Por: Márcia Junges | Tradução: Walter O. Schlupp | 18 Novembro 2017
Lutero ainda estava preso ao pensamento medieval, e por isso não poderia “acolher bem a grandeza da cultura do Renascimento. A Reforma aparece, assim, como a obra de um fundamentalista que restaura o cristianismo com base em Paulo e Agostinho”, pontua o filósofo alemão Helmut Heit na entrevista que concedeu, por e-mail, à IHU On-Line. “A Reforma de Lutero é a farsa que se segue à tragédia da fundação da igreja por Paulo. Ainda assim, Nietzsche fica naturalmente fascinado pelo caráter vigoroso de Lutero. Ele louva, como se sabe, a linguagem de Lutero e caracteriza a tradução da Bíblia como a melhor obra de prosa alemã surgida até então.”
Outros temas abordados por Heit na entrevista são o marco dos processos políticos, culturais e eclesiásticos que gestam a Reforma, bem como a Contrarreforma jesuíta, tida por Nietzsche como um movimento retardador na história ocidental.
Helmut Heit
Foto: Christina Bachmann | Christlicher Medienverbund
Helmut Heit é professor associado de filosofia europeia e alemã e vice-diretor da Academia de Cultura Europeia na Universidade Tongji, em Shanghai, China. Estudou filosofia e ciência política em Hannover, Melbourne e Berlim. Em 2003 concluiu PhD em Hannover com um estudo sobre a emergência da filosofia ocidental na Grécia Antiga. Antes de lecionar em Shanghai, foi professor na Universidade Técnica de Berlim, na Universidade de Humboldt, em Berlim, na Universidade da Califórnia em San Diego, EUA, e na Universidade Leibniz, em Hannover. Em 2014 e 2015 foi professor convidado no Departamento de Filosofia da Universidade Federal de Pelotas - UFPEL. É coeditor dos Nietzsche-Studien e da série de livros Monographien und Texte der Nietzscheforschung (de Gruyter), membro do comitê executive da Sociedade Nietzsche, na Alemanha, e diretor fundador do Berliner Nietzsche-Colloquium, entre outras atividades.
A entrevista é publicada na revista IHU On-Line, no. 514 com o tema de capa Lutero e a reforma - 500 anos depois. Um debate.
Confira a entrevista.
IHU On-Line - Quais são os pressupostos fundamentais da crítica de Nietzsche [1] ao cristianismo, mas, sobretudo, ao luteranismo?
Helmut Heit - A crítica de Nietzsche ao cristianismo se baseia no pressuposto fundamental de que a hipótese cristã de Deus perdeu a credibilidade. A religião cristã não pode mais apresentar ao ser humano moderno uma pretensão de verdade no sentido clássico da palavra. É isso que significa inicialmente o discurso a respeito da morte de Deus. Neste sentido, nos textos de Nietzsche essa ideia não é desenvolvida como uma teoria própria e original, mas é, antes, apenas constatada e averiguada quanto a suas consequências. Nietzsche pode pressupor que os argumentos a favor dela são conhecidos e não os expõe sistematicamente, mesmo que todas as objeções contemporâneas contra o cristianismo se encontrem em diversas passagens de seus textos.
Os iluministas franceses, assim como os jovens hegelianos, neokantianos e positivistas, estavam em sua maioria convictos de que o Deus tradicional como função ou mesmo fundamento da filosofia e da ciência já dera o que tinha para dar. Para a consciência contemporânea, as mais importantes objeções contra a pretensão de validade clássica da hipótese de Deus são de natureza filosófica, científico-natural, histórica e psicológico-social. Immanuel Kant [2], com sua crítica de todas as provas da existência de Deus e tentativas filosóficas na teodiceia, transforma o Deus cristão de uma existência indiscutível em um postulado moral e um objeto da religiosidade privada. Nas teorias mecânicas, cosmológicas e evolucionárias do século XIX, Deus, diferentemente do que ainda era o caso no pensamento de Newton [3] ou Leibniz [4], está essencialmente obsoleto. Os fenômenos são explicados de uma maneira diferente e melhor sem ele. Também a análise histórico-crítica dos textos bíblicos, de que Nietzsche toma conhecimento já em Schulpforta, contribui para a profanização da anteriormente “Sagrada Escritura”. Na Bíblia não temos comunicações inspiradas de Deus, e sim as narrativas de um povo de pastores do Oriente Médio. Autores como Feuerbach [5], Heine [6] e Marx [7] explicam, finalmente, a ideia de Deus, persistente do ponto de vista da história da cultura, como uma projeção humana, que diz muita coisa sobre nós seres humanos, mas não diz nada sobre a eventual existência de tal ser.
Em seu conjunto, essas objeções tornam Deus uma noção que não pode ser provada filosoficamente, é cientificamente supérflua e historicamente modificável, cuja existência pode ser bem explicada do ponto de vista da psicologia social. Em séculos anteriores, menos esclarecidos, Deus estava vivo como ficção coletiva, sendo um fato social culturalmente atuante. Na época de Nietzsche, a crença geral antigamente real e eficaz em um ser supremo tinha perdido maciçamente validade; não se precisa mais dele e não se crê mais nele. Neste sentido Deus está morto, tendo mostrado ser uma ficção que deixou de ter credibilidade.
A crítica do cristianismo de Nietzsche, contudo, não se limita a perguntar se os relatos a respeito de Deus, sua situação familiar e suas ações, suas exigências e promessas, capacidades e atividades são verdadeiras. Ao que tudo indica, o que lhe interessa é, antes, principalmente perguntar se Deus é uma ficção útil. Neste caso se mostra que Nietzsche não move uma crítica ideológica unilateral contra o cristianismo, embora, em última análise, ele também responda a essa pergunta negativamente para o presente e o futuro: embora a hipótese da moral cristã tenha dado um sentido à existência humana, e a interiorização ascética da culpa e da má consciência tenha tornado o ser humano mais profundo e interessante, isso sempre se deu ao preço de uma degradação, ofensa e humilhação do ser humano e da vida.
A crítica a Lutero [8] consiste, sobre esse pano de fundo, principalmente na afirmação de que ele salvou o cristianismo. Estando ele próprio ainda inteiramente preso no pensamento da Idade Média, Lutero não podia entender nem acolher bem a grandeza da cultura do Renascimento. A Reforma aparece, assim, como a obra de um fundamentalista que restaura o cristianismo com base em Paulo [9] e Agostinho [10].
IHU On-Line - Se pensarmos na crítica nietzschiana à genealogia da Modernidade, qual é a importância de suas ressalvas a Lutero?
Helmut Heit - Esta pergunta é particularmente difícil de responder, pois a confrontação de Nietzsche com a Modernidade é extremamente multifacetada. A Modernidade e também o cristianismo são poderes culturais de significado dialético. Elas encerram tensões e dinâmicas que não são condenadas unilateralmente por Nietzsche, mas com as quais também se associam potenciais para o desenvolvimento da humanidade. Neste sentido, a Reforma de Lutero certamente contribuiu para a individualização e privatização do pensamento e do sentimento.
IHU On-Line - Como essa crítica repercutiu na época em que foi formulada e qual a sua importância atualmente?
Helmut Heit - Como se sabe, entre seus contemporâneos diretos Nietzsche teve pouca repercussão. Hoje em dia, seu tratamento da religião é muitas vezes reduzido, na opinião pública, ao discurso a respeito da morte de Deus. Isso é lamentável, já que sua crítica do cristianismo vai muito além dessa afirmação negativa e pergunta a respeito das fontes e perspectivas da necessidade religiosa.
IHU On-Line - Em que medida a formação religiosa de Nietzsche fornece algumas pistas para explicar seu posicionamento em relação ao Luteranismo?
Helmut Heit - Certamente o fato de Nietzsche provir de uma família inteiramente protestante desempenha um papel importante. Ainda durante o tempo que passou em Basileia ele se sente unido ao espírito de Lutero, e reage com perplexidade à intenção de seu amigo Heinrich Romundt de se tornar justamente sacerdote católico. Sua própria caminhada rumo à descrença é, biograficamente, sem dúvida interessante. Em última análise, porém, o cristianismo lhe interessa não como objeto de religiosidade pessoal, e sim como fenômeno cultural.
IHU On-Line - Em que aspectos a figura de Lutero como “monge ressentido”, mas também como um tipo psicológico interessante, mobiliza o interesse de Nietzsche?
Helmut Heit - Em comparação com Jesus, Paulo, Sócrates [11] e Platão [12], Lutero é de grande interesse para Nietzsche, mas não de interesse extraordinário. A Reforma de Lutero é, antes, a farsa que se segue à tragédia da fundação da igreja por Paulo. Ainda assim, Nietzsche fica naturalmente fascinado pelo caráter vigoroso de Lutero. Ele louva, como se sabe, a linguagem de Lutero e caracteriza a tradução da Bíblia como a melhor obra de prosa alemã surgida até então. Isso também se refere à enorme atividade transformadora da cultura que Lutero conseguiu desenvolver. Na medida em que Nietzsche também visa a uma transformação, essa figura atrai naturalmente sua atenção.
IHU On-Line - Até que ponto podemos compreender a crítica nietzschiana aos alemães e sua filosofia e teologia tendo Lutero como figura central?
Helmut Heit - Como disse acima, eu não veria Lutero como figura central da crítica de Nietzsche aos alemães, à sua filosofia e à sua teologia. Certamente a filosofia alemã de Kant, Hegel [13] e Schleiermacher [14] é protestante de cabo a rabo. Não sem razão, Nietzsche faz troça do idealismo dos teólogos do Seminário de Tübingen [residência e instituição de ensino de estudantes protestantes no estado de Baden-Württemberg]. Mas ele atribui a arrogância presunçosa com que os alemães se entendem como nação superior após 1870/71 a diversas fontes. O horizonte de sua crítica à filosofia moderna não se restringe à Idade Moderna, mas também compreende sempre a Antiguidade grega e cristã.
IHU On-Line - É possível dizer que a maldição contra o Cristianismo, lançada ao final de O Anticristo, opera como uma contraposição às teses de Lutero? Por quê?
Helmut Heit - Eu não colocaria isso necessariamente assim. As teses de Lutero tratam de maneira bastante acadêmica e detalhada de questões da certeza da salvação e da prática cristã. Elas são, inicialmente, sobretudo uma contribuição para um problema teológico. O poder explosivo das teses de Lutero não é fácil de ser apreendido e também só se mostra no marco dos processos políticos, culturais e eclesiásticos que então acabam constituindo a Reforma. Poder-se-ia, antes, entender a maldição contra o cristianismo como uma contraposição aos Dez Mandamentos ou ao Sermão da Montanha.
IHU On-Line - Qual é a posição de Nietzsche em relação à Contrarreforma [15] representada pelos jesuítas?
Helmut Heit - A Contrarreforma é objeto de crítica de diversas formas no pensamento de Nietzsche. No prefácio de Além do bem e do mal, ele inclui o jesuitismo entre os grandes movimentos retardadores na história do Ocidente. Nietzsche parece ter visto na Contrarreforma a implementação católica, isto é, generalizada do protestantismo. Por meio da Contrarreforma, o cristianismo foi salvo para a Modernidade.
IHU On-Line - Sob que aspectos existe uma crítica de Nietzsche a um conceito de Deus niilista no protestantismo?
Helmut Heit - Eu não diria que há uma crítica dessas no pensamento de Nietzsche: ele não critica um conceito de Deus niilista no protestantismo; isso é feito, antes, por teólogos (católicos) atuais que veem na teologia da morte de Deus uma consequência problemática e deplorável da obra de destruição protestante. Nietzsche pensa de modo diferente neste caso. Como todas as coisas grandes, o conceito cristão de Deus se arruína por causa de si mesmo. Na pretensão de que Deus é a verdade já está contido o germe de sua autossuspensão.
IHU On-Line - Gostaria de acrescentar algum aspecto não questionado?
Helmut Heit - O que me parece particularmente interessante e importante hoje em dia, justamente também à luz de um fundamentalismo que está se fortalecendo nas mais diversas confissões, é o fato de Nietzsche problematizar a pretensão implícita ou explícita de verdade da religião. Quando ele critica a Reforma como “indignação da simplicidade”, isso se refere menos à simplicidade na acepção de burrice e falta de perspicácia, e sim a uma falta de vontade ou capacidade de tolerar a diversidade. A crença de que nós mesmos possuímos a verdade religiosa é uma ficção perigosa.
Notas:
[1] Friedrich Nietzsche (1844-1900): filósofo alemão, conhecido por seus conceitos além-do-homem, transvaloração dos valores, niilismo, vontade de poder e eterno retorno. A Nietzsche foi dedicado o tema de capa da edição número 127 da IHU On-Line, de 13-12-2004, intitulado Nietzsche: filósofo do martelo e do crepúsculo. A edição 15 dos Cadernos IHU em formação é intitulada O pensamento de Friedrich Nietzsche. Confira, também, a entrevista concedida por Ernildo Stein à edição 328 da revista IHU On-Line, de 10-5-2010, intitulada O biologismo radical de Nietzsche não pode ser minimizado, na qual discute ideias de sua conferência A crítica de Heidegger ao biologismo de Nietzsche e a questão da biopolítica, parte integrante do Ciclo de Estudos Filosofias da diferença - Pré-evento do XI Simpósio Internacional IHU: O (des)governo biopolítico da vida humana. Na edição 330 da revista IHU On-Line, de 24-5-2010, leia a entrevista Nietzsche, o pensamento trágico e a afirmação da totalidade da existência, concedida pelo professor Oswaldo Giacoia. Na edição 388, de 9-4-2012, leia a entrevista O amor fati como resposta à tirania do sentido, com Danilo Bilate. Na edição 513, de 16-10-2017, leia a entrevista Uma política de vida ao invés de uma política sobre a vida. A biopolítica afirmativa de Nietzsche. (Nota da IHU On-Line)
[2] Immanuel Kant (1724-1804): filósofo prussiano, considerado como o último grande filósofo dos princípios da era moderna, representante do Iluminismo. Kant teve um grande impacto no romantismo alemão e nas filosofias idealistas do século 19, as quais se tornaram um ponto de partida para Hegel. Kant estabeleceu uma distinção entre os fenômenos e a coisa-em-si (que chamou noumenon), isto é, entre o que nos aparece e o que existiria em si mesmo. A coisa-em-si não poderia, segundo Kant, ser objeto de conhecimento científico, como até então pretendera a metafísica clássica. A ciência se restringiria, assim, ao mundo dos fenômenos, e seria constituída pelas formas a priori da sensibilidade (espaço e tempo) e pelas categorias do entendimento. A IHU On-Line número 93, de 22-3-2004, dedicou sua matéria de capa à vida e à obra do pensador com o título Kant: razão, liberdade e ética. Também sobre Kant, foi publicado o Cadernos IHU em formação número 2, intitulado Emmanuel Kant – Razão, liberdade, lógica e ética. Confira, ainda, a edição 417 da revista IHU On-Line, de 6-5-2013, intitulada A autonomia do sujeito, hoje. Imperativos e desafios. (Nota da IHU On-Line)
[3] Isaac Newton (1642-1727): físico, astrônomo e matemático inglês. Revelou como o universo se mantém unido através da sua teoria da gravitação, descobriu os segredos da luz e das cores e criou um ramo da matemática, o cálculo infinitesimal. Essas descobertas foram realizadas por Newton em um intervalo de apenas 18 meses, entre os anos de 1665 e 1667. É considerado um dos maiores nomes na história do pensamento humano, por causa da sua grande contribuição à matemática, à física e à astronomia. O IHU promoveu de 3 de agosto a 16-11-2005 o Ciclo de Estudos Desafios da Física para o Século XXI: uma aventura de Copérnico a Einstein. Sobre Newton, em específico, o Prof. Dr. Ney Lemke proferiu palestra em 21-09-2005, intitulada A cosmologia de Newton. (Nota da IHU On-Line)
[4] Gottfried Wilhelm Leibniz (1646-1716): filósofo, cientista, matemático, diplomata e bibliotecário alemão. O uso de "função" como um termo matemático foi iniciado por Leibniz, numa carta de 1694, para designar uma quantidade relacionada a uma curva, tal como a sua inclinação em um ponto específico. É creditado a Leibniz e a Newton o desenvolvimento do cálculo moderno, em particular o desenvolvimento da integral e da regra do produto. Descreveu o primeiro sistema de numeração binário moderno (1705), tal como o sistema numérico binário utilizado nos dias de hoje. Demonstrou genialidade também nos campos da lei, religião, política, história, literatura, lógica, metafísica e filosofia. (Nota da IHU On-Line)
[5] Ludwig Feuerbach (1804-1872): filósofo alemão, reconhecido pela influência que seu pensamento exerce sobre Karl Marx. Abandona os estudos de Teologia para tornar-se aluno de Hegel, durante dois anos, em Berlim. De acordo com sua filosofia, a religião é uma forma de alienação que projeta os conceitos do ideal humano em um ser supremo. É autor de A essência do cristianismo (2ª ed. São Paulo: Papirus, 1997). (Nota da IHU On-Line)
[6] Heinrich Heine (1797-1856): poeta romântico alemão, conhecido como “o último dos românticos”. Boa parte de sua poesia lírica, especialmente a sua obra de juventude, foi musicada por vários compositores notáveis como Robert Schumann, Franz Schubert, Felix Mendelssohn, Brahms, Hugo Wolf, Richard Wagner e, já no século XX, por Hans Werner Henze e Lord Berners. (Nota da IHU On-Line)
[7] Karl Marx (1818-1883): filósofo, cientista social, economista, historiador e revolucionário alemão, um dos pensadores que exerceram maior influência sobre o pensamento social e sobre os destinos da humanidade no século 20. A edição 41 dos Cadernos IHU ideias, de autoria de Leda Maria Paulani, tem como título A (anti)filosofia de Karl Marx. Também sobre o autor, a edição número 278 da revista IHU On-Line, de 20-10-2008, é intitulada A financeirização do mundo e sua crise. Uma leitura a partir de Marx. A entrevista Marx: os homens não são o que pensam e desejam, mas o que fazem, concedida por Pedro de Alcântara Figueira, foi publicada na edição 327 da IHU On-Line, de 3-5-2010. A IHU On-Line preparou uma edição especial sobre desigualdade inspirada no livro de Thomas Piketty O Capital no Século XXI, que retoma o argumento central de O Capital, obra de Marx. (Nota da IHU On-Line)
[8] Martinho Lutero (1483-1546): teólogo alemão, considerado o pai espiritual da Reforma Protestante. Foi o autor da primeira tradução da Bíblia para o alemão. Além da qualidade da tradução, foi amplamente divulgada em decorrência da sua difusão por meio da imprensa, desenvolvida por Gutemberg em 1453. (Nota da IHU On-Line)
[9] Paulo de Tarso (3-66 d.C.): nascido em Tarso, na Cilícia, hoje Turquia, era originariamente chamado de Saulo. Entretanto, é mais conhecido como São Paulo, o Apóstolo. É considerado por muitos cristãos como o mais importante discípulo de Jesus e, depois de Jesus, a figura mais importante no desenvolvimento do Cristianismo nascente. Paulo de Tarso é um apóstolo diferente dos demais. Primeiro porque, ao contrário dos outros, não conheceu Jesus pessoalmente. Antes de sua conversão, se dedicava à perseguição dos primeiros discípulos de Jesus na região de Jerusalém. Em uma dessas missões, quando se dirigia a Damasco, teve uma visão de Jesus envolto numa grande luz e ficou cego. A visão foi recuperada após três dias por Ananias, que o batizou como cristão. A partir deste encontro, Paulo começou a pregar o Cristianismo. Ele era um homem culto, frequentou uma escola em Jerusalém, fez carreira no Templo (era fariseu), onde foi sacerdote. Era educado em duas culturas: a grega e a judaica. Paulo fez muito pela difusão do Cristianismo entre os gentios e é considerado uma das principais fontes da doutrina da Igreja. As suas Epístolas formam uma seção fundamental do Novo Testamento. Afirma-se que foi ele quem verdadeiramente transformou o Cristianismo em uma nova religião, superando a anterior condição de seita do Judaísmo. A IHU On-Line 175, de 10-4-2006, dedicou sua capa ao tema Paulo de Tarso e a contemporaneidade, assim como a edição 286, de 22-12-2008, Paulo de Tarso: a sua relevância atual Também são dedicadas ao religioso a edição 32 dos Cadernos IHU em formação, Paulo de Tarso desafia a Igreja de hoje a um novo sentido de realidade, e a edição 55 dos Cadernos Teologia Pública, São Paulo contra as mulheres? Afirmação e declínio da mulher cristã no século I. (Nota da IHU On-Line)
[10] Agostinho de Hipona (354-430): conhecido como Santo Agostinho, foi um dos mais importantes teólogos e filósofos dos primeiros anos do cristianismo, cujas obras foram muito influentes no desenvolvimento do cristianismo e da filosofia ocidental. Escrevendo na era patrística, ele é amplamente considerado como sendo o mais importante dos padres da Igreja no Ocidente. Suas obras-primas são A cidade de Deus e Confissões. (Nota da IHU On-Line)
[11] Sócrates (470 a. C.- 399 a. C.): filósofo ateniense e um dos mais importantes ícones da tradição filosófica ocidental. Sócrates não valorizava os prazeres dos sentidos, todavia escalava o belo entre as maiores virtudes, junto ao bom e ao justo. Dedicava-se ao parto das ideias (Maiêutica) dos cidadãos de Atenas. O julgamento e a execução de Sócrates são eventos centrais da obra de Platão (Apologia e Críton). (Nota da IHU On-Line)
[12] Platão (427-347 a. C.): filósofo ateniense. Criador de sistemas filosóficos influentes até hoje, como a Teoria das Ideias e a Dialética. Discípulo de Sócrates, Platão foi mestre de Aristóteles. Entre suas obras, destacam-se A República (São Paulo: Editora Edipro, 2012) e Fédon (São Paulo: Martin Claret, 2002). Sobre Platão, confira e entrevista As implicações éticas da cosmologia de Platão, concedida pelo filósofo Marcelo Perine à edição 194 da revista IHU On-Line, de 4-9-2006. Leia, também, a edição 294 da revista IHU On-Line, de 25-5-2009, intitulada Platão. A totalidade em movimento (Nota da IHU On-Line)
[13] Georg Wilhelm Friedrich Hegel (1770-1831): filósofo alemão idealista. Como Aristóteles e Santo Tomás de Aquino, desenvolveu um sistema filosófico no qual estivessem integradas todas as contribuições de seus principais predecessores. Sobre Hegel, confira a edição 217 da IHU On-Line, de 30-4-2007, intitulada Fenomenologia do espírito, de (1807-2007), em comemoração aos 200 anos de lançamento dessa obra. Veja ainda a edição 261, de 9-6-2008, Carlos Roberto Velho Cirne-Lima. Um novo modo de ler Hegel; Hegel. A tradução da história pela razão, edição 430, e Hegel. Lógica e Metafísica, edição 482. (Nota da IHU On-Line)
[14] Friedrich Daniel Ernst Schleiermacher (1768-1834): teólogo, filósofo e pedagogo alemão. Foi corresponsável pela aparição da teologia liberal, negando a historicidade dos milagres e a autoridade literal das Escrituras. (Nota da IHU On-Line)
[15] Contrarreforma ou Reforma Católica: iniciado no Concílio de Trento, é um movimento regido pela Igreja Católica Romana em resposta à Reforma Protestante, movimento reformista cristão liderado por Martinho Lutero, autor das 95 teses pregadas na porta da Igreja do Castelo de Wittenberg, na Alemanha, em 31 de outubro de 1517. No documento, Lutero propôs uma reforma na doutrina do catolicismo romano, tendo sido apoiado por vários religiosos e governantes europeus. Em decorrência destes fatos, ocorreu a divisão da chamada Igreja do Ocidente entre os católicos romanos e os protestantes. (Nota da IHU On-Line)
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A Reforma como farsa depois da tragédia da fundação da igreja por Paulo, segundo Nietzsche. Entrevista especial com Helmut Heit - Instituto Humanitas Unisinos - IHU