21 Setembro 2018
A leitura que a Igreja propõe neste domingo é o Evangelho de Jesus Cristo segundo Marcos 9,30-37 que corresponde ao 25° Domingo do Tempo Comum, ciclo B, do Ano Litúrgico. O teólogo espanhol José Antonio Pagola comenta o texto.
A caminho de Jerusalém, Jesus continua a instruir os seus discípulos sobre o final que o espera. Insiste uma vez mais que será entregue aos homens e estes o matarão, mas Deus o ressuscitará. Marcos diz que “Os discípulos não compreendiam o que Jesus estava dizendo, e tinham medo de fazer perguntas”. Não é difícil adivinhar nestas palavras a pobreza de muitos cristãos de todos os tempos. Não entendemos Jesus e temos medo de aprofundar a sua mensagem.
Ao chegar a Cafarnaum, Jesus pergunta-lhes: “Sobre o que vocês estavam discutindo no caminho?” Os discípulos calam-se. Estão envergonhados. Marcos diz que, pelo caminho, tinham discutido sobre quem era o mais importante. Certamente é vergonhoso ver Jesus, que caminha para a cruz, acompanhado de perto por um grupo de discípulos cheios de estúpidas ambições. O que discutimos hoje na Igreja enquanto dizemos seguir Jesus?
Uma vez em casa, Jesus dispõe-se a transmitir um ensinamento. Necessitam. Estas são as suas primeiras palavras: “Quem quer ser o primeiro, que seja o último de todos e o que está a serviço de todos”. No grupo que segue Jesus, o que quer se sobressair e ser mais que o outro deve colocar-se por último, no fim de todos; assim poderá ver o que necessitam e poderá ser o servidor de todos.
A verdadeira grandeza consiste em servir. Para Jesus, o primeiro não é o que ocupa um cargo de importância, mas quem vive a servir e a ajudar os outros. Os primeiros na Igreja não são as hierarquias, mas essas pessoas simples que vivem ajudando a quem encontram no seu caminho. Não devemos esquecê-lo.
Para Jesus, a sua Igreja deveria ser um espaço onde todos pensam no outro. Uma comunidade onde estejamos atentos a quem mais nos pode necessitar. Não é sonho de Jesus. Para Ele é tão importante que lhes põe um exemplo prático.
Senta-se e chama os seus discípulos. Logo aproxima uma criança e coloca-a no meio de todos para que fixem a sua atenção nela. No centro da Igreja apostólica deve estar sempre essa criança, símbolo das pessoas débeis e desvalidas: os necessitados de acolhimento, apoio e defesa. Não devem estar fora, longe da Igreja de Jesus. Devem ocupar o centro da nossa atenção.
Logo Jesus abraça a criança. Quer que os discípulos o recordem sempre assim: identificado com os débeis. Entretanto diz-lhes: “Quem acolhe em meu nome uma destas crianças, acolhe a mim”. “E quem me recebe não está recebendo a mim, mas aquele que me enviou.”
O ensinamento de Jesus é claro: o caminho para acolher Deus é acolher o seu Filho Jesus presente nos pequenos, nos indefesos, nos pobres e desvalidos. Por que o esquecemos tanto? O que está no centro da Igreja se já não está esse Jesus identificado com os pequenos?
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Por que o esquecemos? - Instituto Humanitas Unisinos - IHU