Em memória do decenário da morte de Dom Franco Masserdotti

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18 Setembro 2016

Dom Franco Masserdotti assumiu a causa indígena na perspectiva de seu lema episcopal: “Para que tenham vida”. Assumiu a causa indígena com a suavidade de seu jeito amigo e com a leveza do peregrino. O comentário é de Paulo Suess, Assessor Teológico do Cimi, em artigo publicado por Cimi, 16-09-2016.


Foto: Cimi.

Eis o artigo.

Dom Franco morreu como presidente do Conselho Indigenista Missionário/Cimi (1999-2006) em exercício, como ciclista atropelado e como bispo de Balsas. Mas, ele não era somente bispo de Balsas. Em sua vida puxou muitas balsas, cada uma carregada com causas e casos que lhe foram confiados na necessidade da travessia missionária e na imprevisibilidade de sua biografia, exatamente, como o poeta canta: “Navegar é preciso, viver não é preciso”.

Quando a Assembleia do Cimi, em 1999, elegeu D. Franco como seu presidente, ele era bispo jovem, com apenas três anos no cargo, mas missionário carimbado nas múltiplas tarefas que exerceu pela sua congregação comboniana e a Igreja universal. Já na época era um representante da “Igreja em saída”, preconizada pelo Papa Francisco. Nós do Cimi sabíamos, que na balsa da vida deste jovial e alegre missionário caberia ainda a causa indígena, uma causa pesada numa sociedade que considera os povos indígenas como um estorvo para o progresso.

Dom Franco Masserdotti assumiu a causa indígena na perspectiva de seu lema episcopal: “Para que tenham vida”. Assumiu a causa indígena com a suavidade de seu jeito amigo e com a leveza do peregrino, que lhe deu entre alguns de nós o apelido de “o pega-leve”. Vez por outra vimos D. Franco sabiamente indignado, mas nunca com uma “ira santa” contra dos inimigos da causa. Nas reuniões do Cimi, muitas vezes correu aos fundos da sala, atendendo pelo seu celular a uma das múltiplas causas que o interpelavam, interromperam e, urgentemente, solicitavam. Dom Franco deixou-se interromper por pobres, índios, aflitos. Mesmo quando não teve a possibilidade de intervir, nunca negou a graça de escutar e consolar.

Com todas essas “interrupções” de sua travessia, não perdeu a precisão da navegação. No Cimi insistiu muito na confecção de um Plano de Pastoral para que no meio das lutas indígenas sempre se dê “a razão da esperança” (cf. 1Pd 3,15) contida no dia a dia da pastoral indigenista. Pela insistência de D. Franco, a Assembleia Geral do Cimi de 2005 aprovou esse Plano de Pastoral no qual o Cimi procura prestar conta dessa esperança, de forma articulada, para si mesmo, para a Igreja do Brasil e para todos que acompanham esse trabalho com simpatia e solidariedade. Na apresentação desse Plano, D. Franco pediu “que Deus ilumine e abençoe a caminhada do Cimi a serviço do Reino”!

Querido D. Franco, irmão da caminhada! A partir das suas balsas você sempre olhou para além-fronteiras e para a terra firme que agora alcançou. Novamente é sua vez de interceder ao lado do companheiro-mártir de sua congregação, Pe. Ezequiel Ramin, e face a face com o bom Deus pela iluminação das nossas pastorais e pela firmeza nossa na defesa dos povos indígenas!

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