10 Fevereiro 2018
"Os casais que desejam a bênção deveriam atender certos critérios, tais como "ser oficialmente registrados no cartório civil"; isso incluiria os casais homossexuais, considerando que a Alemanha legalizou essa modalidade de união no ano passado. A cerimônia deveria ser "diferente da liturgia matrimonial: seriam omitidos determinados atos, tais como a troca de votos e das alianças, para evitar qualquer confusão com o sacramento do matrimônio."
O artigo foi publicado por Catholic News Agency (Estados Unidos), 24-01-2018. A tradução é de Luisa Rabolini.
A proposta de um bispo alemão que convida a Igreja Católica a criar uma cerimônia de bênção para casais homossexuais e pessoas divorciadas que voltaram a se casar civilmente recebeu certa aprovação durante uma conferência católica em Frankfurt.
No início de janeiro (2018), o bispo Franz-Josef Bode, vice-presidente da Conferência Episcopal Alemã, em uma entrevista ao jornal Neue Osnabrucker Zeitung disse que a Igreja deveria criar uma cerimônia de bênção para os casais homossexuais: "Precisamos pensar como distinguir a relação entre duas pessoas do mesmo sexo. Nelas há algo muito positivo, bom e justo, e devemos reconhecê-lo". Ele prosseguiu dizendo que as uniões homossexuais são uma realidade na Alemanha: "Devemos, portanto, perguntar-nos como ir ao encontro de quem firma tal união e é em parte envolvido na vida da Igreja. Como podemos acompanhar essas pessoas do ponto de vista pastoral e litúrgico para não as decepcionar?".
Em 20 de janeiro, o padre Johannes Zu Eltz, decano católico de Frankfurt e prelado da diocese de Limburg, disse que a Igreja deveria pensar em "cerimônias de bênção teologicamente fundadas" para os casais que não podem se casar catolicamente. A sugestão foi feita durante o II Fórum Católico da Cidade de Frankfurt, que contou com a presença de 170 líderes católicos. O Fórum, assim como outras iniciativas desse tipo, serve para discutir possíveis reformas na Igreja local.
A proposta de bênção se destina a casais homossexuais "e [aos divorciados] e quem se recasou civilmente, bem como para pessoas que consideram não ser suficientemente dignas do sacramento do matrimônio", como escreve o katholisch.de, o site oficial dos bispos alemães.
Os casais que desejam a bênção deveriam atender certos critérios, tais como "ser oficialmente registrados no cartório civil"; isso incluiria os casais homossexuais, considerando que a Alemanha legalizou essa modalidade de união no ano passado. A cerimônia deveria ser "diferente da liturgia matrimonial: seriam omitidos determinados atos, tais como a troca de votos e das alianças, para evitar qualquer confusão com o sacramento do matrimônio. A proposta do padre Zu Eltz, de acordo com a Diocese de Limburg, é que a cerimônia seja feita "no respeito ao vínculo estabelecido", implorando a bênção de Deus "para o futuro feliz de algo que já existe". Tal cerimônia iria satisfazer "a necessidade humana primitiva de 'salvação, proteção, felicidade e satisfação na vida', que se liga ao pedido da bênção por parte de Deus".
De acordo com o katholisch.de, no ano passado, o Bispo de Münster Felix Glenn proibiu "a bênção de um casal homossexual", para evitar confusão. De acordo com o ensinamento da Igreja Católica, o casamento é a união para a vida de um homem e uma mulher. Sobre aqueles que se sentem atraídos por pessoas do mesmo sexo, o Catecismo da Igreja Católica afirma que: "Um número significativo de homens e mulheres tem tendências homossexuais profundas. Essa inclinação, objetivamente desordenada, constitui para a maioria deles um teste autêntico. Eles devem ser bem-vindos com respeito, compaixão e delicadeza. Todos os sinais de discriminação injusta serão evitados. Essas pessoas são chamadas a realizar a vontade de Deus em suas vidas e, se elas são cristãs, devem unir ao sacrifício da cruz do Senhor as dificuldades que podem encontrar por causa de sua condição. As pessoas homossexuais são chamadas à castidade. Através de virtudes de autodomínio que educam a liberdade interior, e às vezes através do apoio de uma amizade desinteressada, oração e graça sacramental, eles podem e devem aproximar gradualmente e resolutamente a perfeição cristã” (CCC 2358-2359).
Esta proposta não é a primeira que vem da igreja alemã. Em 2015, por ocasião do Sínodo sobre a Família, monsenhor Bode declarou à agência de imprensa alemã KNA que estava de acordo sobre o fato de que a Igreja não deveria equiparar tais uniões com o casamento, mas que era necessário considerar seus pontos fortes e seus pontos fracos e talvez celebrar uma bênção privada. D. Bode foi um dos três bispos alemães eleitos delegados no Sínodo de outubro de 2015. Depois da publicação da Exortação Apostólica Amoris laetitia, D. Bode, juntamente com outros prelados alemães, tornou-se intérprete do desejo de que a Igreja reavalie a sua praxe sobre os casais homossexuais e os divorciados que voltam a se casar.
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Os bispos alemães propõem uma bênção para casais homossexuais e recasados Editorial do Catholic News Agency - Instituto Humanitas Unisinos - IHU