24 Mai 2016
Sobre a importância do encontro entre o Papa Francisco e o Grande Imã de al-Azhar, no marco do diálogo entre a Igreja Católica e o Islã, Fabio Colagrande entrevistou a teóloga islâmica iraniana Shahrzad Houshmand, professora de estudos islâmicos da Pontifícia Universidade Gregoriana e de língua e literatura persas da Universidade de Roma "La Sapienza", e o padre Andrea Pacini, professor de teologia das religiões da Faculdade Teológica da Itália Setentrional e consultor da Comissão para as Relações Religiosas com os Muçulmanos do Pontifício Conselho para o Diálogo Inter-Religioso.
A reportagem é do sítio da Radio Vaticana, 23-05-2016. A tradução é de Moisés Sbardelotto.
"Quero voltar a outro Francisco – disse a professora Houshmand –, São Francisco de Assis, que, em um momento difícil da história, dirigiu-se ao Egito para conversar com grandes místicos. Eu vejo um momento histórico também neste outro encontro entre o Francisco do nosso tempo e um imã que representa uma figura muito importante para quase um bilhão de muçulmanos no mundo, que aceitou a acolhida, a misericórdia e um convite paterno de um figura religiosa, autêntica, como o Papa Francisco. Ele veio a Roma para falar da paz, para construir e para ajudar os próprios muçulmanos a rever, reformular e descartar o que não pertence à cultura pacífica do Alcorão, a um Deus que é nomeado no início de cada capítulo: 'Em nome de Deus, plenitude de amor e misericórdia'. Então, é um momento de grande esperança para milhões de muçulmanos e também para os cristãos que sofrem naquelas terras. Eu ainda gostaria de especificar que aqueles que hoje sofrem mais do que todos são verdadeiramente os muçulmanos, tanto na África quanto no Oriente Médio. Esperamos que esse encontro fraterno traga frutos para os corações sedentos de paz."
Padre Andrea Pacini, o seu comentário sobre a importância desse encontro.
"Certamente é um encontro muito significativo. Al-Tayyib – como o máximo responsável de uma instituição não só religiosa, mas também cultural, universitária – poderá realmente desempenhar um papel fundamental para redefinir o diálogo entre Islã e cultura, entre os tantos Islãs existentes dentro da grande fé islâmica, ou seja, tantas correntes que muitas vezes não puderam viver, mesmo na época mais recente, um diálogo fecundo entre eles. Como uma instituição cultural como a al-Azhar também tem a possibilidade de influenciar positivamente toda uma série de articulações de ensino, não só universitário, mas também superior, isso pode significar que se consiga realmente incidir para que uma interpretação renovada do Islã com a modernidade – aberta ao diálogo com as outras fés – possa não permanecer apenas como apanágio de poucos centros especializados, mas, realmente, tornar-se matéria de ensino e de processos educacionais dentro do mundo muçulmano, mas não só."
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Encontro entre o papa e o Grande Imã de al-Azhar: o comentário dos teólogos - Instituto Humanitas Unisinos - IHU