16 Junho 2016
Em uma impressionante reviravolta, o bispo de Xangai, Thaddeus Ma Daquin, retratou-se publicamente sobre sua decisão de abandonar a Associação Patriótica Católica Chinesa (APCC), com a qual havia dramaticamente rompido no dia da sua ordenação episcopal, em julho de 2012. Em um post em seu blog pessoal em 12 de junho, Bispo Ma elogiou essa mesma associação, uma entidade estatal que controla a vida da Igreja Católica na China desde o final dos anos 1950. A associação é menosprezada por muitos católicos da China, vários dos quais continuam a manter sua secreta lealdade a Roma. A Santa Sé não reconhece esta associação, como afirmou claramente Bento XVI em sua carta aos católicos da China continental, em 2007.
A reportagem é de Gerard O'Connell, publicada na revista America, 15-06-2016. A tradução é de Luísa Flores Somavilla.
A decisão repentina do bispo Ma de se retratar surpreendeu a comunidade de cerca de 12 milhões de católicos da China, conforme reportou a UCANews, a principal agência de notícias católicas da Ásia, em 14 de junho. O bispo está sob prisão domiciliar desde quatro anos atrás, no dia de sua ordenação como bispo pelo falecido Dom Aloysius Jin Luxian, na Catedral de Santo Inácio, em Xangai. Ele foi privado de qualquer ministério pastoral e impedido de tornar-se bispo de Xangai quando Dom Jin Luxian morreu, em abril de 2013.
Apesar desta punição, Bispo Ma até agora havia resistido firmemente à pressão ou à tentação de se retratar ou demonstrar publicamente seu arrependimento do ato de rebeldia. Sua recusa corajosa e pública transformou-o em uma figura heroica para os católicos chineses não somente no continente, mas também em outros lugares do mundo. Além disso, também serviu como um desafio constante para outros bispos que têm sido vistos como demasiadamente alinhados com as autoridades estatais.
O ato público de arrependimento civil por parte do bispo Ma no domingo passado é algo pelo qual a APCC e a Secretaria de Estado para Assuntos Religiosos em Xangai têm esperado há muito tempo. A associação havia sido responsabilizada por Pequim pelo ato de rebeldia do bispo e sofreu um grande constrangimento por permitir que o Bispo se dissociasse publicamente da APCC.
De acordo com a UCANews, ele surpreendeu os católicos chineses em seu popular blog pessoal ao parecer reverter sua posição sobre a APCC: "Por um certo tempo, fui enganado por outros e disse algumas palavras e tive algumas atitudes erradas sobre a APCC", escreveu Bispo Ma em seu blog.
Muitas perguntas estão sendo feitas dentro e fora da China sobre o que fez com que ele se retratasse, mas ainda há poucas respostas. Uma fonte disse à América que, embora o estilo de escrita seja a sua, uma parte do texto é "um tanto rude" e bastante diferente dele.
Sua retratação pública parece ser apenas um primeiro passo, mas o próximo não está nada claro no momento. O aparente repúdio à posição anterior de bispo Ma vem, além disso, em um momento em que Pequim e Roma estão envolvidas no que parece ser um diálogo construtivo com vistas a um acordo. Não há evidências de que a Santa Sé tenha tido um papel significativo nesta decisão dramática do bispo mais conhecido da China em matéria de resistência. Uma coisa é certa: a história não termina aqui.
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Bispo Ma, de Xangai, protagoniza reversão surpresa no Grupo 'Oficial' da Igreja - Instituto Humanitas Unisinos - IHU