Por: Jonas | 01 Junho 2016
Ontem, durante o encerramento do VI Congresso de Scholas Ocurrentes, anunciou-se que no próximo dia 10 de julho, pela primeira vez, ocorrerá na Argentina, na cidade de La Plata, a Partida pela Paz, em coincidência com o Bicentenário, algo que foi interpretado como um “gesto” do Papa ao macrismo. Ao mesmo tempo, no marco do mesmo evento, o ministro da Educação, Esteban Bullrich, reuniu-se dez minutos a sós com o Papa, segundo soube La Nación.
A reportagem é de Elisabetta Piqué, publicada por La Nación, 30-05-2016. A tradução é do Cepat.
Discreto, Bullrich, que conhece o Papa desde seus tempos de arcebispo em Buenos Aires – quando ainda era ministro da Educação do governo da cidade -, também havia participado do Congresso anterior de Scholas, que aconteceu no Vaticano, em fevereiro passado. Bullrich sempre teve uma relação pessoal muito boa com Jorge Bergoglio. Ele mesmo revelou, recentemente, que o então arcebispo o ajudou muito a superar um momento muito difícil: o da enfermidade de uma de suas filhas, de 7 anos. Então, não surpreendeu que ontem tenha cumprimentado o Papa e mantido com ele uma conversa de ao menos dez minutos, em uma das salas próximas da Aula Nova do Sínodo.
“É preciso aproveitar ao máximo o fato de termos um papa argentino, algo que às vezes, por diferentes motivos, não fazemos”, disse o ministro, que destacou “o gesto” do Pontífice ao escolher a capital bonaerense como sede para a Partida pela Paz, em declarações a Télam.
A mesma satisfação expressou, de Buenos Aires, o chefe de Gabinete, Marcos Peña: “É uma grande alegria poder apoiar o projeto Scholas Ocurrentes pela marca que o próprio Papa Francisco lhe deu como ferramenta de difusão dos valores da paz, a inclusão, o respeito à diversidade e o encontro entre os jovens de todo o mundo”, apontou.
Em um comunicado, o governo da província de Buenos Aires informou que a partida será “totalmente beneficente e a arrecadação destinada à Fundação Scholas”. E o ministro de Governo bonaerense, Federico Salvai, presente no Vaticano, disse que estava “muito agradecido a Sua Santidade por ter escolhido” o país, e em especial a província de Buenos Aires, “para ser a sede deste grande acontecimento”. Em uma outra tentativa de aproximação do governo a Francisco, durante o evento de encerramento do Congresso, Alfredo Abriani, subsecretário de Culto, recordou diante do Papa que se tornou realidade um decreto para a implementação da lei Scholas na Argentina, assinado por Mauricio Macri, que implementa Scholas em âmbito nacional.
Por sua vez, o subsecretário da Juventude da Nação, Pedro Robledo, assegurou que, durante um encontro que teve, ontem, com o Papa Francisco, este lhe afirmou que “não acredita” que o país viva “um clima como o de 55”, após o golpe militar, como havia afirmado a presidente das Mães da Praça de Maio, Hebe de Bonafini. Os gestos de abrandamento entre o Governo e o Papa se deram após o clima de tensão que havia sido gerado entre o Vaticano e a Casa Rosada, em razão da reunião de Bonafini com Francisco.
O encerramento do Congresso de Scholas contou com a surpreendente presença de George Clooney, Richard Gere e Salma Hayek, que receberam a “Medalha da Oliveira” por seu compromisso na difusão de uma mensagem contra a guerra e o terrorismo, e em favor do cuidado da casa comum. Estas duas problemáticas estiveram no centro das reflexões de 23 estudantes do ensino médio de todos os continentes, durante a cúpula. Nesta, houve diversos seminários liderados por José María del Corral e Enrique Palmeyro, que estão à frente da fundação pontifícia que trabalha para a inclusão através da educação, a arte e o esporte.
Doze youtubers dos cinco continentes, que participaram do congresso, no ato de encerramento, fizeram duas perguntas a Francisco: “Desde que se tornou Papa, já pensou em se retirar por ser muita responsabilidade?”, foi a primeira. “Não me passou fazer isto pela responsabilidade. Mas, por natureza sou inconsciente, assim vou em frente”, respondeu, com humor. A outra pergunta foi mais difícil: “Como construir um mundo melhor?”. E o Papa destacou a importância de erradicar a crueldade e do diálogo.
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Houve sinais de abrandamento entre o Papa e o Governo argentino - Instituto Humanitas Unisinos - IHU