Seminário Regional Articulando Redes de Proteção: compartilhando experiências e celebrando parcerias

  • Terça, 17 de Dezembro de 2019

Ao longo de 2019, as Redes de Proteção da Criança e do Adolescente foram tema de debate para 14 municípios da região do Vale do Sinos. Os momentos de reflexão e planejamento se deram a partir de uma parceria entre o Círculo Operário Leopoldense (COL), Programa de Apoio a Meninos e Meninas (PROAME) e Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos (ObservaSinos). Na última segunda-feira (09/12) a série de atividades teve o seu encerramento com a realização do Seminário Regional Articulando Redes de Proteção: compartilhando experiências e celebrando parcerias.

A abertura do evento foi realizada por Fabiane Asquidamini, membro do Conselho Diretor do COL, que saudou a singularidade de cada profissional participante e das instituições que eles representam. Ela também ressaltou a importância do projeto que uniu os 14 municípios e da necessidade de fortalecer o centro de defesa da Criança e do Adolescente na região.

Fabiane ainda destacou um dos objetivos do projeto, que também serviu para reconhecer as falhas nas redes de proteção. “Precisamos reconhecer as redes que são invisíveis, ou seja, não são normativas, mas que se criam a partir da relação de convivialidade. Estas e as redes normatizadas têm que ser reconhecidas no município para a construção de políticas públicas”, afirma.

Ela ainda realçou a importância do trabalho coletivo e para o COL. “O Círculo ganhou muito, já que tem esse olhar de fora para percebermos as fragilidades e os potenciais dos processos que estão acontecendo. Estas atividades possibilitam o autoconhecimento enquanto redes de proteção e os desafios para continuarmos conectados”, revela. No seminário estiveram reunidos representantes de São Leopoldo, Portão, Ivoti, Campo Bom, Presidente Lucena, Sapucaia, Canoas, Esteio, Estância Velha e Nova Hartz.

O Seminário ainda contou com a apresentação da coordenadora do ObservaSinos e professora do curso de Serviço Social, Marilene Maia. Ela falou para os cerca de 60 participantes sobre o convívio ao longo do ano e destacou as lutas dos municípios em defesa da humanização e da garantia radical da proteção da criança, do adolescente e do jovem. Marilene abriu a sua fala apontando um dado revelador da desproteção deste público, afirmando que 16% dos jovens não trabalhavam nem estudavam no ano de 2018.



Grupos se reuniram durante o evento para debater ideias sobre as Redes de Proteção(Foto: Lucas Schardong)

 

Pensando nisso e no fato de que 43% da população da Região Metropolitana de Porto Alegre é representada por jovens, Marilene apontou a necessidade de as redes pensarem neles como cidadãos do hoje e não apenas do amanhã. “Temos que criar a rede com os próprios jovens. Precisamos conhecer profundamente estas situações de estar, saber e conviver e compartilhar com eles as perspectivas, além de ter ideia da visão de perspectiva deles próprios”, destaca.

Por último, a assistente social destacou alguns desafios e possibilidades para serem trabalhados e refletidos durante as atividades. Em primeiro lugar, compreender que existem as redes e saber reconhecer quais são. Em segundo, que existe proteção das crianças e jovens, mesmo que com lacunas. Em terceiro, que existem projetos em plena construção e, na atual conjuntura, desconstrução. Em quarto lugar, destacou a importância de reafirmar o compromisso com a democracia e como isto é relevante para o trabalho de proteção. Por último, ressaltou o desafio da participação dos jovens nas redes como protagonistas do processo.

A segunda parte do Seminário Regional Articulando Redes de Proteção ocorreu com a divisão dos participantes em grupos de trabalho. Neste momento, eles discutiram e analisaram as perspectivas das redes de proteção e ainda levantaram possibilidades de práticas futuras para a melhoria do trabalho. No final, o Grupo de Percussão da Casa do Adolescente de São Leopoldo realizou uma apresentação musical e também foi feito um convite para todos acessarem a campanha Escute esse Conselho, do Conselho Nacional dos Direitos da Criança e do Adolescente (Conanda), que tem como objetivo lutar contra o decreto presidencial que dispensou, mesmo tendo sido eleitos democraticamente, todos os conselheiros do Conanda, e impôs regras que ameaçam seu funcionamento.

Uma das idealizadoras do projeto que resultou no seminário, a Coordenadora do Centro de Defesa e Direitos Humanos (COL/PROAME), Márcia Martins, ressaltou o trabalho fundamental realizado ao longo do ano e como conseguiram discutir encaminhamentos concretos e objetivos para todas as demandas dessa rede no evento final. “Obviamente que os municípios não vão conseguir executar tudo, mas têm algumas questões que se destacam como: necessidade de formação, construção de fluxo de trabalho em rede, processos de trabalho continuados. Isso é muito bom porque significa que deu resultado este ano de formação”, revela.

Ela também comentou a atual conjuntura, de redução e desmonte de diversas políticas e como os municípios estão preocupados com isso. “Apesar disso, o positivo é que eles entenderam que quando eles se unem e conseguem trabalhar em rede, isso se potencializa. Se percebeu a possibilidade de algumas regiões com atividades e criação de consórcios, ou seja, eles estão ampliando o trabalho e se aproximando do vizinho”, destaca.

A intenção é de que em 2020 o trabalho continue sendo realizado com diversas atividades, mas desta vez com os municípios que aderiram às propostas para a continuidade das formações.