade, que os crentes chamamos Deus. A nossa história apaixonante chegará à sua plenitude.
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Ninguém sabe o dia - Instituto Humanitas Unisinos - IHU