09 Mai 2016
“Meu nome é Sadiq Khan e eu sou prefeito de Londres!” Essa exclamação banal, desprovida do mais mínimo caráter político, adquiriu tom de manifesto no sábado. A notícia de que um muçulmano fora eleito prefeito da capital britânica correu mundo, e as redes sociais dedicaram à notícia o seu quinhão de chistes sem graça (um tuíte mostrou a rainha Elizabeth II com um lenço Hermès e a legenda “Vejam, já começou, a rainha teve de usar véu”). Khan derrotou adversários que abusaram do recurso ao racismo e à islamofobia (a foto em que o representante do xenófobo Ukip lhe dá as costas numa solenidade fala por si). Assim como a eleição de Barack Obama para a presidência dos EUA em 2008, o triunfo de Sadiq Khan é marcante num tempo em que identidades voltaram a ser convertidas (muitas vezes, à força) em condição de vida ou morte.
O comentário é de Luiz Antônio Araujo, jornalista, publicado por Zero Hora, 09-05-2016.
Oito anos de administração Obama serão lembrados pela mais brutal concentração de renda da história recente de seu país, pelos bombardeios da Líbia e da Síria e pelo recurso ao assassinato por drones. Deveriam servir de advertência sobre os limites da política identitária. Recém-eleito, Khan mostrou que continuará a ter lugar na ala mais oportunista do trabalhismo inglês: distanciou-se do líder Jeremy Corbyn (“Não vencemos eleições simplesmente falando aos que já votam nos trabalhistas”) e afirmou que o partido precisa ser uma “grande barraca” se quiser vencer as eleições de 2020.
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O Khan de Londres - Instituto Humanitas Unisinos - IHU