O I Ciclo de Estudos: Saúde e Segurança no trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos – 2ª edição reuniu trabalhadores da região para debater esta e outras realidades do ambiente de serviço, na segunda-feira, dia 08-08-2016.
17 trabalhadores sofrem acidentes no ambiente de trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos a cada 24 horas. Os dados foram retirados do Tribunal Regional do Trabalho do Rio Grande do Sul – TRT/RS e sistematizados pelo ObservaSinos. Apesar de alarmantes, o cenário do mundo do trabalho hoje é atravessado pelo processo de crise econômica. “Nessa crise, se um se machucar, é só o afastar, abrir a vaga e já tem outros querendo trabalhar. Então, em vez de arrumar as máquinas, eles preferem botar outros no lugar para se machucarem também”, esse foi o depoimento de Adão Silveira, trabalhador da região do Vale do Sinos.
Adão Silveira participou do debate que aconteceu durante o I Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos – 2ª edição, na segunda-feira, dia 08-08-2016. O evento foi uma parceria entre Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM, Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e Centro de Referência da Saúde do Trabalhador da Região do Vale do Rio dos Sinos e Canoas – CEREST.
As CIPAs
A primeira etapa do I Ciclo de Estudos: Saúde e segurança no trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos – 2ª edição teve início na segunda-feira, dia 08-08-2016. O principal objetivo do evento foi de fazer aproximação com a importância da Comissão Interna de Prevenção de Acidentes – CIPA. O Ciclo priorizou a participação dos trabalhadores que participam das comissões nas empresas. Os “cipeiros”, além de serem os trabalhadores responsáveis pela prevenção de acidentes e doenças decorrentes do trabalho, também têm compromisso com a construção do Mapa de Risco.
Para a professora Marilene Maia, coordenadora do ObservaSinos, o papel da CIPA é fundamental. “Apenas as empresas com mais de 20 funcionários são obrigadas por lei a ter CIPA. No Vale do Sinos, apenas 8,65% das empresas têm que cumprir esse regimento. Nesse contexto, ter CIPA na empresa é um privilégio”, atentou a professora. Dentro disso, o Ciclo se propôs a construir um Mapa de Saúde em contraponto ao Mapa de Risco, na perspectiva de prevenção. A partir disso, a professora Marilene Maia ainda traz uma reflexão sobre o papel dos “cipeiros”. “Nos colocamos como trabalhadores corresponsáveis por outros trabalhadores”, refletiu.
Mapas de Saúde
Na segunda-feira, dia 08-08-2016, o Ciclo ainda contou com atividades ao longo de todo o dia. Na parte da manhã, aconteceram exposições do ObservaSinos, que apresentou dados sobre a realidade dos trabalhadores na Região do Vale do Rio dos Sinos. Um dos dados apontados foi o de que 17 trabalhadores sofrem acidentes na Região do Vale dos Sinos por dia. O Ministério do Trabalho também esteve presente representado pelo auditor fiscal Rafael Araújo, que apresentou a estrutura do Ministério e apontou características sobre a fiscalização do trabalho na região. Em seguida Cleber Brandão fez uma exposição sobre o CEREST, sensibilizando os trabalhadores para os riscos expostos no ambiente de trabalho.
Na parte da tarde, a Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM fez uma exposição levantando a importância da CIPA e a importância de saber utilizar dessa ferramenta, também destacando a relevância de os trabalhadores estarem organizados e capacitados para intervir na realidade das empresas. Além disso, o enfermeiro Cleber Brandão fez a exposição do texto “Saúde e Segurança no Trabalho: Protagonismo dos trabalhadores na construção de Mapas de Saúde a partir do modelo de Mapas de Riscos” para em seguida os cipeiros se dividirem em grupos para desenharem os Mapas de Saúde das empresas e cidades onde estão inseridos.
Para Rafael Araújo, o encontro tem um papel significativo. “É importante estarmos aqui pensando, pois pensando despertamos a consciência. Despertando a consciência, conseguimos mudar e assim melhorar a nossa condição de vida”, apontou o auditor fiscal. Já a professora Marilene Maia realçou sobre o conhecimento transdisciplinar. “Importante termos o olhar ampliado e complexo da vida. Quanto mais sabemos, acabamos tendo mais condições de intervir na realidade”, afirmou.
A programação do Ciclo continua. Entre agosto e setembro os participantes vão construir os Mapas de Saúde. Dia 15-09-2016 ocorre novo encontro com os alunos para assistirem à palestra “O mundo do trabalho, os modos de vida dos trabalhadores e a saúde”, ministrada pela professora Cleide Fátima Moretto.
O primeiro dia de atividades do I Ciclo de Estudos: Saúde e Segurança no trabalho na Região do Vale do Rio dos Sinos – 2ª edição foi gravado e está disponível no canal do IHU no YouTube.