“O atual sistema espanhol de ajuda social cria armadilhas de pobreza”, afirma Guy Standing, guru da renda básica

Guy Standing (Fonte: Wikimedia Commons)

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21 Outubro 2017

É necessário garantir para todo mundo uma renda básica pelo fato de existir? É a reflexão de partida com a qual o economista e professor britânico da Universidade de Londres, Guy Standing, debateu, ontem, com os alunos de Economia e Empresa, da Universidade de Oviedo, no marco da conferência Renda Básica Universal. Como implantá-la?

A reportagem é de Maica Méndez, publicada por El Diario, 19-10-2017. A tradução é do Cepat.

Para Standing, a base e ponto de partida desta questão está na redistribuição do sistema, na reorientação do conceito de trabalho. “Não significa acrescentar gasto, mas, ao contrário, mudá-lo”. Não se trata de acabar com as políticas sociais, tão necessárias para determinados coletivos, mas, sim, de “reorientar o conceito de trabalho e de tempo”. Estimular, transformar a forma como se deve redistribuir o tempo e nos reorientar para poder desenvolver diferentes atividades e não basear nossa existência em um único trabalho como forma de vida.

Cofundador da Rede Global de Renda Básica, autor de livros como La Corrupción del capitalismo (Pasado & Presente), Standing destaca que a ajuda social, compreendida como subvenção, tão aplicada em países como a Espanha, é “o maior desincentivo que existe. É um sistema horrível e que está criando armadilhas de pobreza”. E acredita que o crescente “mercado negro” no qual se sustenta nosso país é fruto de um “excessivo” paternalismo estatal à grande empresa, que só contribui para “desestimular a economia” e que só faz com que as pessoas “trabalhem de forma desigual” e “em piores condições”.

Durante sua palestra, ressaltou três aspectos chaves para apoiar a renda básica universal: justiça social, seguridade e desigualdade, ligado ao sentido de liberdade econômica. Três focos nos quais centra sua reflexão para impedir o “precariado” em que estão imersos os trabalhadores, fruto da globalização. Termo que ele próprio alcunhou para se referir às pessoas que sofrem a insegurança trabalhista, insegurança de identidade e falta de controle do tempo.

Defende uma renda básica incondicional como um passo importante para um novo enfoque, sustentado no fato de que geraria um maior crescimento econômico. A chave é aproveitar o tempo e a diversificação de tarefas produtivas, como o cuidado de crianças e idosos, entre outros tipos de tarefas atualmente não remuneradas, que seriam compensadas com uma renda básica. Para explicar isso, recorreu a exemplos práticos que já estão ocorrendo em outros lugares como Alasca e Noruega, onde as políticas incentivaram a construção de fundos permanentes, novas formas de financiamento, de investimento das rendas para recolher retornos, para depois pagar a cada cidadão.

Algumas destas teorias também são muito criticadas como utopias impraticáveis que a sociedade do bem-estar não pode se permitir. No entanto, para Standing, são argumentos “falsos” e acena que é uma questão de prioridades. “Queremos que essa desigualdade continue crescendo?, disparou, tentando proporcionar a reflexão entre os estudantes e ouvintes. E, em seguida, o mesmo deu a resposta. “Quando veio a crise, lá por 2007, todos os Governos encontraram dinheiro para dar aos bancos, justamente àqueles que haviam nos metido nessa situação. Sendo assim, dinheiro há.... Então, que tipo de justiça é essa!?”.

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