Dez motivos para lembrar o Concílio Vaticano II

Mais Lidos

  • “Não podemos fazer nada”: IA permite colar em provas universitárias com uma facilidade sem precedente

    LER MAIS
  • São José de Nazaré, sua disponibilidade nos inspira! Comentário de Adroaldo Palaoro

    LER MAIS
  • Promoção da plena credibilidade do anúncio do evangelho depende da santidade pessoal e do engajamento moral, afirma religiosa togolesa

    Conversão, santidade e vivência dos conselhos evangélicos são antídotos para enfrentar o flagelo dos abusos na Igreja. Entrevista especial com Mary Lembo

    LER MAIS

Assine a Newsletter

Receba as notícias e atualizações do Instituto Humanitas Unisinos – IHU em primeira mão. Junte-se a nós!

Conheça nossa Política de Privacidade.

Revista ihu on-line

Natal. A poesia mística do Menino Deus no Brasil profundo

Edição: 558

Leia mais

O veneno automático e infinito do ódio e suas atualizações no século XXI

Edição: 557

Leia mais

Um caleidoscópio chamado Rio Grande do Sul

Edição: 556

Leia mais

27 Março 2011

"O Concílio, com o documento Dei Verbum, respondeu plenamente às nossas expectativas. Foi um dos efeitos positivos desse Concílio."

Essa é a opinião do cardeal italiano e arcebispo emérito de Milão, Carlo Maria Martini, em resposta a uma carta de leitor do jornal Corriere della Sera, 27-03-2011. A tradução é de Moisés Sbardelotto e revisada pela IHU On-Line..

Eis a carta.

Eminência, fui tocado pelo título de um panfleto, obra de um filósofo norte-americano, cujo título é: Concílio Vaticano II. O que foi distorcido?. A capa da edição italiana traz uma imagem torcida da cúpula da Basílica de São Pedro, quase como se fosse submetida a um tremor de terremoto. Pensei em me dirigir ao senhor para perguntar-lhe: o que deu certo no Vaticano II? Visto que está de moda, poderia me indicar uma lista de dez motivos pelos quais devemos ser reconhecedores ao último Concílio? Marco Vergottini Gavirate (Varese)

Eis a resposta.

A sua carta me lembrou os "belos tempos" do Concílio. Recordo o entusiasmo que se acompanhavam os episódios conciliares. Sentia-se como a Igreja havia reencontrado uma linguagem simples e convincente, que falava ao coração do homem contemporâneo.

Eu estava então na comunidade do Pontifício Instituto Bíblico. Esperava-se com ansiedade a orientação que seria dada pelos Padres Conciliares com relação à exegese da Escritura: ou confiança no método histórico-crítico (que nós aceitávamos embora tendo presentes outros métodos de exegese) ou distância do método histórico-crítico como perigoso para a fé. O Concílio, com o documento Dei Verbum, respondeu plenamente às nossas expectativas. Foi um dos efeitos positivos desse Concílio. Daqui provém também uma sede dos fiéis pela leitura das Sagradas Escrituras.

Outros benefícios do Concílio? Não é fácil enumerá-los, pelo embaraço da escolha. Vai-se desde uma melhor compreensão dos textos da liturgia, graças ao uso das línguas próprias de cada país, até o encorajamento do diálogo com os cristãos não católicos (como com os protestantes, as maiores Igrejas Orientais etc.) e também com as religiões não cristãs, em particular o diálogo com o judaísmo.

Gostaria ainda de lembrar o impulso dado à reforma das ordens religiosas e o aprofundamento do mistério da Igreja, realidade visível e espiritual, em cujo centro está a Eucaristia.

Importante foi também o decreto sobre a liberdade religiosa e a constituição pastoral sobre a Igreja no mundo contemporâneo.

Seria longo continuar, mas gostaria de lembrar o título daquele opúsculo ao qual o autor da carta acena: o que foi distorcido? Parece-me que não houve nada particularmente distorcido nos documentos do Vaticano II. Distorcidas foram algumas das interpretações ou aplicações dadas a elas. Mas hoje também vale o que disse Jesus: "O antigo é melhor".