Por: André | 01 Agosto 2016
“Gostaria de poder ficar um pouco perto de cada criança doente, ao lado da sua cama, abraçá-las uma a uma, escutar por um momento a cada um de vocês e juntos guardar silêncio diante das perguntas para as quais não existem respostas imediatas...”. Para Francisco é a jornada das emoções e da dor. Por causa da tragédia do Holocausto. Por causa dos pequenos crucificados de hoje, crianças e jovens gravemente doentes. A sexta-feira da paixão de Bergoglio o leva ao hospital infantil universitário de Prokocim. Como em Auschwitz, também aqui o Papa foi recebido pela primeira-ministra Beata Maria Szydlo.
A reportagem é de Andrea Tornielli e publicada por Vatican Insider, 29-07-2016. A tradução é de André Langer.
Em 1991, São João Paulo II visitou o mesmo hospital, e agora algumas relíquias do Pontífice polonês são conservadas em sua pequena igreja. O capelão, o padre Lucjan Szczepniak, recebeu há alguns anos o título de “samaritano da misericórdia”, por suas atividades com as crianças. No átrio, Francisco foi acolhido por 50 pequenos pacientes, acompanhados de seus pais.
Os meninos e as meninas estavam sentados em cadeiras de rodas. Muitos deles carregavam nos rostos os sinais inconfundíveis dos tratamentos contra o câncer.
Após saudar a primeira-ministra, o Papa tomou a palavra para dizer que “não podia faltar” durante a sua viagem a Cracóvia um encontro como este. Disse que seu desejo era poder ficar em silêncio, pelo menos por um momento, ao lado de cada um dos pequenos doentes, guardando silêncio “diante das perguntas para as quais não existem respostas imediatas. E rezar”.
O Papa recordou que muitas vezes Jesus se encontrou com os doentes, acolheu-os e foi ao seu encontro; via-os “como uma mãe olha para o filho que não está bem, sente vibrar dentro dela a compaixão”.
“Como gostaria – disse Francisco – que nós, como cristãos, fôssemos capazes de permanecer ao lado dos doentes à maneira de Jesus, com o silêncio, com uma carícia, com a oração. Infelizmente a nossa sociedade encontra-se poluída com a cultura do ‘descarte’, que é o contrário da cultura do acolhimento. E as vítimas da cultura do descarte são precisamente as pessoas mais fracas, mais frágeis; isto é uma crueldade. Diversamente, é bom ver que, neste hospital, os mais pequeninos e necessitados são acolhidos e cuidados. Obrigado por este sinal de amor que vocês nos oferecem! O sinal da verdadeira civilização, humana e cristã, é este: colocar no centro da atenção social e política as pessoas mais desfavorecidas.”
Bergoglio disse que, às vezes, as famílias se encontram sozinhas para tomar conta deles. “O que fazer? A partir deste lugar, onde se vê o amor concreto, gostaria de dizer: multipliquemos as obras da cultura do acolhimento, obras animadas pelo amor cristão, amor a Jesus crucificado, à carne de Cristo. Servir com amor e ternura as pessoas que precisam de ajuda faz-nos crescer, a todos, em humanidade; e abre-nos a passagem para a vida eterna: quem cumpre obras de misericórdia não tem medo da morte”.
“Desejo encorajar – concluiu o Papa – a todos aqueles que fizeram do convite evangélico a ‘visitar os doentes’ uma opção pessoal de vida: médicos, enfermeiros, todos os profissionais de saúde, assim como os capelães e os voluntários. Que o Senhor os ajude a bem realizar o seu trabalho, tanto neste como em qualquer outro hospital do mundo. E que Ele recompense vocês dando-lhes a serenidade interior e um coração sempre capaz de ternura.”
Bergoglio saudou um a um os pequenos que escutaram suas palavras, acariciou seus rostos e os abençoou. Uma menina presenteou o Papa com um desenho. Ao final, Francisco prosseguiu sua visita, de maneira privada, pelos corredores da seção de Emergência. Antes de abandonar o hospital, deteve-se na capela para rezar em silêncio diante do Santíssimo Sacramento.
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“Gostaria de ficar um pouco perto de cada criança doente e guardar silêncio” - Instituto Humanitas Unisinos - IHU