01 Dezembro 2011
Os ânimos estão exaltados com relação à introdução de uma nova tradução inglesa da liturgia tradicional.
A reportagem é de Jonathan Brown, publicada no sítio do jornal The Independent, 26-11-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
Por mais de mil anos, o mundo de fala inglesa celebrou a missa católica romana em latim. A grande mudança veio apenas em 1973, quando, após o estado de ânimo liberalizante do Concílio Vaticano II, uma forma de liturgia foi produzida na língua do homem comum pela primeira vez.
Três décadas desde que a reformulação começou, uma nova versão da Missa finalmente ganhou vida nas igrejas de todo o mundo de fala inglesa no último domingo, para marcar o início do Advento.
Mas a gestação do novo Missal Romano não ocorreu sem rancor nem dor. O Vaticano, por duas vezes, ordenou que os bispos de língua inglesa o reescrevessem, o que levou a acusações de prepotência e sigilo contra as forças conservadoras em torno Papa Bento XVI e de seu antecessor João Paulo II.
Alguns estudiosos até mesmo compararam o tratamento dado à sua introdução às deficiências da forma como a Igreja Católica lidou com o escândalo dos abusos clericais.
Os cinco milhões de católicos da Grã-Bretanha já vêm lidando com a metade da nova liturgia desde setembro. No entanto, a tradução completa se tornou obrigatória a partir do domingo passado.
A Igreja Católica abriu o caminho para o texto atualizado por meio do marketing digital – Twitter, YouTube e a Internet desempenharam um papel próprio. Mas ainda há divisão.
Apesar da tendência da Igreja para se unir em tempos de problemas, afirma-se que alguns estão "silenciosamente fervendo de raiva" com a mudança. Um grande teólogo afirmou: "O processo conseguiu ofender todos os envolvidos que tenham qualquer integridade intelectual ou moral".
Para os seus defensores, a nova missa possui um texto mais rico, mais fiel às suas origens latinas. Os oponentes dizem que a nova tradução – embora necessária, de alguma forma – leva para muito longe do estilo inglês simples da versão anterior. Eles argumentam que ela é mais rebuscada, muitas vezes recorrendo à linguagem da corte imperial e soando afetada e artificial aos ouvidos modernos.
Ela também marca uma mudança radical na forma consensual de fazer as coisas sob Concílio Vaticano II, afirma-se. O Pe. Allen Morris, pároco da Igreja de Nossa Senhora em St John`s Wood, no norte de Londres, admitiu que os fiéis perceberiam as mudanças, mas ficariam agradavelmente surpresos com o que ouviriam.
"Há pessoas que se opõem à mudança por todos os tipos de razões. Alguns não gostam da ideia de uma linguagem que seja mais elevada", disse. Mas, desde a introdução de aspectos da nova missa no outono [europeu], a resposta tem sido "positiva", e os fiéis relataram ter experimentado uma maior compreensão como resultado da linguagem mais rica, comentou.
Há receios com relação à nova missa nos EUA, onde as mudanças foram introduzidas de uma só vez no último fim de semana. O Pe. Michael Ryan, pároco da Catedral de St James, em Seattle, disse que o texto perdeu a sua "nobre simplicidade".
"Estamos lidando com um jogo de poder por parte de pessoas de Roma que queriam fazer as modificações, creio eu, a fim de submeter as pessoas a um maior controle no mundo de fala inglesa", disse ele.
Philip Endean, que leciona teologia na Universidade de Oxford, concordou que aqueles que viram o processo de reescrita se desdobrar não acharam fácil a substituição. "No entanto, o instinto católico romano é manter a paz, fazer o que lhe é dito e confiar que Deus age através da autoridade da Igreja. Esse instinto parece estar fazendo o seu efeito", disse.
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Católicos ingleses se unem em resistência ao Novo Missal - Instituto Humanitas Unisinos - IHU