Foto: João Batista Conceição
Com o objetivo de promover o debate sobre a atual conjuntura e os desafios futuros de São Leopoldo, o Observatório da realidade e das políticas públicas do Vale do Rio dos Sinos – ObservaSinos, programa do Instituto Humanitas Unisinos – IHU, deu sequência, no dia 10, a sua série de encontros com organizações, pesquisadores, profissionais e interessados que tenham atuação neste município. A atividade, que ocorreu na Sala Ignacio Ellacuría e Companheiros – IHU, contou com a participação da coordenadora do ObservaSinos, Marilene Maia, da Coordenadora do Centro de Cidadania e Ação Social (CCIAS) da Unisinos, Susana Marino, do sociólogo e representante da Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social de São Leopoldo, Paulo Crochemore da Silva e do coordenador da Agência FGTAS/Sine de São Leopoldo, Jesus de Freitas.
A primeira reunião sobre o assunto em 2017 é resultado do seminário “São Leopoldo: O retrato que temos e o retrato que queremos”, onde se formou o grupo com diversos atores do município. Para Marilene Maia, o momento serviu para “dar sequencia ao debate sobre os desafios postos pela realidade de São Leopoldo. E, também, reunir as informações que foram motivadas pelo diagnóstico socioterritorial, desenvolvido pelo Paulo Crochemore”.
Marilene ainda falou sobre a possibilidade de estender o relacionamento com a prefeitura de São Leopoldo. “Quem sabe até com a nova conjuntura do nosso governo municipal, traçar um projeto mais específico de trabalho”. Conforme Paulo, a oportunidade foi marcada para estreitar laços com o ObservaSinos. “A partir deste encontro, eu venho oficialmente representando a Secretaria Municipal de Desenvolvimento Social e queremos manter essa proximidade com a universidade e expandir a parceria”. Paulo também apresentou o novo projeto em construção chamado de Mapa da Assistência Social, que tem como objetivo oferecer informações públicas para servir de suporte no planejamento de ações e se tornar uma forma de controle da política pública pela sociedade civil.
Outra demanda apresentada na atividade foi feita pela coordenadora Susana, que relatou sua preocupação relacionada ao trabalho realizado no projeto Artecriando. O programa busca proporcionar um espaço de formação, reflexão e de vivências para os jovens em situação de vulnerabilidade social, fortalecendo autoestima e autonomia para a formação política cidadã e humana, sobretudo, no que diz respeito ao artesanato e teatro, onde se construirão grupos de convivência em torno da arte.
De acordo com Susana, a evasão dos jovens em pouco tempo de aproveitamento das oficinas é algo que precisa ser trabalhado e melhorado. “Eles demonstram bastante interesse nas oficinas quando conhecem o trabalho, mas acabam ficando apenas dois ou três meses. Acredito que precisamos desenvolver uma pesquisa sobre as demandas desses jovens, traçando um perfil, para que assim, possamos redesenhar esse serviço de convivência para outro projeto. Queremos continuar com esse trabalho e dar algo a mais”, afirmou.
Foto: Lucas Schardong
O Coordenador da agência FGTAS/Sine de São Leopoldo, Jesus de Freitas, foi pela primeira vez na reunião e contou como foi apresentado ao ObservaSinos. “Eu recebi uma visita de alunos que, através de um projeto, me apresentaram o trabalho do observatório. Eu achei muito interessante a proposta e hoje eu quero conhecer mais e avaliar como as duas instituições podem trabalhar em conjunto”, relatou.
Jesus também contribui com o debate sobre a realidade de São Leopoldo, trazendo dados alarmantes em relação às vagas de trabalho. De acordo com ele, a conjuntura política do Brasil contribuiu para uma queda alta nas ofertas de emprego. De 2015 até março de 2016, a média se mantinha em 300 vagas de emprego por dia. Após esse período, o número chegou a cair para 10 ofertas de trabalho por dia e depois se estabilizou, começando a aumentar gradativamente. Manteve. Hoje, a agência FGTAS/Sine do munício trabalha com a média de 190 vagas de emprego por dia. Além disso, o coordenador explicitou outra preocupação. “O grande problema é a falta de qualificação daqueles que estão procurando emprego. O perfil exigido é de mínimo ensino médio e a maioria dos que nos procuram possuem apenas o ensino fundamental completo”, afirma.
A partir dos desafios encontrados, se propôs a continuidade dos encontros e a busca pela ampliação da rede de atores que fazem parte dos debates referentes a São Leopoldo.