Falta a Michel Temer a irreverência de Paulo Maluf ao mentir

Foto: Diego DEAA /Wikimedia Commons

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12 Março 2018

Uma coisa é ser pouco republicano. Outra é nos chamar de otários, escreve Leonardo Sakamoto, jornalista e cientista social, em artigo publicado por seu blog, 11-03-2018.

Eis o artigo.

O pior não é Michel Temer visitar a presidente do Supremo Tribunal Federal, Cármen Lúcia, na casa dela, em um sábado, para tentar convencê-la de que a investigação que quebrou seu sigilo bancário a fim de verificar as suspeitas de que ele teria recebido propina para beneficiar empresas do setor portuário fere suas prerrogativas presidenciais.

A visita feita dessa forma é pouco transparente e um tanto quanto bizarra, ou seja, o padrão de comportamento da cúpula do governo federal neste momento de linchamento da democracia e das instituições pela qual passa o Brasil.

O que revolta é ele, na saída, tentar convencer os jornalistas que o esperavam de que os dois apenas trataram de segurança pública e da intervenção federal no Rio de Janeiro.

Não apenas isso: ele também negou que havia discutido a investigação que pode levá-lo a ser denunciado pela terceira vez pela Procuradoria-Geral da República com a ministra. Logo depois, fontes confirmavam aos jornalistas o tema do convescote.

Uma coisa é ser pouco republicano. Outra é nos chamar de otários.

A verdade é que falta a Michel Temer a irreverência e o desprendimento de Paulo Maluf.

Um dos grandes comunicadores da história do país, Maluf – preso desde o final do ano passado – também é um dos políticos mais corruptos de nossa história, o que para muitos eleitores de São Paulo que são seus fãs é um mero detalhe.

Não importa que aparecessem testemunhas, contas em paraísos fiscais, documentos estrangeiros, batom na cueca, foto de saque em caixa eletrônico fazendo sinal da vitória. Por anos, Maluf negou sua roubalheira com frequência, eloquência e, acima de tudo, muita cara de pau. Por vezes, em entrevistas, diante do ridículo e do insólito da situação, parecia rir junto dos repórteres.

Talvez resida aí a diferença: o presidente se leva a sério demais, quando poucos, muito poucos, pouquíssimos fazem isso.

Uma das melhores qualidades do ser humano é conseguir rir de si mesmo. Temer deveria experimentar. E nos fazer companhia.

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