25 Mai 2016
O retorno das relações de amizade entre a Santa Sé e a Universidade Islâmica de al-Azhar, selado pelo encontro cordial entre o Papa Francisco e o imã Ahmed al-Tayyib, "poderá dar um novo vigor aos processos de colaboração e integração que as lideranças cristãs e muçulmanas egípcias já alimentam em tantas situações locais, na vivência cotidiana". Essa é a esperança que o patriarca copta católico Ibrahim Isaac Sidrak confidencia à Agência Fides, comentando o encontro realizado nessa segunda-feira no Vaticano entre o Papa Bergoglio e o grande imã da mais renomada instituição teológica e cultural do Islã sunita.
A reportagem é da Agência Fides, 24-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
A suspensão das relações entre a Santa Sé e a al-Azhar remonta a 2011, depois do atentado à catedral copta ortodoxa de de Alexandria. realizado na noite de Ano Novo. Naquela ocasião, o Papa Bento XVI recordou as responsabilidades das autoridades locais na defesa dos cristãos. A essas palavras reagiram muito mal não apenas os responsáveis da al-Azhar, mas também expoentes do Patriarcado Copta Ortodoxo.
Aquele, lembra o Patriarca Ibrahim Isaac, "foi um momento difícil que iniciou a partir de um mal-entendido sobre as palavras do Papa Bento XVI, que, talvez, em alguns, era intencional. Mas o importante é ter retomado o caminho certo. Agora, é preciso esperar com paciência que os processos amadureçam. A al-Azhar é influente e pode exercer um papel positivo no Islã sunita. Mas não faltam dificuldades, resistências, divisões, diante do repensamento do 'discurso religioso' pedido por muitos e também pelo presidente al-Sisi. Algumas pessoas percebem como uma ameaça e um ataque ao Islã todo juízo e toda opinião expressada com liberdade, no legítimo pluralismo. Nós devemos respeitar esse caminho interior do mundo islâmico, favorecendo-o com paciência e delicadeza, encorajando os nossos irmãos muçulmanos, também como Igreja local, favorecendo a colaboração na vida social, diante dos problemas concretos, sem nos limitarmos ao debate sobre as questões estritamente religiosas".
Entre os sinais de esperança, o patriarca copta católico cita as iniciativas conjuntas de imãs e sacerdotes inspiradas pela "Casa da Família Egípcia" – o organismo de ligação inter-religioso criado anos atrás pela al-Azhar e pelo patriarca copta ortodoxo como instrumento para prevenir e mitigar as contraposições sectárias – e também o documento programático, assinado no dia 9 de maio pelo grande imã e pelo patriarca copta ortodoxo Tawadros II, em que fica delineado o seu compromisso comum para lutar juntos contra toda forma de violência e de abuso de menores.
No documento conjunto, preparado com o patrocínio da Unicef, estudiosos ligados à universidade islâmica e à comunidade copta contribuíram para delinear a proteção dos menores como prioridade comum, citando também, entre as formas de violência a serem combatidas, as mutilações genitais e o fenômeno dos casamentos precoces.
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Encontro entre o papa e al-Tayyib é um "novo começo", afirma patriarca copta católico - Instituto Humanitas Unisinos - IHU