O trabalho é uma das cinco grandes áreas orientadoras de reflexão e ação do Instituto Humanitas Unisinos - IHU. Como um programa do Instituto, o Observatório da Realidade e das Políticas Públicas do Vale do Rio dos Sinos - ObservaSinos também se pauta nesta orientação. Preocupado com a saúde e a segurança do trabalhador, o Observatório promoverá, juntamente com outras entidades, a 3ª Edição do Ciclo de Estudos de Saúde e Segurança no Trabalho do Vale do Rio dos Sinos.
A 3ª Edição do Ciclo de Estudos terá início na próxima segunda-feira, 27 de março, sendo direcionada, principalmente, para os trabalhadores do ramo metalúrgico que fazem parte das Comissões Internas de Prevenção de Acidente - CIPAs. Além disso, pesquisadores e outros trabalhadores que estejam envolvidos com saúde e segurança também fazem parte do público-alvo do Ciclo de Estudos.
O evento é realizado com a parceria do Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e região, da Confederação Nacional dos Metalúrgicos – CNM e do Centro de Referência da Saúde do Trabalhador Região do Vale do Rio dos Sinos e Canoas – CEREST. Além do aprofundamento sobre as realidades do trabalho, são analisadas as regulações garantidoras da saúde e da segurança do/a trabalhador/a. Soma-se a isso o desafio da construção do Mapa de Saúde e Segurança das empresas e dos municípios. O curso oferecerá certificação aos participantes como atividade de extensão.
Para a coordenadora do CEREST Canoas-Vale dos Sinos, Marta Boeck, o Ciclo de Estudos possibilita outro olhar sobre a saúde do trabalhador através do encontro de trabalhadores e membros de CIPA. “O Ciclo agrega a reflexão sobre o mundo do trabalho e a relação que as CIPAS podem ter com a interinstitucionalização, não só na área da segurança, mas também da saúde, educação e outros”.
Marta também revela a necessidade de compreender as dificuldades de gestão na segurança e na saúde do trabalhador e afirma que isso é decisivo para o sucesso de qualquer ação. Ela ressalta a participação do CEREST no Ciclo, já que o Centro tem o compromisso de ser um polo irradiador de processos e fazeres que contemplem a promoção, prevenção, assistência e recuperação da saúde dos trabalhadores. “Neste contexto o CEREST tem contribuído na medida em que agrega formas e práticas de intervenção no mundo do trabalho, e socializa estas práticas com os participantes, oportunizando processos de reflexão”, afirma.
Outro parceiro do evento, o Sindicato dos Trabalhadores Metalúrgicos de São Leopoldo e região, também trabalha com a ideia, não só de responsabilidade social, mas também de preocupação com a saúde do trabalhador. Conforme o metalúrgico e dirigente sindical Genilson Vargas da Rosa, o Ciclo de Estudos é importante para que se mude o caminho da segurança do trabalho no Vale dos Sinos e para que se firme uma cultura de prevenção e cuidado com a segurança e a saúde de todos os trabalhadores. “Com o trabalho que desenvolvemos através do Ciclo de Estudos, nós trazemos essa precaução do trabalhador para com eles mesmos. No momento que eles começarem a se preocupar com isso, se criará uma cultura de conscientização, melhorando a vida do trabalhador dentro das indústrias”, afirma.
O Ciclo tem como encaminhamento para os seus participantes a elaboração de projetos que possam favorecer a garantia da saúde e da segurança no trabalho. Um dos resultados das atividades propostas foi a realização do trabalho do metalúrgico, membro de CIPA e estudante de Direito da Unisinos, Lucas Fogaça. Trabalhador da empresa Taurus Armas e Acessórios, ele chegou ao Ciclo de Estudos através de um convite feito pelo Sindicato dos Metalúrgicos de São Leopoldo.
Após os estudos realizados no Ciclo e também buscando outras formas de conhecimento, ele elaborou um projeto de prevenção à saúde e segurança do trabalhador da sua empresa. “O trabalho que eu desenvolvi foi um projeto para prevenção. Após uma série de mudanças no layout da fábrica, avaliei que o impacto de altas temperaturas na saúde do trabalhador aumentaria dentro dos ambientes de trabalho durante o período do verão”.
Sobre o Ciclo de Estudos, Lucas afirma que a iniciativa é válida, pois o tema da segurança e saúde do trabalhador é muito complexo e precisa ser estudado e aprimorado cada vez mais. “A abordagem do Ciclo é muito boa, pois desenvolve a capacidade técnica e de conhecimento do trabalhador, algo fundamental para qualquer Cipeiro. Não é possível fazer um bom trabalho na CIPA sem saber legislação, sem saber os direitos e o que as pessoas que estudam os temas estão falando. O Cipeiro que quiser fazer um bom mandato de CIPA precisa estudar e o Ciclo abre a oportunidade de dar um conteúdo maior do que as empresas dão nos cursos de CIPA, por exemplo”.
Lucas também valorizou a troca de experiências com trabalhadores de outras empresas. “Outra coisa muito legal e que para mim foi muito importante é a conversa com pessoas de outras empresas. Tu começa a ter uma visão mais geral dos problemas e necessidades do tema segurança e saúde do trabalho, troca experiências, conhece as especificidades de outras empresas e aprende com as semelhanças e também com as diferenças. Isso torna uma experiência mais completa”.
Perguntado sobre a sua expectativa para o futuro enquanto estudante do assunto, Lucas respondeu: “Estudar a saúde e a segurança do trabalhador é algo que dá sentido à minha vida. Poder estudar e me focar nisso, em vários momentos da minha vida, é recompensador. Pretendo continuar focando nesse assunto e aliar isso com a minha graduação em Direito. Também espero que o Ciclo de Estudos continue, já que muita coisa precisa ser melhorada, e para que as coisas mudem nós temos que investir no trabalhador”.
Confira abaixo a programação da 3ª Edição do Ciclo de Estudos de Saúde e Segurança no Trabalho do Vale do Rio dos Sinos:
Programação
27 de março – Encontro presencial
- 8h30min – Abertura
- 9h – Concepções e realidades da Saúde e da Segurança no Trabalho no país, no estado e na região do Vale do Sinos
- 10h30min - Debate
- 11h - Intervalo
- 11h30min – Os Mapas de Risco e os Mapas da Saúde e da Segurança no trabalho como estratégias de aproximação e intervenção nas realidades
- 12h - Trabalho em Grupos
- 12h30 - Almoço
- 13h30min – Painel: Redes Munícipais das Políticas Públicas e de Atenção à Saúde
- 15h - Intervalo
- 15h15min – Legislações, regulações e serviços garantidores da Saúde e da Segurança das empresas e dos(as) trabalhadores(as)
- 15h45min - Debate
- 16h – Projetos para elaboração dos mapas de saúde e segurança das empresas e municípios pelos participantes do Ciclo
- 16h30 - Trabalho em grupos para a elaboração dos projetos e feitura da avaliação do encontro.
- 17h - Socialização dos resultados dos grupos
- 17h30min – Encerramento
10 de abril – Encontro presencial
Monitoramento do processo de sistematização dos mapas de saúde e segurança das empresas e dos municípios. (Horário a confirmar com os participantes do Ciclo)
18 de abril – Encontro presencial
- 14 às 16h – Roda de conversa dos trabalhadores com prof. José Dari Krein
- 17 às 19h - Conferência – Os desafios do trabalho no mundo contemporâneo – Prof. Dr. José Dari Krein
- 19 às 20h - Cerimônia de encerramento do Ciclo de Estudos e entrega de certificados